Parabéns, Mariane! *-*


Feliz Aniversário, Mariane. *-* *-*


Parabéns pelos seus 30 anos, amiga!
Não sei se você pretende comemorar este dia memorável, mas não se esqueça da importância dele. Significa que você já teve oportunidades de aprender (com) e ensinar as pessoas. Que você viveu altos e baixos e tem muitas histórias para compartilhar. Eis que escrevo para um coração de tinta, que também tem ideias maravilhosas e por mais maravilhosa que seja escrita, não perde a humildade, segue carinhosa com cada leitor que se manifesta, não se envaidece com números e não permite que sejam eles os responsáveis pela sua autoestima, não mede seu talento - inegável - com eles. Ora, esqueci-me de dizer também que você cumpre tudo que promete.
Porque você é maior.
Maior do que tudo e todos que já tentaram (ou talvez tentem) te colocar para baixo.
Maior do que os seus temores e dificuldades.
Maior do que as lágrimas que já derrubou.
Maior do que os planos que deram errado.
Confesso que você merecia vencer aquele concurso muito mais do que eu, sua história é maravilhosa e não pensei que seria amiga de uma escritora que admiro. Pois bem, ele foi o meio pelo qual nos conhecemos. Senti-me mais feliz de conhecer o seu livro do que com a colocação que tive na categoria.
O tempo te tornou minha amiga e ultimamente ando seletiva com relação às pessoas que coloco em minha vida porque coleciono decepções, portanto sinta-se honrada, sua amizade é um presente e olha que a aniversariante é você.
Você não é aquela amiga que passa a mão na cabeça quando estou errada, sabe me dar bronca sem ser rude e costuma me mostrar que não há um único e irrefutável ponto de vista, a realidade é plural, o mundo também, faz parte da vida mudar de ideia, se desapegar de velhos hábitos, na medida do possível, encarar tudo com mais leveza.
Você é muito verdadeira em suas convicções, por isso quando disse que você é uma amiga verdadeira, é no sentido literal da expressão. 
Um dos mais recentes conselhos que você me deu foi o para não desperdiçar a década dos 30 como fiz com a dos 20, no afã de agradar às pessoas e medir meu valor de acordo com a aprovação (ou rejeição) delas; você também pediu para eu não me cobrar demais, e tem toda a razão (e olha que sou bem teimosa, dou sempre com a cara na parede por cometer os mesmos erros) porque meu perfeccionismo beira ao exagero. Até certo ponto é bom, no entanto excessos são prejudiciais.
Sempre que te mostro um texto é porque confio no seu juízo. 
Como hoje você está completando 30 anos e vai entrar numa nova fase da vida, desejo que ela seja próspera, feliz, repleta de realizações. Acredito no seu potencial. Seria redundância dizer que já te vejo vencedora porque você é uma. Meus votos são para que essa década seja simplesmente incrível e que sua estrela brilhe muito.
Desejo que você tenha saúde, se cuide sempre com carinho, acredite nos seus sonhos, em você mesma, não tolere nada nem ninguém que te faça mal, e acrescento que também espero te escrever por muitos anos ainda e que um dia possamos nos conhecer pessoalmente.
Escolhi o unicórnio como tema do seu cartão porque nunca vou me esquecer da Unicórnio e nem do concurso que me mostrou que se procurar direitinho, com carinho, dá para encontrar livros e pessoas incríveis no Wattpad. Você é uma delas. E que privilégio poder dizer que você é minha amiga, mesmo que não nos falemos todos os dias, entendo a correria, porém isso não me impede de te querer bem.
Saiba que escrevi tudo com carinho porque senti no coração que precisava te escrever um texto de aniversário à altura dos seus livros, do apoio que você me oferece sempre. Peço perdão porque às vezes não sou a melhor amiga do mundo, tenho medo de puxar conversa e levar vácuo ou de estar incomodando, também gosto de respeitar a privacidade das pessoas porque todo mundo precisa ter o seu espaço, mas quero dizer que não são palavras vazias, você pode contar comigo.
Você merecia um texto melhor do que esse, mas cada palavra foi pensada a fim de ser uma mensagem mais autoral, mais honesta, não apenas votos vazios e repetitivos.
Receba meu abraço e todo o meu carinho. 
Por favor, me prometa que vai lutar sempre pelo seu espaço, por tudo que acredita, que vai viver cada dia e saber que tanto os bons quanto os maus passam, que vai aproveitar as oportunidades que vierem e que vai ser a protagonista da sua própria história.
No dia de hoje agradeço imensamente a sua amizade. Que ela seja tão longa quanto espero que seja a sua vida. Longa, próspera e feliz. 
Curta cada minutinho não só do primeiro dia desse novo ciclo. E brilhe. Brilhe o mais forte que puder. Acredite, muitas pessoas se já não se inspiram, ainda irão se inspirar em você. ♥

