Crônicas da Leoa - Debate político

Boa noite! Está no ar mais uma crônica da leoa e sobre um tema polêmico: política. Espero que gostem e reflitam. 



Noite de sexta-feira. Finalmente estou livre para curtir minha merecida folga, mas quero relaxar um pouco a minha cabeça e vou procurar alguma coisa que preste na televisão. Não que eu seja uma rabugenta cheia de querer criticar a atualidade para enaltecer um duvidoso passado, muitas vezes não me sobra tempo para analisar criticamente os produtos que têm sido apresentados ao público em forma de inovação, no entanto desde a copeira da redação até o meu porteiro estão comentando sobre o grande debate.
Não estou lá muito animada para passar duas horas tentando adivinhar quem está falando a verdade. Então, deixo para lá a ideia de ver algum filme do Charlie Chaplin e mudo para o debate na ingênua expectativa de estar perdendo o primeiro discurso daquele nome que vai mudar para sempre a política brasileira.
Até pensei ser videoteipe, se não fosse pela marca d’água da emissora indicando que a mesmíssima está ao vivo e a cores no ar.
Não errei o dia, hoje é sexta-feira.
Gostaria de ter me equivocado para redigir às pressas a melhor retratação do mundo.
Estou diante de um picadeiro que apesar de não ser adornado com cores vivas, faz justiça a um.
Sim, meus caros, os palhaços estão acompanhando a todo o espetáculo do sofá de casa, mas não se ofendam, é exatamente esse o número das raposas engravatadas, usar e abusar do jogo de palavras para se perpetuar no poder à custa de um ufanismo nauseabundo.
Estou vendo as raposas se devorarem vivas, tudo para subirem na próxima pesquisa de rua e pleitear o segundo turno. O intermediador do debate faz cara de paisagem, tenta falar, mas é interrompido pela gritaria. Um acusa o outro. O sujo faz pose de limpinho, o mal lavado não engole o cinismo, logo ele, que também não é flor que se cheire.
A cada pleito as benditas se especializam, querem nos fazer acreditar que é no gramado do outro que a impunidade deita e rola. Corrupção no partido dela, jamais. Inadmissível, afirmação intransigente, leviana, um ultraje a quem sempre viveu pelo povo.
A réplica vem com voz esganiçada enumerando um monte de coisa que o telespectador comum já se esqueceu. Um escândalo atenua o impacto do outro. Fica o dito pelo não dito, pelo bendito, para que se a memória for curta, que grave o número da revolução.
Briga de comadre em horário nobre. O ringue invisível foi montado. Tem plateia, um juiz sem atitude, não falta nada.
Entonação acalorada, acusativa, chorosa. Um fala junto com o outro, ninguém fala absolutamente nada. O povo de casa pensa que viu tudo, mas a propaganda eleitoral é o circo dos tempos modernos, televisionado, climatizado, porém sem qualquer encanto.
Ainda ontem as raposinhas eram coleguinhas de partido, amigas para todo o sempre, rasgavam seda, viviam de cima a baixo. Mas o companheirismo é deixado para escanteio na hora do “vamos ver”. Quem perde as prévias do partido cai fora para não apoiar a quem vai concorrer, lança sem receio o arsenal de verdades que coloca a própria integridade em risco. Uma jogada de mestre, diga-se de passagem, um tanto ultrapassada, sempre sai pela culatra.
Vasculhei o guia de tevê jurando tratar-se de um debate político. No entanto, é visto de tudo, menos discussão de propostas, do que supostamente é o objetivo de reunir a todos os candidatos. Começa aí o problema. O pacto de confiança é quebrado a partir do momento que os envolvidos não cumprem a cláusula principal.
Não sei se aproveito que o circo está armado, cruzo os braços e voto no mais patético, só para variar um pouco, porque embora política não seja brincadeira, em toda parábola há um fundo de verdade. Se o sujo vencer, o mal lavado será oposição, nem tanto por analisar com maturidade os problemas estruturais de uma nação carente de tantas necessidades para seguir os trilhos do crescimento sem descarrilar, mas porque o orgulho ferido não suporta ver o outro no centro das atenções.
Se a revolução vier, será apenas uma troca conveniente para iludir a população de que bons tempos virão.
Bom para quem?
Fica a cargo de o tempo interpretar o que é bom e para quem, se a prometida revolução não for armadilha para o parasitismo imperar. Repito, fica o dito pelo não dito. É noite de sexta-feira, relaxem! O lema das raposas apesar de um tanto controverso é o seguinte: muito barulho por nada. Os inimigos de ontem beijar-se-ão amanhã, não tem segredo, tudo faz parte do espetáculo.

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