Retrospectiva introspectiva



Progredir pode significar um breve retrocesso, não de caso pensado. Aproprio-me do seguinte álibi: errei determinada a acertar, logo, aprendi — quero acreditar, pelo menos — uma lição. Seria interessante chegar a grandes conclusões sem colecionar tantas manchas roxas nas pernas, no entanto, com os ombros bem mais leves, insisto que tropeçar faz parte do processo.

Transbordar do inominável

não sou capaz de definir

os propósitos do inexplicável

só as batidas do meu coração

protegem esse segredo


no entanto,

as palavras escancaram

o que a boca teme falar,

materializa o indecifrável


hoje não estou fazendo sentido

também não faço questão disso

nem sempre consigo me entender


deixo as pontas dos dedos falarem por mim,

o transbordar do pensamento inconsciente,

em linhas ajuntadas para entregar

a percepção encurralada pela rotina

e pelo velho receio de nada “ser para ser”


repousa um desejo pulsante

de quebrar determinadas normas,

sob a couraça da indiferença

dentro de mim não há espaço para ela


de mãos dadas

posso percorrer longínquas distâncias

se nas noites frias eu puder ter um beijo seu.


O Guardião das Madrugadas

 

Há exatamente uma década, nesta mesma data, trouxe para casa não somente uma nova espécie de animal de estimação, trouxe um grande amigo. Matt. O pequeno notável que conquistou os corações da nossa família. Os hamsters se tornaram parte de nossas vidas desde então. No entanto, o primeiro sempre deixa uma marca maior, impossível de apagar. Para recordar a chegada dele, escrevi este texto.

O Guardião das Madrugadas

Enquanto todos dormiam e o silêncio tomava conta da casa, eu sabia que você estava ali.
Com suas patinhas velozes e sua energia incansável, você fazia a roda girar como se fosse o relógio secreto das horas que ninguém via passar.

No compasso do seu ritmo, eu encontrava consolo. Era como se você dissesse, sem palavras, que mesmo nos momentos mais calados, a vida segue pulsando. Cada volta da sua roda era um lembrete de que o mundo não adormece por completo — existe sempre uma pequena centelha viva, insistente, cheia de esperança.

Você, com seu tamanho minúsculo e sua coragem gigante, era o guardião silencioso das minhas noites insones.
E mesmo que muitos não saibam, foi você quem me ensinou que existem forças invisíveis trabalhando pela gente, quando achamos que estamos sozinhos.

Obrigado, meu pequeno guardião, por correr também por mim.
Naquela roda de madeira, você girava os ponteiros do meu coração.


Se você chegou até aqui, saiba que este texto foi feito com muito amor.
Os Cadernos de Marisol


Mary Recomenda | De férias para o amor — A. K. Alves

 

Capa do livro de Anny K. Alves 

Cheguei a ter proximidade da autora alguns anos atrás e sempre tive um carinho grande por ela, logo, admiro muito a coragem e persistência para publicar este e seus outros livros.

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