Mary Recomenda | Especial Dia da Consciência Negra

 

No Dia da Consciência Negra, a literatura se torna uma ponte: não para falar por alguém, e sim para ouvir, respeitar e aprender com quem viveu e vive realidades que o Brasil insiste em apagar.

Nesta edição especial do Mary Recomenda, a equipe do OCDM preparou uma lista de obras indispensáveis para quem deseja ampliar o olhar, desenvolver empatia e compreender melhor camadas profundas da nossa história, identidade e desigualdade.



📘 1. Torto Arado — Itamar Vieira Junior

Uma das obras mais importantes do século XXI no Brasil.

Itamar constrói uma narrativa que mistura encantamento, espiritualidade afro-brasileira, trabalho rural, ancestralidade, violência estrutural e sobrevivência.

É um livro que abre portas e feridas para mostrar como a estrutura escravocrata nunca foi realmente desfeita.

É duro, poético, urgente.


📗 2. O Avesso da Pele — Jeferson Tenório

Um pai negro narra sua vida, sua dor e suas esperanças enquanto observa a infância do filho em um país onde o racismo define oportunidades, trajetórias e até destinos.

Tenório não romantiza nada, escreve com profundidade, amor, tristeza e lucidez. É impossível sair o mesmo após ler.


📙 3. Olhos D’Água — Conceição Evaristo

São contos que perfuram. Conceição escreve como quem puxa o fio da memória de um país inteiro.

Suas personagens, principalmente mulheres negras, carregam dores e resistências que a literatura brasileira demorou demais para enxergar.

Um livro curto. Mas não leve.


📘 4. Becos da Memória — Conceição Evaristo

Se Olhos D’Água é um golpe, Becos da Memória é uma sutura aberta. A favela narrada pela autora é viva, contraditória, amorosa, dura. É o tipo de livro que mostra que toda vida é uma história — e que muitas histórias nunca foram contadas. Estou lendo no momento.


📕 5. Um defeito de cor — Ana Maria Gonçalves

Um épico. Com H maiúsculo.

A jornada de Kehinde atravessa Brasil, África, escravidão, política, maternidade e resistência. É um livro gigante no número de páginas e na importância histórica.


📘 6. Quarto de Despejo — Carolina Maria de Jesus

Diários de uma mulher negra, pobre, favelada, escritora poderosa que o Brasil tentou silenciar.

Não tem ficção aqui. Tem realidade. É um livro que nos coloca exatamente onde não queremos olhar.

📚 7. Lugar de fala - Djamila Ribeiro

Esquecer de mencionar uma obra da Djamila Ribeiro seria uma gafe imperdoável. Nada como abrir a mente com uma leitura que muito nos ensina que não basta não ser racista, é preciso ser antirracista e 

📚 8. O sol é para todos — Harper Lee 

Um dos principais clássicos da literatura mundial. O sol é para todos ganhou o Prêmio Pulitzer em 1961 e deu origem a um filme homônimo, vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado, em 1962. Lançado pela primeira vez em 1960, até hoje vende mais de um milhão de cópias anualmente em língua inglesa. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça. 

📚 9. Americanah  Chimamanda Ngozi Adichie 

Principal autora nigeriana de sua geração e uma das mais destacadas da cena literária internacional, Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Bem-humorado, sagaz e implacável, Americanah é, além de seu romance mais arrebatador, um épico contemporâneo.

⭐ Menção Honrosa

A cor púrpura — Alice Walker

Essa obra-prima da premiada escritora Alice Walker conta a história de Celie, uma mulher negra que vive no Sul rural dos Estados Unidos, durante o período de segregação racial. 

Sei que não tenho lugar de fala nessas narrativas e justamente por isso leio com respeito, escuta e humildade. A literatura nunca substitui a experiência de ninguém, mas pode abrir portas, quebrar certezas e ensinar a ver o outro com mais humanidade.

Que este 20 de novembro nos lembre de que aprender também é um ato de amor.


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