"As pedras rolaram
precipício abaixo e por um instante senti todo o meu ser em torpor. Eu sabia
que cairia. Já me preparava para a morte certa. Perdida num abismo para
não ser encontrada. Fazia frio e o céu escurecia. Ainda era dia, um dia tão
longo e tortuoso quanto a mais longa das madrugadas.
As asas se abriram e
bateram. E as pedras seguiam caindo dentro daquele infinito gelado, escuro e
inóspito.
Não tive tempo para
lágrimas, segui a direção que indicava o vento, iria parar de chover em algum
instante. Eu só tinha que juntar minhas forças para não me render logo
ali.
Voei até escurecer, até
encontrar um cantinho seguro para me aquecer. Não tive sonhos. Era mais um dia.
Eu estava longe de casa, mas seguiria viagem e fosse onde fosse meu destino
final, faria dele meu lar.
Às vezes a vida não concede
uma opção mais amigável. Perde o sentido e não há nada que possa ser feito.
O mundo como eu costumava
conhecer se derreteu em ruínas. Não restou nada senão lembranças. Algumas boas
e outras tão amargas. Fragmentos que guardo para nunca me esquecer de que cada
cantinho que se faz meu lar contribui para que eu sempre saiba voar em direção
ao sol.
Fui voando. E cá estou. No
meu novo mundo. Cuidando das minhas asas quebradas, posso precisar delas
novamente."
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