1 ano depois da 2ª fase - Parte 2 (final)


Iury demonstrava ser tão gentil, tão apaixonado, fiel, perfeito para curar suas feridas de amor. Qualquer um apostava naquele final feliz tão tradicional: você, Iury e Lílian caminhando de mãos dadas pelo parque e depois a câmera se afastando aos poucos para dar margem à imensidão do amor frente a todos os obstáculos enfrentados, os desencontros, as brigas e perdas. Era realmente o que eu tinha em mente, mas os ventos me indicaram o improvável.

Apesar do 'ódio', tanto amor. De ciúmes você chorou, não pode negar. Você não conseguiu nem dormir porque Abel não saía de seus pensamentos, incontrolavelmente. Você riu, se perguntou o que viu nele, tentou disfarçar o que qualquer um àquelas alturas percebia: vocês sempre se amaram, por isso nunca poderiam ficar longe um do outro. Eu só precisava mostrar ao público que o Abel era um cara legal e ele se tornou tão querido que ofuscou o Iury e se tornou chave principal da história; alguém cuja participação excedeu os limites e convenceu. 

Iury foi indiferente com você quando deveria provar o amor te defendendo e te fazendo esposa. Ele se culpa por ter te perdido até hoje e também não se conforma. Ele te teve por perto e por inteiro, mas apesar dos 30 e poucos anos se aproximando, era imaturo demais. Você também, Abel mais ainda. Todos precisavam de uma sacudida da vida, dada justamente quando o 'pai' de todos ali os deixou sem qualquer motivo, qualquer explicação. É difícil dar adeus a alguém que nunca deveria ir, por isso Gilberto Gallardo vai ser sempre especial e os ensinamentos, as broncas, a preocupação, tudo isso apontou para o que realmente importa, que é viver.

Eu nunca chorei tanto em um casamento como quando vi Abel chorar diante daquela multidão e confessar seus pecados, o amor, o mesmo que o tornava 'egoísta demais' para te perder. Ele te teve por tanto tempo que se acomodou, então foi um estalo te ver feliz com outro homem. Não feliz, mas na companhia de outro alguém que não era ele e iria muito mais longe do que o proposto. Ele sabia disso, então era penoso ao seu orgulho machista se permitir chorar por uma mulher. Não uma qualquer, ele mesmo afirmou. Você era, é e sempre será a leoa, a linda leoa que o faz estremecer. 

Ele sempre te quis, só não sabia cuidar. Até tentava, do jeito errado porque não queria te prender. Ele só queria seu coração, assim como você sempre quis o dele. Ele te queria por perto e apesar de gesticular pra caramba, não sabia exteriorizar. Ele colocava tudo a perder quando vocês estavam prestes a se entender de novo e ia ficando cada vez mais difícil fazer vocês dois se ouvirem porque um grita e outro o faz mais alto porque ambos querem ser ouvidos, ter a razão e serem perdoados, mas quem perdoa primeiro sempre mostra ter muito mais discernimento emocional, mais desapego ao ego e mais vontade de se doar para que dois se tornem um, livremente, por puro prazer.

Você sabia que estava fraca demais para resistir a outra perda. Você seguiria arrependida pelo resto da vida, se é que haveria alguma graça em usar uma aliança e jurar fidelidade a alguém que você até poderia amar, mas nunca como amou seu querido e irritante sagui.

Você choraria ouvindo Toni Braxton e pensaria nas noites de amor, nos trejeitos que faziam dele o único, nas manias engraçadas, em como ele cantava mal pra caramba e ainda assim era uma ótima companhia, recordaria com nostalgia cada peripécia vivida em Guaratuba, a serenata micada, o carro depredado, o noivado que terminou em barraco e reviveria detalhadamente cada segundo daquela tarde de verão em que caía uma forte chuva, suas ilusões estavam todas pelo chão como pedaços do vestido e então ainda de longe ele te viu, se aproximou sem qualquer temor e conseguiu te consolar sem proferir uma palavra sequer. Se não é amor, então eu não sei o que é.

Você me mostrou que amizades verdadeiras não se perdem por besteiras. Você, Fer e May, o triozinho maravilha. Uma por todas e todas por uma. Na vida e na morte. Sorrindo ou chorando, no final de fevereiro você iria embora, mas nada do que vivi morreu quando a última frase fosse lida por alguém.

As pessoas não entendem por que eu te trato com tanto carinho e me emociono profundamente quando te menciono, sem querer ou por desejo mesmo, quando ouço alguma música e me vem à mente nossas aventuras, nossos segredos, nossa cumplicidade que inveja nenhuma dá fim. Isso basta!

Eu dancei as músicas que evitava ouvir para não querer mais uma vez voltar no tempo. Você me fez ousar, deixar de ser aquela menininha bobinha e medrosa e arriscar tudo, mesmo que com isso também tivesse boas chances de fracassar. Passamos todos os perrengues juntas, como amigas, como só as boas amigas fazem. 

Você sabe que eu choraria tudo de novo e de novo, mesmo repetindo o que já disse outras vezes. Há um ano isso tudo poderia ter acabado e percebemos, realmente, que era apenas o começo, só o começo.

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