Por Marisol de Moura
Eu sempre gostei de ir com o meu pai até a emissora, principalmente quando ele estava no ar com o boletim do tempo. Às vezes, passava o dia inteiro por lá e, quando não estava com ele, ficava acompanhando os jornalistas ou ouvindo histórias engraçadas. A Noviça, por exemplo, sempre tinha alguma coisa inusitada para contar. Foi ela quem me apresentou à Jaqueline, a filha dela, que também andava por lá de vez em quando.
Uma vez, depois de um dia de gravação, a Jaque me levou ao fliperama para conversar, e foi lá que ela me contou uma história tão doida, mas tão engraçada, que eu não consegui parar de rir. Ela falou sobre a televisão da mãe dela, que tinha um chip japonês que lia pensamentos!
Eu sei, parece coisa de filme, mas a Jacky falou sério. Disse que a mãe dela cobria a TV com um pano à noite, porque achava que os asiáticos poderiam ver tudo o que acontecia na casa e até ouvir o que ela pensava.
Quando contei essa história para a Fabiana e para a Duda, elas se divertiram tanto, que comecei a pensar que seria uma boa ideia escrever sobre isso. Fui tão inspirada por aquelas risadas que, no dia seguinte, peguei meu caderninho e comecei a escrever uma história sobre duas irmãs que ficam presas dentro de uma televisão. Elas começam a viver dentro de todos os canais e, no final, conseguem se salvar. Tudo isso, claro, por causa da tal TV que “lê pensamentos”.
Não sei por que, mas me deu uma sensação boa escrever sobre isso, como se, de alguma forma, fosse a minha própria aventura também.
As meninas riram também. Mas à noite…
… a TV começou a brilhar diferente. Um brilho branco meio azul. Um brilho de mágica.
E quando perceberam…
PUF!
A única que percebeu foi a gatinha da casa, Doroteia.
A avó entendeu. Ela fechou os olhos e lembrou do dia que Lívia nasceu. E depois do dia que Malu nasceu.
Ela lembrou do cheirinho de neném, das risadas, dos choros. E chorou.
Pensou nelas com todo o coração.
A TV piscou. Estalou. Fez um barulhinho que parecia um suspiro.
Fim.
(Pra Duda, esse foi meu melhor conto até agora. A Hanna disse que é bobagem, mas ela nem sabe o que é ser criança com imaginação.)
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