Diga que me ama (cap. 2) - por Ceci



Amar o amor é muito diferente de aprisioná-lo em uma convenção atulhada de regras quase sempre egoístas, egocêntricas e retrógradas. Próxima dos 30 anos, as comparações com primas da mesma idade que já haviam deixado a vida de solteiras para construir famílias era constante. Olhares de piedade vindos das tias mais velhas que me pediam para “não perder a esperança”, como se o fato de não estar comprometida nos moldes mais tradicionais me condenasse a uma existência sem brilho.
Eu já não era mais uma foca na redação. Trabalhava arduamente e os imprevistos combinavam tanto quanto meu figurino. Às vezes preterida, às vezes esperançosa. A carreira era o foco central da minha vida, afinal, dela vinha (e ainda vem) o pão de cada dia. Vinha lutando para um propósito maior do que me sentar em uma bancada e passar dez ou até vinte anos (isso com sorte) fazendo o mesmo, muitos colegas nossos pereceriam por tudo isso. 
Eu buscava um sentido no ofício, um meio de me realizar como pessoa e compartilhar com a comunidade o aprendizado diário nas atividades que executava dentro e fora do ambiente de trabalho.
Meu coração, se assim pode dizer, estava ocupado demais para joguinhos estúpidos e pessoas que atravancassem meu caminho com possessividade e egoísmo. Não posso dizer que sempre sonhei em me casar de véu e grinalda e brincava de casinha porque seria uma tremenda hipócrita. Estava sempre metida nas partidas de futebol de rua com os meus irmãos, batendo figurinha, construindo carrinho de rolimã, passando longe de ser aquela menininha-padrão que toda mãe sonha em colocar frufru no cabelo e vestidinho com bainha de renda. 
Eu herdava a roupa dos mais velhos — o que podia ser aproveitado, sentia-me confortável, escaramuçando até a Vó Hilda gritar da janela do apartamento: “pra dentro, cambada!” e vivia cada dia de uma vez, sem me preocupar com o amanhã ou com o que pensariam de mim, eu estava ocupada demais me divertindo.
Tudo mudou quando eu estava com doze anos e meio. Eu já notava algumas mudanças no meu corpo, sobretudo em relação à estatura, que impressionou, porque as outras são irrelevantes ao contexto. Teria futuro enquanto levantadora, se assim desejasse, altura eu tinha. Poderia pensar em jogar basquete também. 
As transformações que encerrariam minha infância seriam mais cáusticas, profundas e inquestionáveis.
A família sempre foi o meu grande pilar. Não era novidade para ninguém que os parentes promovessem uma grande reunião no Natal e no ano-novo, oportunidade para os primos se reverem, colocarem as conversas em dia e brincarem até adormecerem nos colchões dispostos na sala do apartamento de vovó. 
A preparação começava cedo, com a Vó Hilda assando os perus e a Tia Zuleica, minha madrinha, correndo no mercado para comprar algum ingrediente que faltou, enquanto o Vô Ariosvaldo preparava o salão de festas do prédio porque a maioria dos moradores viajava durante o recesso.

