6 de abril | Dia Internacional da Assexualidade 💜🤍🖤



Neste domingo, 6 de abril, o OCDM dedica espaço para a visibilidade assexual. Esta data foi criada para promover a conscientização sobre as identidades que fazem parte desta comunidade, visando desmitificar preconceitos, estigmas e visões distorcidas sobre a comunidade ace. 💜🤍🖤

🖤 O que significa ser assexual?

A assexualidade é uma orientação sexual caracterizada pela ausência de atração sexual por outras pessoas, ou por experienciá-la de maneira limitada ou específica, como as pessoas demissexuais ou gray-assexuais. Isso não significa que as pessoas ace não valorizem relacionamentos ou intimidade; pelo contrário, muitas têm conexões profundas baseadas em outros aspectos da vida afetiva, como companheirismo, amizade e confiança.
Conheça as cores que representam a bandeira do movimento assexual:

  • Preto: Representa as pessoas assexuais, destacando a identidade e a visibilidade da orientação.
  • Cinza: Simboliza os gray-assexuais e demissexuais, marcando as experiências que estão entre a assexualidade e a alossexualidade.
  • Branco: Representa os aliados e as pessoas dentro do espectro que valorizam a diversidade e a inclusão.
  • Roxo: Destaca a comunidade e a conexão entre as pessoas ace, celebrando a união e a força coletiva.

Para ajudar você a compreender um pouquinho do universo assexual, nossa equipe conversou com Rubão, o nosso Rei dos Domingos na Malacubaca, assexual assumido. Confira o depoimento exclusivo dele:

Oi, meu nome é Rubão, e hoje estou aqui para contar minha história. Isso a Malacubaca não mostra. Desde cedo, percebi que não sentia atração sexual por outras pessoas, sejam homens ou mulheres. Isso não significa que sou contra o sexo ou algo assim. Na verdade, nunca foi nada que ocupasse um lugar central na minha vida. Eu encontro felicidade nas conexões emocionais, intelectuais e na simplicidade de viver minha verdade. 
Claro, nem sempre foi fácil. Já me chamaram de “enrustido”, já sugeriram que eu precisava de terapia ou até que era “anormal”. É difícil enfrentar a enxurrada de desinformação que existe, mas sigo firme, porque sei que a assexualidade é quem sou, não uma escolha ou algo que deva ser curado. Não tem nada a ver com trauma, religião ou dificuldade de me relacionar, é simplesmente como vivo e me sinto completo. 
Sou feliz sozinho, mas isso não quer dizer que estou fechado para o amor ou relacionamentos. Caso eles aconteçam, serão baseados em confiança e amizade, sem que o sexo seja o pilar que sustente tudo. Minha vida é feita de muitos outros pilares incríveis, e não sinto necessidade de provar nada a ninguém.

Rubão ilustrou muito bem um dos estigmas frequentes associados aos assexuais, que geram desinformação e preconceitos. É importante destacar que a assexualidade não está relacionada a traumas, dificuldades emocionais ou crenças religiosas conservadoras. É uma parte natural da diversidade humana, assim como outras orientações sexuais. Para as pessoas assexuais, sexo simplesmente não é o foco central de suas vidas ou interesses, e isso é tão válido quanto qualquer outra experiência.

Bastidores do SDV 2018–2019 (Reprodução/Electronic Arts/Arquivo pessoal da Mary)

