Escritora, eu?

Agora eu sou uma escritora publicada? 

Adepta do lema "o que ninguém sabe, ninguém estraga", guardei esse segredo por pouco mais de dois meses e só agora que os livros chegaram, posso contar.

Em meados de janeiro escrevi Reflexões de Sandra, uma crônica sobre relacionamentos abusivos, talvez uma forma de mostrar às minhas (novas) leitoras certos sinais de que um relacionamento não é saudável, mas vamos aos fatos... recebi um e-mail do professor Gilberto Martins e quase caí da cadeira com o convite para participar do projeto Palavra é Arte.

Euzinha num livro? Tipo... meu nome num livro? Minhas humildes palavras preenchendo algumas páginas?

O Palavra é Arte é um projeto muito interessante que visa democratizar o acesso à leitura e revelar novos talentos da literatura contemporánea de todos os cantinhos do nosso país. Não é qualquer pessoa que recebe esse convite, então devo reconhecer que, sim, meus esforços para evoluir enquanto escritora estão começando a dar frutos.

Abrir aquela caixa com os 20 exemplares foi soltar um suspiro que estava preso no peito e eu nem sabia. Até então, parecia que escrever era só uma distração, um passatempo, mas agora percebo o tamanho dessa responsabilidade.

Dei meus primeiros autógrafos para familiares e amigos de trabalho do meu pai, que estão o parabenizando por ter uma filha escritora e talentosa, segundo eles... todos querem que eu continue escrevendo, dizem que ainda serei muito famosa...

Mesmo assim, minha ficha não cai. No fundo, estou um pouco assustada com a responsabilidade de agora ser escritora publicada. O projeto não tem fins lucrativos, justamente por se tratar de uma iniciativa que visa difundir o acesso à literatura, dar palco às vozes que até pouco tempo atrás estavam quietinhas num cantinho qualquer. 

A palavra é uma arte, quando usada com parcimônia e respeito. Ela é poesia, tem o formato que quiser. Rima, às vezes não rima; às vezes fala muito usando poucas palavras, às vezes conta aquela história que a gente lê com os olhos umidos e nunca esquece.

Quero expressar minha sincera gratidão a Deus, à minha família por tudo, ao professor Gilberto Martins e toda a equipe do projeto Palavra é Arte, pela brilhante iniciativa, por terem acreditado em mim e me proporcionado realizar um antigo sonho.

Gostaria de dizer a você que me lê aí do outro lado e também sonha em publicar seu livro, não desista. Não é um caminho fácil e simples, mas quando chegar o seu grande momento, tudo terá valido a pena!

Gostaria de agradecer também aos meus amigos pelo apoio de sempre e a cada leitor que em algum momento contribuiu para tornar esse sonho realidade. Mesmo aqueles que hoje já não lembram mais de mim e das minhas histórias, mas me leu em algum momento, mesmo quem não gostou, todo mundo ergueu pelo menos um tijolo para construir o castelo. 

Espero muito merecer o carinho que estou recebendo. Peço desculpas por não saber muito bem como lidar com tanta atenção. Estou acostumada a ficar mais quieta, na minha, tentando ser invisível para não incomodar ninguém, no entanto, tinha de escrever para eternizar esse momento único da minha vida, um momento que eu sinceramente achei que nunca viveria.