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Félix e Tita (Arquivo pessoal da Mary) |
Existem barreiras invisíveis que ninguém vê, mas todos sentem.
Na última sexta-feira (25), foi o Dia Internacional de Conscientização sobre a Alienação Parental. Celebramos a luta por mais justiça, bem como a necessidade de ouvir as crianças, entender seus silêncios e abraçar seus corações quebrados que, muitas vezes, são confundidos pelos adultos ao redor. Tita, nossa pequena heroína, cresceu com uma dor difícil de explicar, muito além de não entender por que seu pai não estava lá quando ela mais precisava.
“Eu só queria que ele me explicasse. Mas ela falava tantas coisas contra ele, e eu... eu ficava perdida. Eu não sabia mais o que acreditar.”
— Tita, aos 8 anos
Tita não entendia. O pai, antes tão amigo e protetor, aquele que a buscava toda sexta-feira de tardinha para passar os fins de semana e fazer dela a princesa da mochilinha azul, levando-a para passear no parque, ao cinema, ao teatro de bonecos, que a deixava ouvir as músicas de que gostava no rádio do carro, que a deixava livre para… ser criança… bem, ele encontrou uma namorada e tudo mudou quando eles se casaram. Brincar, perguntar, sorrir, cantar, imaginar, tudo virou subversão.
Meire tinha plena consciência disso e vingou o próprio orgulho ferido ao induzir a filha a pensar ter sido abandonada. O que ela sabia era o que sua mãe dizia: que o pai não se importava. Que o pai a havia abandonado. Mesmo tão pequena, Tita sentia que algo estava errado.
Ela se perguntava: “Se ele não me ama, por que ele me liga? Por que ele me manda presentes? Por que ele me diz que tem saudade?”
Não tinha resposta. Nenhuma explicação. Somente uma saudade misturada com raiva. Sabe, crescer com essa confusão dentro do peito era dolorido demais. O amor incondicional tentando sobreviver às manipulações de Meire, o ódio por ter de acreditar nela. Não sabia em quem confiar, os instintos talvez não fossem tão assertivos, a verdade doía, ser deixada para trás, ainda mais.
Ela cresceu com essa confusão dentro do peito: o amor do pai, que ela sentia, e o ódio que sua mãe dizia ser real. E Tita não entendia. Ela não sabia em quem confiar. Nem ela mesma.
“Não sou um cabo de guerra”
Em Simplesmente Tita, a protagonista é uma criança que cresce imersa nessa confusão. O pai, Félix, ainda é uma lembrança distante, mas um amor constante. Ela o ama, mas ele está ausente. Não é somente sobre abandono; diz respeito à manipulação de uma mãe que, inconscientemente ou não, faz a filha crescer com um coração partido e uma mente cheia de incertezas.
Essa dor vai crescendo com ela, transformando-se em uma desconfiança profunda, que vai para muito além da relação com seu pai — ela se torna desconfiada das pessoas ao seu redor, desconfiada do que é verdade.
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