Os tantos benefícios acessíveis por meio da fama são fatalmente sedutores. Pode ser aquele distinto cavalheiro que a convida para dançar sem olhar as horas, aquele instante em que a sua versão de 10 anos se senta na primeira fileira para acompanhar o seu discurso com os olhinhos úmidos e ternos, orgulhosa dessa jornada que te conduziu até a glória, no entanto, a exposição que consagra o talento e a dedicação carrega um punhal nos ombros, sempre à espera de um momento de descuido para entrar em cena.
O reconhecimento da sua arte abriu portas as quais você jamais sonhou em bater, proporcionando que milhares de pessoas pudessem apreciar o seu talento, mas também abriu os bueiros para os ditos haters se julgarem especialistas, alguns se apresentam como "críticos", que sem qualquer escrúpulo, sente-se com a alma lavada por exaltar a maldade, a injustiça e a ignorância que habitam dentro deles próprios para corroborarem uma opinião concebida de forma duvidosa, incapazes de dar uma resposta honesta ao desconforto.
As expectativas preenchem os pensamentos: os caluniadores em evidência não se conformam com o fato de você receber o merecido reconhecimento pelo conjunto da obra; enquanto os adoradores colocam-na em um pedestal, nutrindo uma versão perfeita de você, convencidos das próprias ilusões, mas no final das contas, quando a cabeça encontra alento no travesseiro, você sabe que todos julgam te conhecer por saberem o seu nome e terem te visto algumas vezes, no entanto, tratam-se de percepções que nem sempre correspondem com tudo que você sabe sobre você.
Desobrigar-se de honrar as projeções alheias, a arte pede licença para expressar-se sem mordaças, pois não lhe interessa inflamar o ódio dos orgulhosos haters nem a utopia dos adoradores, mas ganhar vida por meio de uma manifestação digna. Lucrar através da arte é tentador, embora o conceito de deadline a intimide ou haja um ruído na mensagem, uma ponta solta, uma distração.
A partir de todas as reflexões inicia-se uma nova curva narrativa do percurso, cujas consequências serão conhecidas após o processo de imersão em si própria para, dessa forma, absorver a sabedoria resultante da arte de viver, mas não viver em vão, em busca de um dos presentes mais caros que existem: a essência, a pequena bússola moral que nunca deixa a alma perder-se de vista.
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