Mary Recomenda | Contos do Esconderijo - Anne Frank


Estavam com saudades das minhas recomendações?

Se sim, tenho uma excelente notícia: a temporada 2025 já começou.
Hoje é dia de Mary Recomenda e também de lembrar do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, comemorado no mundo todo em 27 de janeiro. A data também nos recorda do décimo-segundo aniversário daquela tragédia sem precedentes em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que comoveu o nosso país, no entanto, tenho textos no arquivo do OCDM/WNBM, que vocês podem conferir.
A indicação de hoje é de um livro escrito por uma vítima do Holocausto que sofreu na pele os terrores de um campo de concentração. Embora ela não tenha sobrevivido para respirar os ares de liberdade e presentear o mundo com mais histórias, seu legado nos inspira até hoje.
Mesmo tendo sua voz duramente silenciada em agosto de 1944, Anne Frank nos deixou um diário que serve de exemplo em vários sentidos e nos mostra que a esperança de dias melhores resiste até nos momentos mais sombrios.


A importância histórica de 27 de janeiro


O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto é comemorado mundialmente em 27 de janeiro. Essa data foi escolhida porque marca o aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, em 1945. Em 27 de janeiro daquele ano, soldados soviéticos libertaram cerca de 7.000 sobreviventes desse campo, um dos mais emblemáticos da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 2005, a Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu esta data para garantir que o genocídio nunca seja esquecido, negado ou minimizado, promovendo também a educação acerca dos horrores perpetrados pelo Holocausto e a importância de combater o antissemitismo, o racismo e todas as formas de intolerância.
O Holocausto foi um dos episódios mais sombrios da história humana, onde milhões de pessoas, principalmente judeus, mas também ciganos, prisioneiros de guerra, homossexuais, deficientes e outros grupos considerados “indesejáveis” pelo regime nazista, foram perseguidos, presos, torturados e assassinados de maneira sistemática.

Quem foi Anne Frank


Annelies (Anne) Marie Frank nasceu em 12 de junho de 1929, em Frankfurt, Alemanha. Filha de Edith Frank e Otto Frank, irmã de Margot. A família de origem judaica mudou-se para Amsterdã, nos Países Baixos, em 1933, após a ascensão de Adolf Hitler ao poder e o crescimento da onda antissemitista na Alemanha. Otto abriu uma empresa e todos tentavam levar uma vida razoavelmente normal até o décimo-terceiro aniversário de Anne, em junho de 1942, quando os Frank foram forçados a se esconder em um anexo secreto para escapar da perseguição nazista.
Durante o período que viveu no esconderijo, Anne escreveu um diário onde relatava suas esperanças, medos, esperanças e sonhos, que posteriormente tornou-se um dos livros mais importantes e impactantes do século XX, apresentando uma visão íntima e comovente da vida de uma criança judia sob a opressão nazista. Infelizmente, em 4 de agosto de 1944, a Gestapo, polícia secreta de Hitler, invadiu o anexo secreto onde vivia a família Frank e mais quatro pessoas estavam escondidas. Todos foram levados para campos de concentração, onde viveram agruras inenarráveis.
Edith Frank-Holländer (1900–1945) faleceu em Auschwitz devido à desnutrição severa, mas mesmo nas condições mais adversas, tentou protegê-las até o fim. Já Anne e Margot morreram no campo de concentração Bergen-Belsen, entre fevereiro ou março de 1945. Embora as causas não sejam tão claras, acredita-se que as irmãs tenham sido vítimas do tifo, uma doença comum naqueles ambientes insalubres, onde seres humanos eram obrigados a viver desumanamente. 

Jamais nos esqueceremos


Holocausto nunca mais!
O único membro da família Frank a sobreviver foi Otto Frank. Após ser liberto de Auschwitz, retornou a Amsterdã e descobriu que Edith e as filhas haviam falecido. Com isso, dedicou o restante da vida a preservar o legado de Anne, fundando a Anne Frank Founds e a Casa de Anne Frank, um museu que preserva o esconderijo da família naqueles anos de chumbo. Um dos objetivos é educar as futuras gerações sobre os horrores do Holocausto e discutir a importância da tolerância e do respeito aos direitos humanos.
Otto também foi responsável por organizar os escritos da filha mais nova e publicar a primeira versão de O Diário de Anne Frank, todavia, alguns trechos não foram incluídos naquela edição. Faleceu em 19 de agosto de 1980, aos 91 anos, em Birsfelden, Suíça.

Contos do Esconderijo


A Anne Frank Founds publicou a obra Contos do Esconderijo, seguindo as instruções deixadas por Otto Frank, antes deste falecer. Esta coletânea inclui ensaios, contos fictícios e trechos do diário que não foram incluídos na primeira edição do mesmo. A publicação oferece uma visão mais completa e detalhada dos escritos de Anne, revelando mais sobre sua vida, pensamentos e talento literário.

Impressões


Contos do Esconderijo, de Anne Frank, é uma coletânea que transcende o tempo e nos aproxima da sensibilidade de uma jovem que, mesmo confinada naquele anexo e vivenciando um momento de dor e medo, produziu um legado inesquecível. Com tão pouca idade, a jovem escreveu contos que refletem sobre valores humanos, autoconhecimento, amadurecimento, guerra e desigualdades sociais.
Ler essas reflexões é um convite a revisitar os sentimentos e questionamentos de Anne, que, apesar de tão jovem, mostrou uma sabedoria e uma profundidade emocionantes. Seus contos são um espelho de um mundo marcado por conflitos que ainda ressoam atualmente, sobretudo com o assustador avanço da extrema-direita em várias partes do mundo. As desigualdades e as guerras que Anne observava e criticava continuam a ser realidades dolorosas.
Ao terminar a leitura, senti uma tristeza profunda, não apenas pelo impacto dos textos, mas também pelo destino trágico de Anne. Foi como me despedir de uma amiga, uma amiga que viveu em um tempo distante, mas com quem eu adoraria ter muitas conversas. Eu seria amiga de Anne Frank, com certeza. Sua capacidade de refletir sobre o mundo e de transformar suas vivências em palavras é inspiradora e tocante.
Recomendo fortemente Contos do Esconderijo para todos que desejam uma leitura profunda e reflexiva e amam os textos de Anne Frank. Sem dúvida, pretendo reler o diário dela um dia, para me reconectar com essa alma tão especial que deixou um legado de humanidade e esperança. Jamais devemos nos esquecer deste capítulo sombrio da História.


Onde está Anne Frank


Para finalizar o Mary Recomenda de hoje, sugiro que você conheça Onde está Anne Frank?, obra em quadrinhos de Ari Folman e Lena Guberman, que apresentam uma perspectiva muitíssimo interessante: de quando Kitty ganha vida e não sabe o que aconteceu com sua amiga Anne, faz muito tempo que ela não escreve nada no diário. Motivada a descobrir o paradeiro de Anne, Kitty sai pelas ruas de Amsterdã em busca da verdade. Não pretendo dar spoilers, como também indico a versão do diário em quadrinhos.
A edição extraordinária do Mary Recomenda fica por aqui, mas já temos um próximo encontro marcado aqui no OCDM. Um forte abraço e até lá! ♥

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