Era dia, mas anoiteci.
Me tranquei em mim.
Era noite, eu cinza.
A escuridão era clara,
Queimava feito fogo.
As labaredas consumiam
O passado de desalentos
Encolhida numa conchinha.
Segura de mim mesma?
Do temível e incontrolável?
De baixar a guarda
E aceitar o inevitável?
Era dia, e eu era noite.
Eu era meus passos morosos.
Eu era tudo, menos eu.
Nessa ardente escuridão
Um refresco para a alma
Nuances claras para o cinza
Para encobrir as feridas
E fazer desses versos uma avenida
Onde as cores encantam
E mesmo quando é noite
O sol se projeta no verso...
E por falar nele, onde está?
Onde você souber enxergar...
Se não for no meu, é no seu!
É na magia do olhar que tanto diz
Sem nada precisar dizer.
O olhar úmido como a chuva
Para o tempo presente
Para dentro do próprio coração
Que se abre devagarinho
Para o mundo que se chama,
Para o amor que existe no fazer
Que existe por si só e cresce
Sem caber dentro do peito,
Sem caber em si, nem na linha.
Então, eu sou esse verão
E sou a outra face da moeda.
De noite, sou dia.
De dia, sou meio eu meio mundo,
Mas do coração para dentro
Sou além das impressões,
Primeiras ou definitivas,
Sou o amor que sinto
Mesmo pequena, infinito.
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