Sob controle


O que sinto beira ao indefinível. Excede uma simples e passageira tristeza, supera o cansaço, encontra-se na linha tênue entre desilusão e desistência. 

Pior que a amargura das palavras é a falta delas, semear tantas mudas bonitas no jardim, regar e cuidar com amor para ninguém perceber. Cheguei longe, preciso caminhar mais alguns passos até contemplar o horizonte, ouvi dizer que o Sol sempre volta. 

Sozinha estou, sempre estarei. Luto por um sonho em vão, perdida num mundo hostil aos meus ideais. Alheia às modinhas, piada dos insensíveis, aquela para quem o grupo descolado cochicha e ri, condenada à sumária exclusão por simplesmente existir. Sou ser humano tanto quanto elas, por que sou julgada? 

Tenho de ser a força que não possuo. Nada me consome tanta energia do que sorrir sem motivo e seguir um sonho que nunca se realiza, porque a parte que me cabe eu faço. Persisto, insisto, me dedico, mas não posso obrigar ninguém a gostar de mim. Vejo tanta mediocridade sendo aplaudida e recomendada e observo, com a ferida aberta, outra vez ser desmerecida. 

Disse estar bem, abracei algumas pessoas, ouvi os problemas delas, e retirei-me. Por um lado, foi melhor assim. Não adianta explicar metáforas para não as degustar. É inútil desnudar minha alma para quem me julga pelas minhas vestes simples, pela minha idade, para quem se sente no direito de destruir minhas ilusões. Prefiro que pensem que estou bem.

Curitiba, 25 de julho de 2014.

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