Foi numa tarde de domingo que o estômago embrulhou, a visão embaçou-se e uma dor lancinante me tomou de súbito. Numa sucessão de escolhas inequívocas cheguei ao que se entende por “fundo do poço”. E escolhi permanecer lá, a autocomiseração exerceu um poder invejável de persuasão, entretanto, conforme a resiliência ajudou-me a vislumbrar a fagulha de luz que me ajudaria a reencontrar o sol. Essa ideia vinha como um lampejo, mas, para prosperar, carecia de uma atitude corajosa o suficiente para não voltar às trevas.
Eu não passava de uma garotinha quando preparei meu primeiro gibi a lápis e ria tanto das historinhas criadas. E fazia outras pessoas rirem. E as folhas perderam-se pelo caminho. E veio então a tentativa mais ousada: escrever uma novela. As ideias me perseguiam, insistentes, contudo quando peguei papel sulfite e caneta azul, deixei o coração falar. E me considero vitoriosa porque poderia o tempo ter passado da mesma forma e eu nunca sequer explorar o universo que havia em minha mente. Conheci as duas faces da moeda durante minhas andanças, entretanto, em respeito a todas as pessoas que em algum momento da minha vida me ofereceram palavras de apoio, motivação e carinho, segui o vaga-lume e estou vislumbrando a luz que impulsiona o caminhar.
Ao longo da minha jornada como escritora, aprendi que cada plataforma de escrita tem seus próprios pontos fortes e desafios. Nelas todas, vivi experiências marcantes: fiz amizades valiosas, aprendi com meus erros e, até mesmo com as situações difíceis como o bullying, tirei lições que me fortaleceram. Mas, acima de tudo, encontrei uma profunda realização quando me dedicava ao antigo Webnovelas By Mary, agora renascido como Os Cadernos de Marisol (OCDM).
Tentei me adaptar às demandas comerciais, moldar-me às tendências, mas nesse processo acabei me distanciando da essência que fazia minha escrita única. Foi preciso “quebrar a cara” para entender que o que realmente importa é a autenticidade, o carisma que sempre esteve presente em minhas palavras e que tantos leitores reconhecem e valorizam.
Quero aproveitar este momento para agradecer. Agradecer àqueles que me conhecem como “a autora de ST” e, mesmo sem necessariamente lerem minhas histórias, me acolheram com carinho e respeito. Vocês fazem parte dessa jornada, e é por vocês que continuo.
Decidi voltar a cuidar do meu blog e, para mim, isso não é de forma alguma um retrocesso. Pelo contrário, é um passo essencial na direção certa. É a trilha que escolhi seguir, ainda que demore para colher os frutos desse esforço. Porque é aqui, neste espaço, que sinto a liberdade de criar com alma, de me reconectar com aquilo que sempre fez minha arte verdadeira e significativa.
Mulheres como Marisol não se humilham por poeira, elas constroem os próprios castelos. E este é o primeiro tijolo erguido. O primeiro de muitos, queira Deus. Neste recanto desejo me reconectar com a alegria de produzir conteúdo para os meus queridos, para pessoas que com o tempo parem aqui, identifiquem-se com a proposta e voltem outras vezes.
Quero falar com (e por) aqueles que, assim como eu, já foram sufocados, silenciados, boicotados, humilhados, desdenhados e ainda se mantêm de pé. Porque prezam pela dignidade. E quero que a inspiração dance com os pés descalços, que nada nem ninguém a tolham. Não estou frustrada nem “perdida” ou revoltada. Havia muito tempo que não me sentia tão próxima de mim mesma. (Re) criar este recanto é o maior ato de amor que me dou depois de tantos anos machucando corpo e alma ao tentar me encaixar em mundos que não aceitam (e nunca aceitaram, sejamos francos) a minha presença. E se eu mudar ainda mais será por mim mesma, não para ser uma versão fajuta de alguém.
Sou Maria, Mary, Marisol… sou as três… e o fato de colocar um pouco de mim nas personagens não significa que eu queira me realizar através delas. Todos colocamos um pouquinho do que somos naquilo que fazemos. Na formalidade exterior ao OCDM, eu atendo por Maria, carinhosamente sou Mary, por vezes também me sinto Marisol, quando viajo para o mundo dos sonhos e recarrego as energias para as outras duas continuarem de pé. E assim a vida segue.
Boa sorte, maninha! Desejo a você muito sucesso nesse recomeço.
ResponderExcluirParabéns por tudo!❤️
Obrigada, maninha! Que Deus te abençoe. Se não fossem nossas altas conversas eu não teria reunido coragem para abrir essa página. Você faz parte disso também. ♥
ExcluirGostei da energia de persuasão e inspiração! Que vc continue seguindo sua intuição e encontrando força e acolhimento na escrita :) imagino que após escrever e desabafar o mundo real tbm fica mais leve e pronto para ser explorado com mais paixão!
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