****

1994 foi um ano bastante difícil e movimentado. Tivemos a perda do Senna, devastadora para o meu pai e meus irmãos mais velhos que apreciavam a Fórmula 1 até aquele sombrio primeiro de maio.
Em julho, com ou sem tetra, meu aniversário estava garantido, mas depois daquele pênalti que rendeu à seleção canarinho o quarto título mundial, não me importei em ser “esquecida”, meu aniversário foi dois dias antes. 
Triste foi perder minha cachorrinha Susi, uma vira-lata cor de caramelo, minha parceira desde os 4 anos. Ela se assustou tanto com os foguetes e rojões que fugiu do festerê no salão de festas, foi encontrada esmagada debaixo da roda do carro de um amigo do meu pai.
Esperava que 1995 fosse melhor, mesmo estando naquela fase em que quebraria todos os espelhos do mundo sem me importar com as superstições relacionadas. Fiz questão de usar o cropped branco de rendinha e a saia rodada cuja barra ficava a dois dedos das minhas coxas finas. Era presente da Dinda, não podia fazer desfeita.
Meus irmãos me achincalhavam dizendo que minhas pernas pareciam duas varetas. Eu estava medindo quase o mesmo que o papai e só não cheguei a ser modelo de passarela, apesar dos inúmeros clamores, porque nunca quis parar de comer e ser um cabide humano, descartado tão logo aparecesse outra de treze que contemplasse às expectativas. Zuleica me dizia que aquela fase de insegurança, angústia e inadequação daria espaço para algo muito maior, para a minha percepção real do que significava ser mulher.
Com a Dinda eu era totalmente transparente. Pelo fato de meu pai ser médico e minha mãe enfermeira, minha madrinha era uma figura de autoridade com quem podia desabafar naqueles tempos em que tinha tantas dúvidas, tantas curiosidades, tantos desejos. 
Ela morava com os pais para cuidar deles, porém trabalhava e custeava os próprios caprichos. No meio daquele ano pretendia conhecer Machu Pichu, no Peru, e queria me levar junto, com a condição de que eu me comportasse bem em casa e tirasse boas notas na escola.
Nosso último abraço sempre terminava com um “até mais” depois que eu pedia a bênção. Não tinha nenhum indício de que seria o último. Ela não tencionava nem por um segundo dar cabo da própria vida, amava acordar toda manhã, acender incensos para fazer suas preces matinais e nunca saía de casa com a barriga vazia. Vovô reclamava do aroma de mirra que se expandia por todo o apartamento. Para agora, Zuleica seria um exemplo de mulher empoderada que jamais precisou de um namorado ou marido para deixar um legado.
Falecer aos 42 anos era impensável. Jovem demais. Machu Pichu a esperava. Aquele ano e tudo o que perderia. Eu precisava dela mais do que nunca. Eu a amava mais do que a minha própria mãe. Muito, muito mais.
Quando acordei naquele fatídico primeiro de janeiro de 1995, lá por volta do meio-dia, escutei a choradeira na sala. Pensei que Drica, minha irmã caçula e pimentinha, havia aprontado das dela. Da última vez que bancou a engraçadinha, levou quatro pontos na testa, mas Adriana, de cócoras ao lado do sofá, observava aquela movimentação tensa com os olhos negros, bem arregalados.
— Que ano! — ironizou meu pai. — A Zuleica morre assim e agora a mamãe vai parar no hospital.
— E queria o quê, homem? Que sua mãe comemorasse a perda da Zuleica?
Mamãe me viu pelo corredor e a expressão tensa em seu rosto tanto poderia ser uma reprimenda em relação ao meu comportamento, como um sinal para o tal do “precisamos conversar”.
Minha madrinha tinha mania de limpeza, nunca dormia sem guardar toda a louça, por mais que vovó insistisse que daria conta de tudo pela manhã. Zuleica se angustiava com louça suja e fora do lugar, chão cheio de migalhas e vasos de lixo transbordando.
