Minha banda favorita

Ópera de Arame (Reprodução/Arquivo pessoal)

Passa um filme pela cabeça. Um filme da minha vida. Uma colcha de retalhos tecida pela junção dos flashbacks que não seriam tão interessantes sem uma trilha sonora sincronizada com a vibração. Dar um abraço naquela adolescente que já fui e agradecê-la por tudo.
Curtir a apresentação da minha banda preferida foi uma experiência apoteótica, incomparável, inesquecível. Sair do chão e cantar até ficar sem voz. Recordar letras inteiras. Sentir a energia descontraída que pairava pelo ar.
Compartilhar essa alegria com boas companhias enriquece a lembrança de tal maneira que não escrever sobre ela seria fadá-la ao esquecimento, não seria justo. Sonhei com tudo isso quando parecia algo distante e a realidade superou todas e quaisquer expectativas.
A ausência parecia mentira. Chorão estava lá. Não nos palcos, arrastando multidões. Estava em mim, estava em todos nós. Estava nas letras que compôs, nos arranjos, em cada coração conquistado, nos risos e nas lágrimas, nas lições deixadas, nas histórias da qual participou. 
Uma multidão animada sabe como fazer barulho e driblar o cansaço. Cada minuto de espera foi recompensado. 
Às três da madrugada eu cantava Lugar ao Sol com o braço esquerdo levantado. Parecia até cena de filme, eu era infinita, nunca antes me senti tão livre, tão bonita, tão em casa. A lua cheia alta no céu a abençoar a noite, criança travessa, mas empenhada em desfrutar cada momento.

08-09 de outubro de 2022. ♥

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