afáveis e cálidos braços envolvem-me
respirações entrecortadas,
o olhar cúmplice depois do beijo,
as continuações,
as roupas vão ficando pelo chão,
seus dedos tocam uma canção,
sou apenas sua.
estamos em casa.
se nuvens derramam lágrimas furibundas
e ventos tempestuosos prenunciam perigos, não tememos.
nós já protagonizamos esta cena diversas vezes,
no entanto, nossos personagens tinham nomes distintos,
os cenários de outrora são nossas
"saudades do que afirmamos nunca ter vivido".
estamos em casa.
se nós sempre nos reconhecemos
em meio ao turbilhão de deveres mundanos,
sabe-se que o esquecimento nunca apagou as impressões
que nos reconectam àquela parte da nossa essência
— tão necessária para que o ritmo do processo de evolução não enfraqueça —,
tampouco o apreço responsável
por tão memoráveis encontros de almas, corpos e intenções.
estamos em casa.
toques sagram reencontros e sanam tão doloridas ausências,
fecho os olhos e continuo sonhando,
após uma vida de tombos e desencontros
eis o sim para o sonho que hoje faz da realidade a poesia
porque ela é a sensível ilustradora
dessa história que nunca terá fim,
apenas breves intervalos entre os atos.
estamos em casa.
- fetiches
Curitiba, 06 de julho de 2022.
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