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Mascote da RPN veste o manto rubro-negro (Reprodução: criação pessoal da Mary) |
Edu Meirelles não conseguiu conter a emoção e desabou em prantos assim que o árbitro encerrou a partida.
— Caraca, quando o Flamengo foi para uma final de Libertadores, eu era só um moleque... Não acredito que minhas filhas terão a chance de ver isso... — disse ele, ainda tomado pela emoção.
— Pensei que você estivesse chorando porque ia sair zerado hoje, rapá... — brincou Rubão, enquanto abraçava o amigo. Logo depois, ele passou a bola para os comentaristas, que começaram a organizar uma mesa-redonda. O foco, claro, seria analisar cada detalhe do jogo e destacar a festa que prometia tomar conta de Santiago, com o brasileiro representando o país na final.
Edu limpou as lágrimas, mas continuava visivelmente emocionado.
— Sabia que contra o River seria difícil, mas flamenguista é flamenguista nas horas boas e ruins. Nada paga o preço dessa emoção, é única... Nem caiu minha ficha... Não acredito que vi isso acontecendo. Todo mundo sabe que eu não sou flamenguista de ocasião, que torço até nas marés mais baixas, mas hoje... a emoção foi grande demais. Ainda bem que meu coração é forte!
— Se o Flamengo tivesse que ser campeão, seria, rapá. Futebol se decide dentro de campo — reforçou Rubão, com sua confiança característica.
— Também espero que, um dia, minhas filhas tenham a chance de ver o Brasil sendo campeão e sintam a mesma alegria que a gente sentiu em 94 e 2002 — completou Edu.
— 2022 estava quase aí...
Agora, imagine só quando o Flamengo se consagrar campeão brasileiro. A turma da RPN já pode começar a agendar o churrasco e o pagode. Meirelles que vá preparando a playlist cheia de clássicos: Art Popular, Raça Negra, Katinguelê, Exaltasamba, Fundo de Quintal, e, claro, não pode faltar os flashbacks da disco music.
Ainda falta um mês para a grande final, um momento especial para todos os flamenguistas. Afinal, voltar a uma final de Libertadores depois de 38 anos não é pouca coisa. Apesar da euforia, ninguém subestima o adversário, porque no futebol tudo se decide dentro de campo — e cada segundo da partida promete uma montanha-russa de emoções.
***
A noite foi de intensas comemorações, e Edu Meirelles, mesmo sem entrar em campo, sentia a energia dos amigos assim que chegou ao estacionamento. Foi quando Ceci Paternostro, Renata, Lilly, Luís Carlos e até Noviça o surpreenderam com ovadas.
— Qual é, gente? — gesticulava Edu, surpreso e já tentando escapar do ataque.
A turma, no entanto, não dava trégua. Jaqueline, a alguns carros de distância, filmava tudo, gargalhando ao fundo enquanto transmitia a zoeira ao vivo no Instagram da chefa.
— Vocês são uns sacanas! — protestava o bonitão, parecendo um aniversariante escolar, todo coberto de ovo, farinha, ketchup e mostarda. — Querem goró na faixa, mas olha só o estado em que me deixam...
A coroação do caos veio com Rubão, que surgiu do nada carregando um balde cheio de água.
— Rá! — exclamou Rubão, jogando a água em Edu e segurando o balde vazio como troféu. — O melhor ficou pro final!
— Sacanas! — gritou Edu, ainda mais encharcado.
— Bora pra Balada da Saudade? — sugeriu Rubão.
— Nesse estado? — retrucou Edu, indignado.
— A gente vai na frente, e depois o problema é contigo.
Lógico que a turma foi antes. Era uma noite de quarta-feira, mas Rubão já tinha fechado a boate para o festerê. Enquanto Edu corria para um banho rápido, o resto do time já estava na pista, curtindo os hits que faziam sucesso anos atrás. A sequência mais especial, claro, ficou por conta das músicas que marcaram a Copa de 2002, desde Zeca Pagodinho até os famosos tuch-tuchs. O DJ caprichava na mixagem e ninguém ficava parado.
— Nossa, eu dancei muuuuuuuito na época que ia pra balada todo fim de semana... — suspirou Ceci Paternostro, quando tocou Lady - Modjo. — Saudade dos meus 18 anos...
— Me fez lembrar tanto a época de Diário de um Universitário... Melhor novela jovem que já vi na vida. Tinha orgulho de ser da geração raiz. Muitas vezes, fugia para cá imaginando que encontraria a turma da novela. Era tão moleca ainda, menor de idade... Achava encantador dançar sob as luzes dos estrobos, usando a identidade da irmã mais velha de alguma amiga. Todo mundo deslumbrado, dançando, e depois cheio de assunto para comentar na segunda-feira... Só quem viveu sabe como aqueles tempos pareciam bons.
