Às vezes falta coragem para mudar. Um simples gesto. Uma palavra qualquer, desde que não destrua a alma. Muitos proferem maldições sem se darem conta. Lamentável. Deprimente. Inaceitável.
Sinto vontade de chorar e a suprimo o quanto posso, até onde é possível. Não escondo a dor sorrindo, mas também não escancaro o sofrimento.
No silêncio de minhas punições, sou a rigorosa juíza que imperdoavelmente me julgo culpada de todas as acusações, sem álibi, sem testemunhas a meu favor.
Chegou mais um dia. Outro dia. Comum. Nublado. Sem perspectivas de novos tempos. As mesmas palavras se reciclam, acreditando que ainda poderão me convencer de não romper com o passado, mas é preciso.
Chegou o dia em que não me contento com as velhas mentiras que por muito tempo acalmaram minha latente rebeldia, meu desejo de procurar a felicidade onde quer que ela esteja, ainda que já tenha ouvido que ela mora dentro de mim, mesmo não se manifestando diariamente.
Chegou o dia de crescer. Cedo ou tarde fica evidente que não se pode interferir no ciclo da vida, dos tradicionais desígnios que continuarão existindo, quer eu goste ou não.
Chegou o dia de me confrontar com meus maiores temores e defeitos. Ninguém poderá me salvar de mim mesma, daquela inimiga que diante do espelho revela todas as verdades que calo para manter a sanidade.
Ou enfrento a realidade, ou serei engolida pelo mar das desilusões, amanhecendo na penumbra dos desesperados, o lugar que certamente não mereço estar.
Curitiba, 18 de junho de 2011