Lembranças daquele natal

 



Curitiba, 25 de agosto de 2016.

Um dos momentos mais bonitos da minha vida ocorreu numa véspera de Natal na qual tive a oportunidade de te ver. Três anos atrás. Verão tropical, quente e genuinamente venturoso pela simplicidade de reconhecer que a felicidade é doce e não faz alarde quando chega.

Os sinos dobravam na catedral, as famílias confraternizavam em seus lares, os fogos de artifício coloriam as horas em que todos retornam à infância. A lua brilhava soberana no céu repleto de promessas, esperanças, sonhos, milagres.

Meu presente era aquele instante. Eu ser eu, você ser você. Magia aquecida por um sorriso que transcendia mais do que o mero mover dos lábios, desembrulhava a timidez.

Eu era sua. O que havia de mais precioso foi oferecido em minhas preces e ainda reside em mim, ajudando-me a levantar depois que me perdi e pensei que alguém seria capaz de te substituir.

Ninguém poderá ocupar o lugar que sempre foi seu. No ano passado eu bem que tentei e me machuquei porque quando estava com ele vivendo uma farsa, era em você que eu pensava, o seu calor que eu procurava. Nos olhos dele identifiquei a mentira e a maldade, nos seus eu me esbaldava de tanta ternura, vislumbrava a profundidade desse sentimento, me sentir literalmente falando, em casa.

Nunca voltei a gostar de você por uma explicação simples e lógica: eu nunca deixei de sentir, apenas me afastei e aceitei migalhas por acreditar que você era perfeito demais para mim, no entanto como posso brigar com o meu coração se foi ele que te escolheu?

Ele brincou com os meus sentimentos e foi embora, não sem me destruir, me humilhar e fazer com que eu quase desistisse dos meus sonhos. Você sempre me mostrou que vale a pena acreditar e lutar enquanto houver forças, então é por isso que mesmo sem poder te ver todos os dias e me sentir como se uma parte de mim não mais me pertencesse, sigo firme nos meus propósitos porque sei que é isso que você iria gostar que eu fizesse.

E eu faço por mim, por nós.

Estive rememorando aquele natal, quão verdadeira foi a minha gratidão. Cada centímetro do meu ser estava presente de corpo e alma na ocasião. Nunca antes as lágrimas exaltavam a emoção de consagrar aquele sentimento que me aproximou de Deus. Falei com o criador sentindo uma alegria tão profunda e verdadeira que jamais se repetiu.

Se eu pudesse reviveria aquele instante, deixando para trás todos os vestígios de egoísmo e insegurança, concentrada naquilo que se faz com o tempo que existe enquanto a referida definição lhe cabe adequadamente.

Se eu tivesse de volta o tempo que passou, faria sentido viver outra vez se houvesse a ínfima chance de meu destino cruzar-se com o seu, sorrir sem pressa, com pureza, com a alma preenchida pela doce certeza de que se a mesma vida que te tirou de mim pode te trazer de volta. De todos os presentes que a vida já me ofereceu, amar você reacendeu tudo de melhor que havia em mim, ensinando-me a desfrutar da magia do natal todos os outros dias do ano.

 


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