Ela fez uma pausa, pensativa, e completou: — Claro que nem tudo era perfeito, longe disso. Hoje eu vejo o quanto a gente romantizava muita coisa, e também como havia tantas limitações. Mas, falando por mim, acho que era uma época em que me sentia feliz... muito feliz. Releio os livros daquela novela quando fico deprimida. A animação deles foi o que me incentivou a querer fazer faculdade, sabia? A Lenita até me inspirou a ser veterinária. Sinto saudade de correr para casa e ver a novela, daquelas músicas, de tudo aquilo...
— Tem no YouTube? — perguntou Ceci, interessada.
— Tem, sim.
— Vou colocar na minha lista de sugestões pra assistir... — decidiu Ceci.
Depois de um momento, Ceci puxou pela memória e questionou, curiosa: — Por acaso é a novela do André? Era André o nome dele? Um cara bem fanfarrão, sem noção, que só aprontava?
Jaqueline riu e confirmou. — Ele mesmo!
As duas caíram na gargalhada.
— Apesar de os casais chamarem atenção, o André sozinho causava... e como causava. Na época, confesso que eu tinha uma quedinha por ele...
— Quando dava, eu assistia essa novela, mas não sempre. E toda turma que se preze tem um André — brincou Ceci.
Jaqueline concordou, meneando a cabeça e já procurando no celular um gif do André para enviar à Cecília.
— Procura no canal da RPN Novelas Antigas. Tem a lista completa, todos os capítulos sem cortes. Não são muito longos. Dá pra assistir uns dois ou três numa noite antes de dormir. Volta e meia eu revejo para matar a saudade. Sei lá, pode parecer bobo, mas aqueles anos foram a melhor época da minha vida. Se pudesse, voltaria para eles.
Ela deu um sorriso melancólico e concluiu: — Claro que entendo que nem tudo era bom ou fácil. Mas a música... ah, ela tem um poder. Me leva para onde meu coração queria estar.
Ceci caiu no riso ao receber os gifs do André. — Ele mesmo!
— Continua um gato... — admitiu Jaqueline, mostrando no Instagram algumas fotos do rapaz na praia. — Ele não atua mais, mas até hoje tem gente que o reconhece como o André. Se bobear, tem gente que nem sabe o verdadeiro nome dele.
Edu Meirelles, já limpo e cheirosinho, se divertiu enquanto, sentado em uma mesinha com Luís Carlos e Rubão, relembrava a partida com emoção. Que dia!
Rubão já havia custeado as despesas da noitada, mas as surpresas para Meirelles não pararam por aí. Depois que a galera dançou, curtiu, relembrou os velhos tempos, tirou muitas fotos e gravou vídeos para os stories, chegou a hora de ir embora. Edu, sem querer correr o risco de parar no xadrez por calote, dirigiu-se ao caixa para pagar a conta. Para sua surpresa, a atendente sorriu: — Cortesia da casa.
Edu franziu o cenho, confuso. — Boa noite! — Boa noite!
Ao sair da balada, foi novamente surpreendido. Ceci e Renata estavam segurando um bolo branco e começaram um coro de parabéns. Enquanto isso, Rubão e Noviça, escondidos atrás de carros, esguicharam suco de groselha com pistolinhas em sua direção e recomeçaram as ovadas. Não adiantou o bonitão tentar fugir; a turma toda o seguiu com entusiasmo, enquanto Jaqueline filmava tudo, gargalhando ao fundo.
— Dá um sorriso, pô! — pediu Rubão, rindo. — Depois dessa sacanagem? — retrucou Meirelles, fingindo indignação. — O aniversariante tem direito a um desejo... — provocou Renata, rindo.
Edu tentou levantar a mão para sinalizar “nem pense nisso”, mas foi tarde demais. Ceci e Renata jogaram o que seria uma torta improvisada com espuma de barbear direto no rosto dele, gargalhando sem parar.
— Vou guardar tudo isso, seus sacanas. No aniversário de vocês, podem se preparar para a revanche! — avisou Meirelles, com um sorriso entre o cômico e o ameaçador.
— Por gentileza, tem alguém sóbrio por aqui? — perguntou Noviça.
Pelo jeito, nem Jaqueline. Ainda bem que Rubão, sempre preparado, havia acionado uma van da RPN para levar todos de volta para casa — a mesma que os conduziu até a balada, vale lembrar.
Não é todo dia que o time do coração do âncora mais gato da televisão chega à final de um torneio tão relevante. A ocasião mereceu — e recebeu — uma celebração à altura, porque, sejamos sinceros, se não tiver zoeira, não é a RPN.
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