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Uma pessoa apaixonada (Reprodução/Arquivo Pessoal) |
Detectou-se uma falha ao fugir do abstrato. São tênues
linhas dançantes; ora se fazem versos, ora contemplam os ocasos sob as lentes
do etéreo. Cuidadosamente se desvelam na intenção. Em um ato inconsciente e ao
mesmo tempo contido, o olhar conta todos os seus segredos.
Você andava sozinha por aí, remoendo certos revezes
ocorridos outrora, situações que nunca dependeram somente de você. O olhar
distante contava a história de alguém que perdeu a esperança e em certa parte
agarrava-se à nostalgia distorcida de memórias não tão belas. Nunca poderia
seguir em frente levando o peso do passado nas costas.
As crises sucediam-se com uma frequência pontual, você
necessitava de alguma segurança, por mais adversa que pudesse ser. O passar do
tempo cumpriu-se e o coração apertava, tudo parecia estar fora do lugar. No
entanto, não era mais a ferida aberta que chorava, era aquela parte de você que
engolia a verdade: você já estava cansada de sentir autocomiseração.
Metáforas substanciais, rabiscos de quase versos, angústia
aprisionada. O diálogo mais aguardado há de ser a junção de dois lábios, o
epílogo repleto de mistério nas entrelinhas. De nada adiantam os disfarces, a
calada da noite não admite distorções da verdade. É o corpo dele pesando sobre o
seu à luz do luar — entrega pura e sincera, carícias suaves e cúmplices e
declarações despidas de timidez — o desejo que canta a plenos pulmões na
escuridão.
O presente não almeja ser explicado às minúcias. Os tempos são outros, há certa
urgência em construir novas memórias. Após uma peregrinação forçada por
labirintos de desenganos, o destino convidou-te para dançar. Siga as batidas da
canção do seu coração e entregue-se, aventure-se, reaprenda. Sempre é tempo de amar (outra vez).
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