Olá, amigos! Apesar dos meus esforços, não consigo ser imparcial. Estou escrevendo sobre um livro que marcou minha infância, minha vida. É claro que já li dezenas de livros de que gostei, mas esse tem um espacinho no meu peito que é só dele, um pedacinho do mundo onde mora a criança que ainda existe em mim, e eu acho que o Samba mora lá também. Espero do fundo do coração que gostem.
![]() |
Essa capa é a edição de 1994, se não me engano. |
Título: O Cachorrinho Samba
Autora: Maria José Dupré
Editora: Ática
Ano de publicação (original): 1949
Total de páginas: 112
“O Cachorrinho Samba” foi o meu livro de infância. Não foi o primeiro que li na vida porque me lembro de outros livros com gravuras antes disso, mas ele foi o primeiro a me deixar apaixonada. Li-o na 2ª série, nos idos do ano de 1996, porque meu irmão trouxe da biblioteca da escola dele e achou que eu pudesse gostar. Não só li como gostei e quis ler de novo, mas meu irmão tinha que devolver, porém depois peguei emprestado na biblioteca da minha escola porque por algum motivo que nem sei bem ao certo, quis ler de novo.
O livro é narrado em terceira pessoa e os capítulos são em sua maioria breves, sucintos, possuindo uma linguagem muito prazerosa para a criança, pois dialoga com ela e a envolve no enredo que se inicia quando o filhote Samba chega à casa de seus donos e ganha esse nome porque o samba fazia muito sucesso nas rádios, cabendo lembrar ao leitor também que o livro foi publicado pela primeira vez em 1949, era em que o rádio vivia sua Era de Ouro aqui no Brasil.
Samba é como qualquer outro filhote: a princípio chora muito de saudades da mamãe, dos possíveis irmãozinhos, mas logo se apega a cada membro da família, distinguindo-os por conta do apurado faro. É aquela criança que um dia você foi: curiosa, cheia de vontade de explorar o mundo e todas as suas possibilidades, cujo coraçãozinho se preenchia de emoção a cada descoberta nova.
Whisky era o outro cachorro da casa, grandão e meio rabugento, além de fujão. Simbolizava a rebeldia, o oposto de Samba, que apesar de gostar muito do companheiro, discordava das atitudes dele. Whisky lembra aquele adolescente inconformado, destemido e desprovido da noção do perigo, sem medir as consequências de suas atitudes. Nem aquela briga feia com um cachorro policial intimidou o amigo do nosso protagonista.
O adolescente genioso de quatro patas vai para uma fazenda viver a liberdade que tanto prezava, enquanto Samba cresce obediente, amável, querido por todos os membros da família. Tudo muda, no entanto, quando num belo dia, Sambinha encontra o portão aberto e decide dar uma voltinha porque sua vida parece parada demais, sem grandes novidades, não pretendia ir tão longe assim. Que mal poderia lhe acontecer?
Entretanto, o pior acontece. Samba se perde de casa, não lembra o caminho e não sabe voltar. Nessa altura da história, ele sente na pele a dura vida de um cachorro de rua. Passa frio, fome, solidão, é maltratado por pessoas que parecem desconhecer que os animais também têm alma e sentem dor.
Sambinha vai parar em um estábulo onde conhece uma vaca e um cavalo que se tornam seus amigos e protegem-no, porém um dia é preso por um menino chamado Ângelo, vendedor de jornais, de uma família muito simples, e o animalzinho fica amarrado nos pés da mesa da cozinha.
Numa noite um ladrão entra na casa e o valente cachorrinho o enfrenta, para a surpresa de todos, defende os seus atuais donos mesmo sentindo falta da sua verdadeira família. Então, é quando ele foge para voltar para casa sendo apanhado pela carrocinha, onde conhece mais cães e suas histórias tristes.
Para quem perdeu a sensibilidade, com certeza não vê graça nesse livro, mas quando você, mesmo adulto, ainda se sente tocado por imaginar os sentimentos dos animais presos, se emociona com as histórias, porque se eles falassem, acredito que expressariam mais ainda o amor e a fidelidade que sentem por suas famílias, por aqueles que amam.
No final do livro, Samba volta para casa sendo recebido por todos com muito carinho. Para quem prestou bastante atenção, a Vovó conta aos netinhos sobre a história do Hachiko, o nosso amado Hachi, outro cachorro muito especial, por isso confesso que a primeira vez que chorei lendo um livro foi com O Cachorrinho Samba.
É uma magia inexplicável que me faz ser criança de novo. É sério. Mesmo que eu já saiba de tudo o que vai acontecer, é uma emoção única fingir que não sei e ler com muito amor. Não me esqueço de citar também as ilustrações que são bem bonitas. Eu li também O Cachorrinho Samba na Fazenda e mesmo adulta não tenho preconceito algum, leio livros infantis caso sejam bons. Não sei se as crianças de hoje em dia conhecem, pois se não, gostaria que conhecessem. Espero que futuramente os meus filhinhos tenham a oportunidade de conhecer o mundo sob os olhos do amável Samba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Muito obrigada pela visita ao OCDM, espero que você tenha gostado do conteúdo e ele tenha sido útil, agradável, edificante, inspirador. Obrigada por compartilhar comigo o que de mais precioso você poderia me oferecer: seu tempo. Um forte abraço. Volte sempre, pois as páginas deste caderno estão abertas para te receber. ♥