💚 Demissexualidade



A demissexualidade é uma orientação dentro do espectro assexual, caracterizada pela ausência de atração sexual até que um vínculo emocional profundo seja estabelecido com outra pessoa. Para indivíduos demissexuais, essa conexão emocional é essencial para a atração sexual poder surgir, diferenciando-a de outras experiências comuns de atração.
Pipa, 26 anos, mestranda em Psicologia e Sexualidade Humana, identifica-se como demissexual. Ela preferiu usar um pseudônimo para partilhar suas vivências, destacando tanto seus desafios quanto suas descobertas pessoais. Além de viver sua própria jornada, Pipa pesquisa sobre o tema em seus estudos acadêmicos e busca promover mais compreensão sobre a demissexualidade.
Escolhi usar um pseudônimo para compartilhar minha experiência como demissexual. Como estudante de Psicologia, eu sempre gostei de explorar as diferentes facetas da sexualidade humana, mas a minha própria jornada foi algo que demorou um tempo para fazer sentido. 
Desde adolescente, eu percebia que a maneira como as pessoas falavam de atração sexual não fazia sentido para mim. Enquanto colegas tinham 'crushes' e paixões, eu não sentia essa conexão, a menos que fosse alguém com quem eu já tinha uma relação emocional muito forte. Foi só durante a faculdade que entendi o que era ser demissexual e pude, finalmente, nomear essa parte de mim. 
Infelizmente, nem todos compreendem o que significa ser demissexual. Há quem pense que estou sendo seletiva demais, que é algo relacionado a valores religiosos ou, pior, que sou apenas 'fria'. Esses mitos não só invalidam minha experiência, mas também alimentam preconceitos que dificultam que outras pessoas demissexuais se sintam acolhidas. É por isso que falar sobre isso e estudar o tema é tão importante para mim.


A psicóloga reitera que a demissexualidade é uma orientação que faz parte do espectro assexual e que se baseia em uma característica fundamental: a atração sexual só surge quando há uma conexão emocional prévia e significativa. Essa experiência é única e legítima, mas muitas vezes mal compreendida devido à falta de educação sobre o tema.
Ainda de acordo com ela, uma das maiores barreiras que as pessoas demissexuais enfrentam é o julgamento alheio. “Quando profissionais de saúde mental não têm um entendimento adequado sobre a diversidade sexual, a falta de acolhimento pode reforçar estigmas e prejudicar o bem-estar do paciente”afirma.
Por isso, é essencial que profissionais da área se atualizem sobre a diversidade do espectro sexual e ofereçam uma abordagem acolhedora e livre de julgamentos. Uma prática empática não somente valida as experiências dos pacientes, bem como também cria um espaço seguro para que eles possam se expressar e compreender suas próprias identidades.

“O conhecimento é uma ferramenta poderosa”enfatiza Pipa. “Ele abre portas para que possamos acolher a pluralidade humana com respeito e sensibilidade.”

🤍🖤Gray-assexualidade

A gray-sexualidade, ou gray-assexualidade, é uma orientação dentro do espectro assexual, caracterizada por uma atração sexual experimentada de maneira rara, ocasional ou em circunstâncias muito específicas. Muitas pessoas gray-sexuais descrevem sua experiência como algo que está “entre” a assexualidade e a alossexualidade (pessoas que sentem atração sexual de forma mais comum ou frequente).
Ana, 29 anos, professora e escritora, identifica-se como gray-sexual e também realiza pesquisas acadêmicas sobre identidades no espectro assexual. Como militante da comunidade assexual, gosta de compartilhar suas reflexões pessoais para ajudar outras pessoas a compreenderem o que significa ser gray-sexual.

Desde que comecei a escrever, sempre senti a necessidade de contar histórias que trouxessem representatividade, principalmente porque, por muito tempo, não consegui me ver nas narrativas que consumia. Descobri minha gray-sexualidade aos poucos, durante conversas e reflexões sobre minha própria experiência. Hoje, sei que minha atração sexual ocorre de maneira muito rara e circunstancial, o que me ajudou a me identificar como gray-sexual.

Estou trabalhando em um romance onde um dos personagens principais é gray-sexual. Quero explorar como isso influencia as dinâmicas dele com o mundo ao redor: seus relacionamentos, as expectativas da sociedade e as lutas pessoais para encontrar aceitação. Meu objetivo é que leitores que se identifiquem possam finalmente se enxergar nas páginas de um livro. Representatividade é poderosa. Ela valida quem somos e ajuda a construir um mundo mais empático.

Para Ana, a gray-sexualidade é uma experiência única e legítima que não precisa ser “provada” para ninguém. Ela ressalta que muitos mitos cercam essa orientação, como a ideia equivocada de que pessoas gray-sexuais estão “confusas” ou “indecisas”. Nas palavras dela, “a falta de informação faz com que as pessoas invalidem algo que é muito real para quem vive isso”.
A gray-sexualidade é um lembrete importante de como a sexualidade humana é ampla e diversa. Ana enfatiza que o papel de profissionais de saúde mental, educadores e a sociedade na totalidade é acolher essa pluralidade com empatia e respeito. “A representação e o entendimento das identidades no espectro assexual são fundamentais para que ninguém se sinta invisível”, afirma Ana.


