Que novembro seja doce 🐞


 O décimo-primeiro mês do ano iniciou-se hoje. Após as gostosuras e travessuras, as atenções se voltam para aqueles que já nos deixaram e a imprevisibilidade da vida. Flores serão depositadas em túmulos, reencontros continuam sendo sonhados porque é reconfortante cogitar a hipótese de rever uma pessoa querida que se foi cedo demais. 
Novembro tem um gostinho todo especial para mim porque estou a dezesseis dias de completar mais um ano de vida e tenho MUITO a agradecer a Deus e a melhorar enquanto ser humano, tenho me esforçado para transformar o olhar e semear amor nesses solos tão carentes de afeto... quero novos amigos, ler livros diferentes, aproveitar os instantes do jeito que eles merecem.
Agora o sol se põe bem depois das seis, não teremos horário de verão, mas a tendência é que nessa estação de transição sintamos tanto o calor quanto o frio, que tenhamos tardes quentes e noites amenas e enquanto as primeiras guirlandas são penduradas nas portas, pinheirinhos de natal adornam a sala e já se inicie um processo natural de retrospectiva, a primavera ainda colore a cidade.

O regozijo caminha de mãos dadas com a gratidão, refletiu ela enquanto deixava o chá de hortelã esfriar na caneca. O penúltimo mês do ano assume ares reflexivos e sob um olhar mais atento de quem busca na poesia um diálogo de alma para alma, o parágrafo rompe com as muretas erguidas por aquele bloqueio outrora amaldiçoado. O tempo nunca deixou de passar, o vazio ameaçou engoli-la, há saudades que permanecem. Preso no alto da garganta estava o grito por tudo que deixou passar, pelo amor que se foi sem saber o quanto era amado, pela ideia que não se tornou uma sinopse e tampouco uma nova história, pelas injustiças engolidas em troca de paz. A liberdade vigiada deixou cicatrizes, porém varrendo os cacos e segurando a pá para descartá-los em um local apropriado, enxergou-se neles, não poderia jamais cobrar de ninguém atitudes que deveriam/devem partir de si, seria uma imperdoável incoerência, não apenas palavras distribuídas de modo a rebuscar o manuscrito. Nuvens carregadas de cinza e lágrimas acumuladas formaram-se no céu, ouviu de longe um gato miar, confortou-se com o barulhinhos das teclas, a porta-voz mais articulada para quem sincroniza o pensamento nas pontas dos dedos e deixa as marcas de suas digitais por onde vai, pegadas que o tempo pode apagar, mas nunca dizer que não existiram. Que novembro seja doce, finalizou Cocci, a dezesseis dias de mais uma primavera.

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