Arquivo Malacubaca | A televisão que lia pensamentos (2020)

 


Por Marisol de Moura

26 de agosto de 2000

Eu sempre gostei de ir com o meu pai até a emissora, principalmente quando ele estava no ar com o boletim do tempo. Às vezes, passava o dia inteiro por lá e, quando não estava com ele, ficava acompanhando os jornalistas ou ouvindo histórias engraçadas. A Noviça, por exemplo, sempre tinha alguma coisa inusitada para contar. Foi ela quem me apresentou à Jaqueline, a filha dela, que também andava por lá de vez em quando. 

Uma vez, depois de um dia de gravação, a Jaque me levou ao fliperama para conversar, e foi lá que ela me contou uma história tão doida, mas tão engraçada, que eu não consegui parar de rir. Ela falou sobre a televisão da mãe dela, que tinha um chip japonês que lia pensamentos! 

Eu sei, parece coisa de filme, mas a Jacky falou sério. Disse que a mãe dela cobria a TV com um pano à noite, porque achava que os asiáticos poderiam ver tudo o que acontecia na casa e até ouvir o que ela pensava.

Quando contei essa história para a Fabiana e para a Duda, elas se divertiram tanto, que comecei a pensar que seria uma boa ideia escrever sobre isso. Fui tão inspirada por aquelas risadas que, no dia seguinte, peguei meu caderninho e comecei a escrever uma história sobre duas irmãs que ficam presas dentro de uma televisão. Elas começam a viver dentro de todos os canais e, no final, conseguem se salvar. Tudo isso, claro, por causa da tal TV que “lê pensamentos”. 

Não sei por que, mas me deu uma sensação boa escrever sobre isso, como se, de alguma forma, fosse a minha própria aventura também.

Esse medo de ser esquecida

Nota da autora: Nem todo texto escrito em primeira pessoa é autobiográfico. Às vezes, é apenas uma tentativa de dar voz a sentimentos que muitas pessoas já sentiram — ou que eu observei no mundo ao meu redor. Esse é um desses casos. 



E esse medo de ser esquecida...

Não posso mentir não ter esse medo.

A cama parece espaçosa demais para mim.

Lençóis amarrotados e cobertores pesados são o que há de mais próximo e familiar.

O vento cortante me machuca mais aqui dentro do que lá fora, onde a chuva cai lenta e constantemente.

Os dias têm sido tristes noites há tanto tempo que já parei de contar no calendário, nesse intervalo meio indefinido que os faróis da sabedoria não conseguem iluminar.

Nenhuma mensagem nova.

Ninguém à minha procura.

E eu continuo aqui, com esse medo mudo de desaparecer da memória de quem um dia me jurou eternidade.

30 de abril | Dia do Ferroviário



O Dia do Ferroviário é celebrado em 30 de abril em homenagem à data de inauguração da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Mauá, em 1854, idealizada pelo visionário Barão de Mauá. Com apenas 14,5 km de extensão, ela ligava o Porto de Mauá à Raiz da Serra (atual Magé, no Rio de Janeiro).

Por que essa data é tão importante?

As ferrovias foram fundamentais para o desenvolvimento econômico e urbano do país, principalmente no transporte de café, algodão e minério.

Durante décadas, trens foram o principal meio de transporte coletivo de passageiros e cargas.

O profissional ferroviário se tornou símbolo de progresso, disciplina e compromisso.

O que restou das ferrovias no Brasil

Infelizmente, boa parte da malha ferroviária foi desativada ou está subutilizada. Ainda assim, há movimentos por sua revitalização, tanto por questões econômicas quanto sustentáveis — trens poluem menos e desafogam rodovias.

Curiosidade histórica

Na década de 1950, o Brasil chegou a ter mais de 38 mil quilômetros de trilhos. Hoje, temos cerca de 30 mil, com muito do potencial ainda por explorar.

 
“Cada trilho conta uma história. Cada estação, um encontro. Cada ferroviário, um herói anônimo do progresso.”

Referência (ABNT):
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Dia do Ferroviário: 30 de abril. Disponível em: https://www.gov.br/infraestrutura. Acesso em: abr. 2025.

30 de abril | Dia Internacional do Jazz


Desde 2011, o Dia Internacional do Jazz é comemorado em 30 de abril por iniciativa da UNESCO, com o objetivo de promover a paz, o diálogo e o respeito pelos direitos humanos por meio da música.

Jazz: quando a música improvisa liberdade

O jazz nasceu no final do século XIX em Nova Orleans, nos Estados Unidos, a partir de uma rica fusão de influências africanas, europeias e indígenas. Ele foi muito mais do que um estilo musical: representou uma forma de resistência cultural para comunidades marginalizadas, especialmente a população negra americana.

