Mary Recomenda | Flamengo é puro amor - José Lins do Rego ❤️🖤

Alô, alô, torcida do Flamengo — aquele abraço. 🎵

Hoje o Mary Recomenda entra em campo de uniforme completo, microfone em punho, e coração acelerado feito Maracanã lotado aos 45 do segundo tempo.


Não é todo dia que o nosso Flamengo faz 130 anos, e não é sempre que a gente tem a chance de revisitar um livro que carrega tanto da alma rubro-negra quanto Flamengo é Puro Amor, do imortal José Lins do Rego.

Aqui quem fala é uma leitora rubro-negra assumida. Não sou isenta. E nem quero ser. Quando um time carrega mais de 40 milhões no peito, a neutralidade arruma as malas e vai embora.

Mas, antes de tudo:

👉 este texto não é pra ofender torcidas

👉 não é pra alimentar violência

👉 é só amor.

E, convenhamos, o Brasil já tá hostil demais pra gente transformar futebol em guerra.


O que esse livro faz?


Ele te pega pela mão, não com delicadeza, mas com aquele puxão de arquibancada, e te leva para dentro do futebol brasileiro entre 1945 e 1957.

Não é apenas o Flamengo em campo.

É o Brasil entre Dutra e Juscelino.

É um país em transformação.

É a crônica antes da era Pelé.

É o torcedor descobrindo que o futebol não é jogo: é identidade.

José Lins do Rego não escrevia sobre futebol.

Ele escrevia sobre o que o futebol faz com a gente.


E, se você for flamenguista, sabe exatamente do que estou falando.


📜 Contexto histórico


Antes do Maracanã virar templo, o Flamengo jogava ali, bem mais perto da alma do bairro: o Estádio da Rua Paysandu, a famosa Gávea, palco rubro-negro entre 1938 e 1950.

Era futebol de cheiro de grama molhada, arquibancada pequena, rádio chiando no fundo e bandeirinha teimoso.

O Campeonato Carioca, já existente desde 1906, era a grande competição da época.

Nada de Brasileirão (que só surgiria em 1959).

O “nacional” era a rivalidade local elevada à enésima potência — Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo.

Clássicos que não envelhecem. Só mudam de cenário.

As crônicas reunidas em Flamengo é Puro Amor foram escritas entre 1945 e 1957, anos de reconstrução do Brasil após o Estado Novo, passando por Eurico Gaspar Dutra e entrando na era JK.

🟥⬛ Quem foi Biguá?

Moacir Cordeiro, o Biguá, lateral-direito e meio-campo, ídolo rubro-negro dos anos 40. Dos pés dele saíram parte do tricampeonato de 42-43-44, título que moldou o Flamengo moderno.

José Lins escrevia Biguá como quem escreve um poema: um jogador que tinha raça, fibra, coragem, qualidades que ele considerava “a alma do Flamengo”.

🐸 A lenda do sapo enterrado em São Januário

Essa é deliciosa demais para não citar.

Reza a história que, após o Vasco perder feio pro Andarahy em 1937, Arubinha — jogador do time derrotado — teria enterrado um sapo no gramado de São Januário, amaldiçoando o Cruzmaltino por 12 anos.

O campo foi revirado inúmeras vezes.

O sapo? Nunca acharam.

Coincidência ou não, o Vasco passou exatos 12 anos sem título relevante, até levantar o Carioca em 1945.

José Lins adorava essas histórias, não pelo deboche, mas porque compreendia que futebol também é superstição, memória e folclore. Essa mesma lenda também pode ser encontrada no livro Futebol ao som e a sombra,do brilhante Eduardo Galeano, outra leitura que vale muito a pena.

📘 O livro em si

José Lins do Rego amava o Flamengo como quem ama um filho que dá trabalho.

Chorava, praguejava, escrevia contra cartolas, denunciava má gestão e, curiosamente, nada disso soa datado.

Dói admitir, mas algumas críticas dele caberiam perfeitamente nos jornais de hoje.

O ponto forte?

👉 O sentimento.

Ele captura o torcedor como um antropólogo da emoção.

Sabe aquele Rubro-Negro que xinga, mas não abandona? É ele.

O ponto fraco?

👉 Se você não liga pra futebol, talvez ache repetitivo.

Mas quem ama… entende.

🌟 Impressões pessoais

Ler esse livro foi como ouvir um jogo pelo rádio numa tarde cinzenta de domingo, com a cozinha cheirando a almoço e o coração pendurado no placar.

Me vi, muitas vezes, dentro das palavras dele. Senti a paixão, a raiva, a euforia, a frustração. E, ao mesmo tempo, senti o Brasil passando, um Brasil que eu não vivi, mas reconheço nos ecos.

Porque o Flamengo, para além do futebol, é parte da cultura nacional.

José Lins escreve como quem sabe: quando o Flamengo ganha, o dia fica mais leve; quando perde, até o feijão queima.

🎯 Conclusão

“Flamengo é Puro Amor” é leitura obrigatória para quem veste o manto rubro-negro.

Não apenas um livro, mas um documento emocional de um tempo em que futebol era puro instinto — e pura poesia.

É impossível terminar sem sentir orgulho de ser Flamengo e não agradecer José Lins do Rego por ter registrado, com a própria vida, o que milhões de nós sentimos até hoje.

Flamengo é amor, sim. E é também memória, política, alegria, raiva, identidade, o Brasil que pulsa no peito de cada torcedor.

Por isso que essa resenha em edição extraordinária celebra não só o livro, mas a história de um clube que, há 130 anos, move montanhas e multidões.

🎙️ Aqui falou Mary Luz, direto dos Cadernos de Marisol, com carinho rubro-negro.


Referências 

CR FLAMENGO. Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/CR_Flamengo. 

CAMPEONATO CARIOCA DE FUTEBOL. Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca_de_Futebol. 

CAMPEONATO CARIOCA. Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca.

BIGUÁ (futebolista). Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bigu%C3%A1_%28futebolista%29.

NASSIF, João. A lenda do sapo enterrado. 4oito. Disponível em: https://www.4oito.com.br/blog/joao-nassif/post/a-lenda-do-sapo-enterrado-4450.

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