Não nasci aprendendo a temer, quem me ensinou isso foi a dor.




   Não fui sempre assim, tão calada, tão desconfiada, tão medrosa, tão cheia de angústia.
        O tempo seguiu seu curso, mas consigo a dor não levou, nem as ondas do mar afogaram a desesperança, nem aquele abraço fraterno da lua numa linda noite de verão me acalmou. 
        Às vezes me abraço sozinha, fecho os olhos e imagino que as cicatrizes me fortalecerão para viver nesse mundo que não perdoa os fracos, onde as provações não cessam e, por maior que seja a angústia, manter a cabeça erguida e o olhar firme.
Preciso olhar para o lado e me lembrar de que preciso ser gentil com os outros porque, mesmo destruída e sem muito a oferecer, tem alguém sofrendo mais, alguém que precisa de um abraço, de um colo quentinho, uma palavra amiga.
      Dou aquilo que não recebo. Não mais espero retribuição porque deixa de ser gentileza se ajo com o escopo de querer algo em troca ou encobrir segundas intenções.
Essa é a razão pela qual dispenso determinados “conselhos” porque, por trás daquele elogio em que outras mulheres precisam ter a honra desmerecida, vejo os olhos daquela pessoa que acabou com tudo que havia de bom em mim.
        O amor reside em todos os corações. Ele não é essa pessoa idiota que te maltratou e te reduziu a um trapo, é a energia que te mantém de pé. Ele está por todo canto.
 Os âmagos mais machucados necessitam desse afago da esperança porque estão desiludidos, desacreditados, sem conseguir enxergar que a vida prossegue. A vingança não devolve sonhos perdidos. 
Quando se pensa no Bem Maior, transformar a dor em algo proveitoso, ajudar alguém a não passar pela mesma situação ou estender a mão e dizer “pode contar comigo”, uma vez que o maior aprendizado que se pode extrair de um encontro destrutivo é NÃO SE TORNAR UMA CÓPIA DE QUEM TE MACHUCOU!
        Há pessoas que quando partem deixam saudades, mas a herança de bons momentos que equilibram aquele aperto no peito e outras que durante a passagem, conseguem destruir tudo por onde passam, transformando calma em caos, admiração em ranço, fazendo com que sejam necessários ANOS para se refazer emocionalmente falando.
        Não nasci aprendendo a temer, quem me ensinou isso foi a dor.

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