🐞
na décima-primeira estação
avista-se a retrospectiva
saldos somam-se a promessas
rascunhos
dos planos
sepultados
dos sonhos
desgarrados
da esperança de um digno amanhã
o desembarque é logo ali
na estação repleta de luzes
músicas
cores vibrantes
passos determinados
olhos vidrados
o melhor presente a se ganhar
seria aquele que não se pede
esboços de cartas
jamais entregues
insônias filósofas
acúmulos
vícios obsoletos
a rotina é sua escravidão
queixumes não revolucionam
padece à acomodação
minimize a bagagem
observe a própria silhueta
enquanto olha de soslaio
para o vidro espelhado
aguarda o sinal abrir
e perde-se na multidão
determinada a não perder a hora
nem o pôr-do-sol
anteontem era fevereiro
as ilusões em cacos
machucavam as solas dos pés
na incerteza de abril
observava outro arranha-céu
tomar conta do espaço vazio
eles nunca alcançarão a lua
a onda de frio
pontua um novo ciclo
do meio para o fim
na décima-primeira estação
o sol se põe perto das sete
guirlandas já estão penduradas
faltam as provas finais
o ritmo não desacelera
perto de assoprar as velas
não pede muito
aliás, o que pede
parece tão simples
se dependesse do querer dela
não querer
amar alguém
que sempre se vai
todos se vão
por que não amar-se?
- quanto de você se foi ao longo do ano que se foi?
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