Coragem é continuar amando, mesmo após tantos enganos, desencontros e decepções, quando o tempo corre contra nossos anseios e a distância assume a função de arrancar as esperanças.
É enxergar além das projeções megalomaníacas. Meu príncipe pode não ser encantado porque não passa de um homem comum, com defeitos, fraquezas. Ele não chega montado num cavalo branco, nem me salva de mim mesma, mas é aquele alguém em cujos braços quero dormir aninhada até o fim dos dias, se possível.
Coragem é confiar que a espera chegou ao fim e dar o afamado salto de fé. Permitir que ele segure a minha mão quando ela estiver gelada, trêmula e inquieta, buscar os ombros dele quando os braços abertos me chamam.
É suprimir o medo e dizer a tal frase sem embaraços. Ser o colo que o embala quando ele precisa desligar-se dos ruídos mundanos, o beijo que o deixa com gotinhas de mel por entre os lábios, a mais doce das metáforas, a princesa para quem ele diz sim até o fim.
Coragem é aceitar que o passado não passa de um borrão sem importância, um rascunho mal sucedido. Dentre tantas versões mal-escritas e com furos risíveis no enredo, é chegada a hora de redigir um final digno a este capítulo. Não precisa ser perfeito, apenas verdadeiro.
Aqueles olhos castanhos e ternos são o meu caminho, o caminho do amor, o espelho onde me encontrei enquanto buscava compreender os mistérios da alma. Carecia de um bom motivo para acreditar no amor e em mim, agora o tenho.
Viver sem ele é uma realidade impossível de ignorar. No entanto, tal perspectiva vem acompanhada de um desespero familiar, o pesadelo que cochicha com o carma. A primavera partiria sem demora, quiçá para sempre. Herdaria as lembranças e a dualidade concernente, mas essa é conversa para outra ocasião.
O amor trouxe as flores que faltavam para meu jardim voltar a florescer. Sementes, apenas. Um bom início.
Curitiba, 6 de maio de 2012
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