Desabrochar

 

Tenho um baita orgulho de ter escrito essa frase.

O desajuste das estações, os desencaixes do tempo, um vazio complexo para escolher uma única palavra para defini-lo. 
Um vazio nunca é oco de possibilidades. Subjetividade rasa e inebriante. A exclamação de indefinição, para ser mais exata, visto que iniciar um novo parágrafo soa mais pertinente que prolongar a verborragia com eufemismos redundantes. 
A liberdade é a alquimia inquietante do significado que nunca se limita ao concreto e palpável, ela só implora que a deixam voar, não é uma artista repleta de exigências e chiliques, sua simplicidade é grandiosa, o próprio espetáculo em si. 
Cultivo com amor as minhas memórias, entretanto, não tenho poder de reescrever o que me transformou. O aprendizado precisa deixar suas marcas, algumas se satisfazem por continuarem anônimas, outras estão tatuadas no agir. 
Consciente de que a combustão da existência é o próprio amor, desejo que as adversidades nunca ceifem a minha capacidade de confiar, porque embora trombe com o inevitável e receba o meu coração machucado, amo o amor
Estrela que nunca perco de vista na janela, mais doce que o brilho de um olhar apaixonado e sempre sedento de paixão. 
As estrelas cobrem o meu suspirar, são o brilho dos olhos do infinito. 
O compositor da canção do silêncio toca o coração através da presença inesgotável, sem sequer padecer ao toque, uma certeza reconfortante para quem dorme só, guardando os sonhos debaixo do travesseiro, renovando as forças para o amanhã, a impressão de ter feito quase o mesmo ainda ontem.
Um esboço esfumaçado de sol, para quem não tem nenhum, serve de inspiração, porque sempre falta um bocado de coragem, a rotina trata de matar a originalidade, a incompreensão brinca com a paciência num jogo sádico de palavras afiadas ou do próprio silêncio constrangedor, tantos sinônimos e nenhum resolve a charada. 
Sou nada mais do que uma mochileira solitária procurando um canto seguro para passar a noite. Uma criança sem amparo. 
A melancolia doce no meu olhar é charme até você perceber que minha tristeza é profunda demais para ser mórbida. Tons sutis de cinismo e dignidade, cores que se casam e foram híbridos interessantes. 
Sorrir é o preço mais alto a pagar sem nunca ser inadimplente de amor. Porque é o que falta. Acreditar que a vida justifica ser e estar. Em algum lugar. Ser o próprio ancoradouro. O par de braços a acenar e jamais se cruzar. Ser a doçura num mundo ausente de gosto. 
Alguns chamam de isso de utopia, não sei como nomear. 
Não existe insignia de recompensa para quem sobrevive de retalhos. Minha alma é um remendo dessa busca incessante por um pouco de paz.

Curitiba, 22 de janeiro de 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigada pela visita ao OCDM, espero que você tenha gostado do conteúdo e ele tenha sido útil, agradável, edificante, inspirador. Obrigada por compartilhar comigo o que de mais precioso você poderia me oferecer: seu tempo. Um forte abraço. Volte sempre, pois as páginas deste caderno estão abertas para te receber. ♥

Mary Recomenda | Querida Kitty - Anne Frank

  Hoje é sexta-feira e nada como sextar acompanhando o Mary Recomenda. Na edição de hoje, nossa convidada especial é Anne Frank e sua Queri...