O que faz do jazz tão especial?

  • A improvisação é a alma do jazz: cada apresentação é única.
  • É um dos poucos estilos musicais onde o erro vira arte e liberdade.
  • Suas letras e histórias frequentemente falam de dor, amor, injustiça e superação.

Jazz no Brasil?

Sim! Temos um jazz brasileiro riquíssimo. Artistas como Moacir Santos, Hermeto Pascoal, Flora Purim e Egberto Gismonti fizeram (e fazem) história internacionalmente. E o gênero ainda influencia diretamente a bossa nova, o samba-jazz e outras vertentes.

> "Onde há jazz, há alma, e onde há alma, há encontro."

Referência (ABNT):

UNESCO. Dia Internacional do Jazz. Disponível em: https://www.unesco.org/en/days/jazz. Acesso em: abr. 2025.

30 de abril | Dia Internacional do Cão-guia

 

Mulher e seu cão-guia (Imagem gerada por IA)

Você sabia que anualmente, na última quarta-feira do mês de abril, é comemorado o Dia Internacional do Cão-Guia?

30 de abril | Dia Nacional da Mulher

Dia Nacional da Mulher | 30 de Abril

Muito além de flores: um dia para refletir, reconhecer e agir

No Brasil, além do conhecido 8 de março, temos também o Dia Nacional da Mulher, celebrado em 30 de abril, uma data oficial instituída pela Lei nº 6.791/1980. Ela foi escolhida para homenagear Jerônima Mesquita, uma das maiores líderes feministas brasileiras, nascida neste dia. Jerônima atuou na fundação do Movimento Bandeirante e lutou pelo direito ao voto feminino e por melhores condições de vida para as mulheres.

Embora essa data ainda não tenha tanta visibilidade como o Dia Internacional da Mulher, ela é essencial para destacar as especificidades da luta feminina no contexto brasileiro, como o enfrentamento ao feminicídio, à desigualdade salarial e à baixa representatividade política.

Você sabia?

No Brasil, mulheres ganham, em média, 22% menos que homens, mesmo exercendo funções semelhantes (IBGE, 2023).

A cada 7 horas, uma mulher é vítima de feminicídio no país (Fórum Brasileiro de Segurança Pública).

Mulheres ainda enfrentam dupla ou tripla jornada: trabalho formal, tarefas domésticas e cuidado com filhos ou familiares.


Como marcar essa data?

Apoie negócios liderados por mulheres.

Valorize vozes femininas nas artes, na ciência, na tecnologia.

Reflita sobre atitudes cotidianas e incentive a equidade.


> “Mulheres não precisam de um pedestal. Precisam de respeito, escuta, espaço e segurança.”



> Referência (ABNT):
BRASIL. Lei nº 6.791, de 9 de junho de 1980. Institui o Dia Nacional da Mulher. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 10 jun. 1980.

O preço de escrever com a alma



Apagando, escrevendo, apagando de novo.

Um monte de ideias e colocações embaralhadas. Um pouco de sol entre nuvens lá fora, e aqui dentro, uma inquietação silenciosa entre ser verdadeiramente quem se é — independentemente das críticas — ou se sufocar mais um pouco, como em tantos outros momentos da vida. 

Talvez seja isso que aconteça quando se abre o coração: o hábito de guardar tudo, dos sentimentos bons aos ruins, começa a se desfazer. E ao dividir um fragmento de dor, percebe-se que ela ecoa em outras pessoas — umas sentem, outras ignoram. E isso faz parte.

A escrita, no fundo, é um ato solitário. Nunca foi sobre aplausos ou seguidores, e sim sobre ter companhia nas próprias ideias. Nunca pareceu crível imaginar fãs, até porque nunca houve pretensão de ser exemplo para ninguém. Escreve-se por necessidade, por vontade de criar um mundo mais leve, um cantinho especial onde a realidade doa um pouco menos.

Ser chamada de escritora ainda soa como algo grande demais. Um título que parece pressupor uma maturidade que talvez ainda esteja sendo construída, uma responsabilidade artística que exige mais do que se pode dar agora. E mesmo assim, continua-se. Com a certeza de que nem todos vão gostar, de que o caminho é longo, de que há muito a aprender — e de que a excelência ainda está distante, mas não fora de alcance.

Se pudesse escolher um legado, seria o de contar histórias que acolham, emocionem, divirtam. Às vezes bate o medo de perder a imaginação, de não ter mais nada de bom a oferecer. Mas enquanto houver alma, haverá palavras. E com elas, o desejo de seguir criando.

Curitiba, 31 de janeiro de 2015.

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