Hoje a indicação é de um livro curto no tamanho, mas enorme no impacto. Um daqueles que a gente lê em poucas horas, mas que fica ecoando na cabeça, como se Clarice tivesse soprado perguntas que não querem calar.
Meu primeiro contato com Clarice Lispector foi com Felicidade Clandestina, que, inclusive, aparece em vestibulares.
Sempre fiquei esperando amadurecer o suficiente para ler e ser capaz de entender e destrinchar os pormenores poéticos das obras dela, mas aguardar esse momento perfeito que arrisca nunca chegar me cansou e eu decidi ler como uma criança que devora palavras com prazer e sem medo.
Não prometo uma análise rebuscada e acadêmica, somente indicar o livro para quem se interessar por ele.
📖 Ficha Técnica
Título: A Hora da Estrela
Autora: Clarice Lispector
Publicação: 1977 (póstumo)
Páginas: 87 (aprox., dependendo da edição)
✨ Por que ler este livro?
Porque mesmo sendo curto, é daqueles que ficam reverberando por muito tempo depois da leitura. Clarice não entrega só uma história, mas uma reflexão sobre a existência, sobre invisibilidade social e sobre o próprio ato de narrar.
🌱 A trama
A protagonista é Macabéa, uma datilógrafa nordestina que vive no Rio de Janeiro. Ingênua, pobre, mal paga e invisível para todos, ela leva uma vida aparentemente banal. No entanto, é nesse cotidiano mínimo que Clarice constrói uma denúncia poderosa sobre desigualdade, solidão e brutalidade.
A narrativa é conduzida por Rodrigo S.M., um narrador-escritor que não só conta a história como também questiona a si, à literatura e até ao leitor. Esse recurso cria um clima de metalinguagem, tornando o livro muito mais do que um simples enredo — é também sobre o ofício de escrever.
É um livro de ironias sutis, de pausas que dizem tanto quanto as palavras, e de um final arrebatador que justifica o título: a estrela de Macabéa só brilha no instante mais inesperado — e mais cruel.
💔 O impacto
Macabéa é constantemente ignorada, até por quem deveria acolhê-la. Seu namorado Olímpico é grosseiro, suas colegas de quarto a desprezam, a sociedade a empurra para as margens. Clarice dá a ela voz, um instante de brilho, ao mesmo tempo, em que lança luz sobre a violência simbólica da sociedade, que mata antes mesmo da morte física. É um chamado à sensibilidade, um lembrete de que cada vida tem valor, mesmo quando o mundo insiste em ignorar.
Um livro rápido de ler, mas que deixa cicatrizes literárias. Clarice Lispector consegue transformar a vida aparentemente insignificante de Macabéa em um espelho cruel da realidade brasileira — e em pura literatura.
💫 Nota: 5/5
É uma obra-prima curta, essencial para quem gosta de livros que unem emoção, filosofia e crítica social.
O Mary Recomenda de hoje fica por aqui, mas já já estou de volta com mais leituras que me atravessaram e podem atravessar você também. Até a próxima sexta-feira, às 18h! 📚💖

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