10 anos depois: o legado das Jornadas de Junho

 

Em 2013, quando as ruas começaram a se encher de gente protestando contra os absurdos de um Brasil que, no fundo, ainda estava longe de ser o país dos nossos sonhos, eu me vi ali, com a esperança de que algo estava prestes a mudar. Era um momento de empoderamento popular, um grito de quem estava cansado de ser tratado como parte de um rebanho, obedecendo sem questionar. 

Nós, como sociedade, queríamos mostrar que estávamos atentos, que não era só sobre os 20 centavos, mas sobre uma mudança estrutural que exigia mais do que um país que se preparava para sediar uma Copa do Mundo. Queríamos que a mesma energia dedicada ao evento esportivo fosse direcionada para saúde, educação e segurança pública — questões fundamentais que, até hoje, continuam sendo negligenciadas.

Na época, era como se, finalmente, houvesse a possibilidade de um novo caminho. A possibilidade de cobrar de maneira contundente as melhorias que tanto precisávamos. Porém, olhando para 2023, vejo que, se eu soubesse que aquelas manifestações de junho dariam brecha para a ascensão de alguém como Bolsonaro ao poder, jamais teria apoiado aquelas passeatas. Naquele momento, estávamos todos buscando uma mudança, porém não tínhamos a clareza de que a abertura para o novo poderia, paradoxalmente, nos conduzir a um caminho de retrocesso tão doloroso.

Hoje, olhando para trás, percebo que o que estava em jogo não era apenas o cancelamento da Copa. O que realmente queríamos era ser ouvidos. Era exigir que o nosso país fosse mais do que uma vitrine de grandes eventos internacionais; era querer, de fato, um Brasil que funcionasse para todos. Um Brasil que se importasse com a saúde de quem mais precisa, com uma educação digna e com segurança pública de qualidade.

Agora, mais do que nunca, vejo que a luta que começamos em 2013 não foi em vão. Ela só se desvirtuou em alguns momentos, porque, ao invés de refletirmos sobre o verdadeiro papel da sociedade — de cobrar e atuar como agente de mudança —, fomos capturados por discursos de ódio e polarização que, ao final, só causaram divisões ainda maiores no país.

Ainda acredito que o desejo de transformação que nos uniu nas ruas de junho de 2013 é legítimo e continua vivo. O Brasil que queremos não é aquele em que, após grandes eventos, tudo volta à estagnação. 

Queremos um país de justiça, igualdade e, principalmente, que todos possam viver dignamente. Que possamos refletir sobre como a nossa atuação, enquanto sociedade, deve ir além das manifestações esporádicas e se tornar um movimento constante, um esforço contínuo por um futuro melhor para todos.

fantasmas 👻👻👻

 


setembro 14, 2022

fantasmas 👻👻👻

23:03 |

 

Era noite de sexta-feira quando senti uma angústia difícil de ignorar porque a princípio parecia tudo bem, levando em conta os critérios pessoais, aliás, a luta para ficar bem é o que me mantém porque Marte em Áries não me deixa esmorecer, no entanto, não se pode ser forte o tempo inteiro. 

Respirei fundo, mas a vontade de chorar permaneceu. Carrego saudades em meu coração, mas a maior ausência nessa fase da minha vida é de mim mesma, não é de um amigo ou um amor, embora não tenha nem um nem o outro. 

E eu, que sempre pirei só de pensar em uma rotina monótona, hoje, com conhecimento de causa, posso bradar que existe vida ao abdicar de um sonho, porém o preço a pagar é alto e as decisões tomadas com base na impulsividade são fantasmas em meu encalço.



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fetiches

 


afáveis e cálidos braços envolvem-me
respirações entrecortadas,
o olhar cúmplice depois do beijo,
as continuações,
as roupas vão ficando pelo chão,
seus dedos tocam uma canção,
sou apenas sua.
estamos em casa.

se nuvens derramam lágrimas furibundas
e ventos tempestuosos prenunciam perigos, não tememos.
nós já protagonizamos esta cena diversas vezes,
no entanto, nossos personagens tinham nomes distintos,
os cenários de outrora são nossas
"saudades do que afirmamos nunca ter vivido".
estamos em casa.

se nós sempre nos reconhecemos
em meio ao turbilhão de deveres mundanos,
sabe-se que o esquecimento nunca apagou as impressões
que nos reconectam àquela parte da nossa essência
— tão necessária para que o ritmo do processo de evolução não enfraqueça —,
tampouco o apreço responsável
por tão memoráveis encontros de almas, corpos e intenções.
estamos em casa.

toques sagram reencontros e sanam tão doloridas ausências,
fecho os olhos e continuo sonhando,
após uma vida de tombos e desencontros
eis o sim para o sonho que hoje faz da realidade a poesia
porque ela é a sensível ilustradora
dessa história que nunca terá fim,
apenas breves intervalos entre os atos.
estamos em casa.

- fetiches


Curitiba, 06 de julho de 2022.

Meu planeta de cores está em #4 no ranking de poesia

 


Boa noite, tudo bem aí do outro lado? Espero que sim e que se não estiver, não se desespere, pois tudo passa. Aproveitei para passar aqui e registrar que meu novo livro de poesias, Meu planeta de cores, conseguiu alcançar a quarta colocação no ranking de poesia, uma surpresa grata, posto que em matéria de divulgação estou ciente que deixo a desejar, todavia, todas as pessoas que passarem pelo livro, votando ou não, gostando ou não, são bem-vindas e o crescimento, embora pequeno ao ver de alguns, é grande para mim. Deve-se celebrar todas as pequenas conquistas, todas, todas elas. E cá estou, mas de saída também estou. Tenha uma linda e abençoada semana, a gente se vê no próximo post. =)

Mary Recomenda | A Pindonga Azarada

Quem gosta de festa junina tem grandes chances de amar a edição extraordinária do Mary Recomenda , em clima de São João. Não vou...