A melancolia não está na vista dos prédios cinzentos que traduzem a
síntese de uma selva de pedra, salientando a angústia de um coração que
desconhece o paradeiro de quem serve de inspiração para todas essas reflexões.
Ela se revela na ausência. No ininteligível que vem depois dela.
Os pés não sentiram o chão no sentido mais profundo da expressão,
olheiras ilustram as noites longas e sem consolo, a apatia é meu abrigo nestes
tempos de total invisibilidade. Versos de canções de longas datas conhecidas
verbalizam com mais habilidade o que a garganta fechada não consegue trazer até
a superfície.
Ainda dói. Porque não depende e nunca dependeu de mim. Superar me parece
tão fora da realidade, tão ingrato. Recomeçar de novo, conhecer outras pessoas,
apesar de saber que daqui a um ano eu encontre este texto e me veja vivendo uma
realidade diferente, não faz sentido.
Da glória ao pó, o percurso traçado pela Fênix não difere disso, embora
os desafios sejam proporcionais à evolução. O casulo se torna pequeno demais
quando o anseio de buscar as respostas na natureza é grande, muito maior do que
as limitações, as fronteiras e os medos. Posso viver só e me entender com minha
esquisitice e não me ressinto por passar mais um dia dos namorados sem ter um
amor para chamar de meu, um amor que não precise ser codificado para manter-se
em segredo e ao mesmo tempo mostrar ao mundo que existe alguém com quem eu
gostaria de estar.
Um ano se passou desde o dia que seria preferível esquecer... porque
embora eu me refaça com a indulgência do tempo e da própria vida, nunca mais
serei a mesma. Insisto que começar de novo ainda é uma tarefa um tanto quanto
assustadora. Penso que esse alguém que ainda amo foi a melhor pessoa que eu já
conheci, que nunca haverá ninguém à altura, que mereça meus sentimentos, meus
versos, o espaço que ocupou (e ainda ocupa) no meu coração.
Era por ela que eu queria ser melhor, porque eu queria ser o bastante
para ela. Agora não me interesso em ser boa para ninguém, simplesmente porque
ninguém me interessa. Todas as pessoas parecem tão iguais, tão clichês, tão
cansativas.
Uma parte de mim, uma parte importante, diga-se de passagem, gostaria
que aquele dia que já fez aniversário não passasse de uma mentira, um sonho
ruim, para nesse despertar eu ter aquele punhado de esperança que me mantinha
de pé quando o mundo tentava roubar a minha fé porque agora, caída nesse
desânimo quase sepulcral, já não há mais nada que possa ser roubado de mim.
Terminei de ler com um "Uau!" 🤍
ResponderExcluirObrigada, amiga! Tenha uma semana alegre e abençoada!
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