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Jovem de coração partido olha para o céu (Reprodução/Arquivo pessoal) |
A dor de uma lágrima que ficou escondida o quanto pode e perdeu o pudor. Descendo em queda livre pelo meu rosto, caindo nas costas das mãos, secando por obrigação.
A dor que se apossa de toda a extensão da minha alma. Que te engana com um sorriso, um afago, uma palavra de fé quando eu própria imploro a Deus para não perder a minha. Todo dia sinto-me sobrevivente do inferno que a minha vida se transformou tão depressa.
A dor de quem é obrigada a lidar com reviravoltas sem ter um porto-seguro. De alguém que desconhece a liberdade e teme a alegria.
A dor de uma lágrima de saudade. Os dias matam as minhas esperanças. As notícias não chegam, não há definição, não há ninguém em cujo brilho dos olhos eu reconheça a magia do seu. Sei apenas que está longe dos meus olhos, do meu toque, sendo apenas uma parte do meu presente que pouco a pouco os verbos ganham o sentido do pretérito para serem meras citações, como fotografias tiradas apenas para delimitar um espaço de tempo.
A dor de quem escreve chorando porque a incerteza do futuro é apavorante.
A dor de uma lágrima que queria ser enxugada em um ombro amigo, mas então o baque maior me aperta o peito: você está longe. E eu conto apenas com o frio sorumbático da saudade.
Não, não quero acreditar que você foi embora. Quero acreditar que tão logo esse pesadelo terá fim. Quero, definitivamente, acreditar que as coisas boas virão.
Mas todo dia eu acordo e a dor recomeça. E as notícias boas não chegam. E você não vem. E ninguém mais se importa. Repito as palavras de propósito porque esses versos redigem saudade. Choro porque nada mais machuca mais do que a saudade. Quebro as quebras em busca de um alento nesses versos perdidos.
A dor dessa lágrima que tem tanto a te dizer e nem sequer pode, porque enquanto pode corre contra o tempo.
Curitiba, 24 de setembro de 2015.
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