A importância da representatividade assexual nas artes e na mídia


A inclusão de personagens assexuais
, gray-sexuais e outras identidades no espectro em obras de arte e entretenimento é fundamental para desafiar estigmas e ampliar o entendimento sobre a diversidade humana. Representações empáticas e bem construídas podem fazer com que pessoas que vivem essas experiências se sintam vistas e compreendidas, além de educar o público.
Infelizmente, muitas vezes a mídia perpetua mitos sobre a sexualidade, como associar a assexualidade à repressão, disfunção ou solidão. Por isso, histórias como as que Ana está escrevendo têm um papel relevante: normalizar essas identidades e mostrar que existem muitas formas de viver e experienciar a sexualidade. Quando autores, roteiristas e criadores trazem perspectivas autênticas, eles ajudam a criar narrativas que enriquecem não só a arte, mas também a sociedade.


💚 Assexualidade e Orientação Romântica


Uma pessoa assexual pode se identificar com diferentes orientações românticas. Enquanto a assexualidade está relacionada à ausência (ou presença rara e específica) de atração sexual, a orientação romântica é sobre quem você sente atração afetiva ou romântica.

  • Uma pessoa assexual pode ser héterorromântica, sentindo atração romântica por pessoas de outro gênero.
  • Pode também ser birromântica ou panromântica, atraída por dois ou mais gêneros ou por qualquer gênero, respectivamente.
  • Ou ainda arromântica, caso não sinta atração romântica por outras pessoas.
É importante lembrar que cada pessoa vive sua orientação de forma única. Ser assexual e ter uma orientação romântica não são excludentes, e compreender essa diferenciação ajuda a enriquecer a conversa sobre diversidade humana.
Alguns me chamam de Ollie, mas meu nome mesmo não importa muito. Não é sobre quem eu sou, mas sobre como eu vivo e sinto. Eu sou arromântico, o que significa que não experimento atração romântica. Isso não tem nada a ver com aversão a relacionamentos ou traumas do passado, tampouco com uma visão rígida sobre qualquer gênero. Eu amo profundamente, só que de outras formas: através de amizades, família, e das conexões que cultivo na minha vida. 
Por muito tempo, as pessoas ao meu redor não entendiam. Acharam que eu estava me escondendo, que eu tinha medo de me apaixonar ou que 'não tinha encontrado a pessoa certa'. Mas ser arromântico não é sobre falta, é sobre viver relações intensas e verdadeiras, sem que o romance seja o núcleo delas. É assim que minha vida faz sentido.


💜🤍🖤 Semelhanças e diferenças entre assexuais, arromânticos, demissexuais e gray-sexuais

O espectro assexual engloba diversas vivências e identidades que compartilham a característica de desafiar as normas convencionais sobre atração sexual e romântica. Aqui estão algumas semelhanças e diferenças que podem ajudar a compreender melhor essas orientações:

Semelhanças:

  • Validação e diversidade: Todas essas identidades são igualmente válidas e refletem a diversidade da experiência humana.
  • Quebra de mitos: Frequentemente, essas orientações enfrentam mitos e estigmas, como suposições de que são resultado de traumas ou problemas emocionais, o que não é verdade.
  • Desconexão com padrões normativos: Todas desafiam a ideia de que atração sexual ou romântica deve ser vivida de uma forma "padrão".
  • Conexões fortes em outros aspectos: Muitas vezes, essas identidades valorizam laços emocionais, intelectuais ou platônicos que vão além do contexto sexual ou romântico.

Diferenças:

  • Assexualidade: Foca na ausência de atração sexual por outras pessoas. Pessoas assexuais podem ou não buscar relacionamentos afetivos ou platônicos.
  • Arromanticidade: Relaciona-se à ausência de atração romântica. Uma pessoa arromântica pode estabelecer vínculos profundos sem envolvimento romântico, e isso não exclui relações sexuais (para quem não é ace).
  • Demissexualidade: Dentro do espectro assexual, demissexuais só sentem atração sexual após formar um vínculo emocional significativo com outra pessoa.
  • Gray-sexualidade: Também parte do espectro assexual, gray-sexuais experienciam atração sexual de forma rara, ocasional ou circunstancial, situando-se "entre" a assexualidade e a alossexualidade.