Meus avós costumam rezar o terço antes de dormir. Eram católicos fervorosos. Se tivessem dormido tão logo os convidados se despedissem, não ouviriam o estrondo vindo lá da cozinha. Foi um ataque cardíaco fulminante, igual ao da personagem de uma novela que passou no ano anterior e a qual amávamos muito.
Saí de casa para desmentir minha mãe e por mais que apertasse a campainha do apartamento dos meus avós até o dedo indicador ficar roxo, ninguém me atendia. 
Quando notei que a caravana voltava não para celebrar e sim para lamentar, fugi pela saída de emergência e corri até onde minhas pernas de gazela desengonçada suportaram, queria que meu coração parasse também.
Viver havia perdido todo o sentido.
Naquele dia, perdi completamente a noção das horas, me escondi na copa de um pé de ameixa que não ficava muito longe do complexo residencial onde meus avós e a Dinda residiam, não porque fosse indiferente à dor dos demais, mas porque precisava daquele momento comigo mesma. Não queria ver Zuleica presa a um caixão escuro, todo fechado. Tinha ciência de que não poderia passar o resto dos meus dias escondida e que não queria voltar para casa.
A morte da minha madrinha abalou as estruturas emocionais de todos. Vovó teve várias crises de hipertensão durante o sepultamento da filha do meio e meus pais sofriam porque tinham noção do efeito dominó. Meus irmãos lamentavam o falecimento de uma tia próxima e querida, contudo, não a amavam como eu a amava.
Tudo perdeu a graça: comemorar aniversário, brincar com as outras crianças na rua, até mesmo estudar. Só não repeti de ano, seria uma humilhação ficar atrasada em relação aos meus amigos, por mais que não sentisse vontade nenhuma de interagir com ninguém e em alguns momentos carregasse a culpa por não ter forças para superar a perda da pessoa que mais me amava no mundo.
Meus pais me amavam, todavia Drica, por ser a filha mais nova, recebia mais atenção. No outro extremo o Sérgio, o primogênito, que estava em ano de prestar vestibular e seria o primeiro Paternostro da geração a terminar os estudos regulares.
Só de ver a chamada do Réveillon do Rubão na televisão eu já entrei em pânico. A família tomou a decisão de manter as tradições, mas a Cecília de um ano antes não era aquela que surrupiou uma garrafa de bebida destilada e uma cartela dos comprimidos que meu avô utilizava para manter a pressão arterial em níveis estáveis.
Pela primeira vez na vida não me interessava nem um pouco em receber um ano, escolher roupa branca ou fazer penteado especial. Aquele que se passou como um borrão na memória não deixou saudades. Primeiro de janeiro sempre traria consigo a lembrança de uma dor que nunca passou por completo.
 Ainda hoje não sou simpática ao ano-novo, motivo pelo qual preferiria trabalhar para poder dormir durante a queima de fogos e ficar quase sozinha numa redação vazia e carente de grandes reportagens, posto que salvo alguma tragédia ou evento político, os primeiros dias de janeiro costumam ser pouco movimentados.
Despertei numa cama de hospital, vendo meus pais e irmãos se controlarem para não chorar. Um médico, amigo de longas datas do meu pai, desconfiou de tentativa de suicídio, no entanto, ninguém queria falar sobre aquele assunto tabu e me encher de perguntas. 
Papai sempre diz que quem me salvou foi Drica, pulando na minha cama para me acordar e ver a queima de fogos. Ao notar que eu não reagia, puxou as cobertas, gritou na minha orelha, puxou meu cabelo e, aos gritos, chamou meus progenitores, esperando que eles me dessem uma bronca por dormir na hora da virada.
Dez anos atrás, numa balada de ano-novo, conheci você…

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