💜🤍🖤 Interseccionalidade e vivências únicas 

As experiências dentro do espectro assexual e arromântico não são universais, elas podem variar muito dependendo de fatores como gênero, cultura, religião ou contexto social. Por exemplo, uma pessoa arromântica pode viver desafios diferentes dependendo das expectativas culturais em relação ao romance, enquanto uma pessoa assexual pode encontrar barreiras relacionadas a normas de gênero ou até mesmo pressões familiares. Reconhecer essa interseccionalidade é fundamental para acolher todas as nuances dessas vivências e entender que não existe uma única forma de ser ace ou aro.
Desinformação é uma das maiores barreiras enfrentadas por pessoas no espectro. Comentários como "você só não encontrou a pessoa certa" ou "isso é uma fase" minimizam suas experiências e reforçam preconceitos. No entanto, a informação correta pode transformar essas narrativas, promovendo empatia e inclusão. Quando entendemos as diferentes formas de viver e sentir, reconhecemos que há uma pluralidade legítima e rica na maneira como as pessoas se conectam umas com as outras.


💜🤍🖤 Será que posso ser assexual?


Essa é uma pergunta comum e legítima, especialmente para quem está se descobrindo ou aprendendo sobre assexualidade. A assexualidade é uma orientação sexual caracterizada pela ausência de atração sexual por outras pessoas. No entanto, como toda orientação, ela é pessoal e pode se manifestar de maneiras únicas.
Se você está se perguntando se pode ser assexual, aqui estão alguns pontos que podem ajudar:


  • Entenda o que é atração sexual: Para muitas pessoas assexuais, a atração sexual simplesmente não faz parte de suas experiências. Isso não significa que elas não valorizem relacionamentos ou intimidade, mas o sexo pode não ser algo que as motive.
  • Explore o espectro assexual: A assexualidade é diversa, e dentro do espectro existem variações, como a demissexualidade (atração sexual apenas após vínculo emocional) ou a gray-sexualidade (atração sexual rara ou circunstancial).
  • Respeite seu ritmo: Não existe uma "resposta rápida" para se definir. Muitas pessoas levam anos para entender completamente sua orientação, e isso é normal.

É importante também saber o que a assexualidade não é:

  • Não está relacionada a traumas ou experiências passadas.
  • Não é sobre falta de interesse em relacionamentos ou proximidade emocional.
  • Não é uma escolha ou fase; é parte da diversidade natural da sexualidade humana.

Por fim, o autoconhecimento é um processo individual. Ler sobre assexualidade, conversar com pessoas ace (se possível) ou procurar recursos, como grupos de apoio ou materiais educativos, pode ser uma ótima forma de entender melhor suas experiências.


🤍 Recursos e apoio para as vivências ace e aro 

Educar-se e buscar apoio são passos essenciais para construir uma sociedade mais acolhedora. Organizações como a AVEN (Asexual Visibility and Education Network) oferecem informações valiosas e suporte para pessoas do espectro assexual. Além disso, conteúdos como livros, séries e filmes que trazem representatividade ace e aro ajudam a humanizar essas identidades e criam espaços de visibilidade.
No espectro LGBTQIA+, o A representa duas importantes identidades: assexuais e arromânticos. Ele também pode incluir aliados, pessoas que apoiam ativamente a causa LGBTQIA+. No entanto, vale ressaltar que assexuais e arromânticos têm suas próprias vivências e histórias que merecem visibilidade dentro da sigla. O A reforça a diversidade e a pluralidade de experiências e orientações, celebrando as muitas formas de viver e amar.

O mundo é vasto o suficiente para acolher todas as formas de existir e se conectar. Cada identidade é válida e digna de respeito.


A diversidade é uma das maiores riquezas da humanidade, e o espectro assexual e arromântico é prova disso. Cada vivência, desde Rubão, Pipa, Ana e Ollie, até tantas outras, revela que não existe uma única maneira de se conectar, de amar ou de viver. O importante é reconhecer e respeitar essas experiências, valorizando o que nos torna únicos. Ao promover informação, empatia e inclusão, damos mais um passo para construir um mundo onde todas as identidades possam ser vistas, aceitas e celebradas.

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