O que o amanhã me traz, não faço a menor ideia… e talvez seja melhor não saber.
Minha primeira aula na universidade foi logo de Literatura. Esses encontros semanais são muito enriquecedores em todos os sentidos e estou tendo desde então a oportunidade de expandir conhecimentos e desenvolver um pensamento mais crítico e consciente sobre o conteúdo que foi produzido antes de mim, a importância de possuir embasamento teórico para me aprofundar mais ainda em um universo vasto de vozes a serem ouvidas e outros conceitos mais que me ajudarão a ser um ser humano melhor.
Não sei o que escrever.
Não sei como me sentir.
Não sei onde ele está.
Não sei se ele voltará.
Sei que o sorriso se desfez quando não o vi.
Que as esperanças diminuem à medida que os dias passam.
Que meu coração está batendo num ritmo mais lento e entristecido.
Que eu gosto tanto dele que não consigo sequer colocar em palavras.
Que ver o lugar dele vazio está doendo bem mais do que eu imaginava.
Que não adianta procurar em ninguém o que só ele me faz sentir.
Não sei se é amor.
Se não passa de uma quedinha inocente.
Se devo conjugar o afeto no presente.
Não sei...
Só sei que hoje no meio da aula eu tive uma crise de choro.
Que senti uma vontade tão grande de abraçá-lo.
Que o sol sentou-se ao meu lado num banco amarelo e me deu a mão.
Que só então dei-me conta do quanto deixei-me cativar.
Que nada me maltrata mais do que um cenário de indefinição.
Que a verdade dói e é melhor do que viver a espera que nunca acaba.
o amor não prende-se a falidas convenções,
ama-se sem medidas, sem impor condições.
reconheço o amor na essência de quem amo,
tampouco amo um em detrimento de outro.
cada sentimento corresponde ao que se vive.
com cada pessoa, cada vez mais aprendo a amar.
a isso os moralistas chamam de libertinagem,
eu, por minha vez, entendo por liberdade.
— sempre foi um poema de amor 🪻
— a primeira vez que a vi 🌙
apossar-se do sentido,
captar a frequência,
explorar a sintaxe,
decodificar o indizível;
sintetizar para transcender
as nuances do afeto.
— um poema com o seu nome
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homofóbicos NÃO PASSARÃO |
Hoje meu pai estava assistindo ao discurso de um deputado e o político, em certa altura, criticou a Parada do Orgulho LGBTQIA+, utilizando a falaciosa desculpa de que "as criancinhas podem ser mal influenciadas pelos LGBTS".
Nesse ínterim, minha mãe, mulher de outra geração, discordou do deputado porque considerou o discurso dele LGBTfóbico. Esse coraçãozinho aqui foi tomado de alegria e ternura porque minha batalha não foi, não é e não será em vão.
O deputado tem o direito de se expressar dentro e fora do plenário, no entanto, da mesma forma temos o direito de discordar e desde que a troca de ideias mantenha-se dentro das quatro linhas da legalidade, tudo certo.
A questão mais determinante é sobre quando o discurso coloca vidas em risco, oprime e invisibiliza a existência de outrem porque temos liberdade (ou acreditamos ter) para sermos quem somos, no entanto, seria insano pensar que iremos agradar a todos os públicos, nem nós gostamos de todo mundo.
Ninguém está nem aí se você concorda e ninguém aqui quer ler versículo bíblico jogado fora de contexto para sustentar a falsa santidade, a questão é respeitar. Se o seu deus é aquele que só pune, odeia, castiga e condena, sinto muito, mas ele não é o meu. E que bom.
Por outro lado, ver minha jornalista favorita se assumir em rede nacional enche o coração de ternura, nos lembra que temos de nos posicionar, ser para os outros as referências que não tivemos, não permitir que ninguém se aproprie do nosso lugar de fala, nem que ninguém nos diga o que é ou não preconceito.
Há pessoas que temem aquilo que não conhecem e não compreendem muito bem, logo, é preciso ter carinho e respeitar o espaço de cada pessoa da mesma forma que reivindicamos nosso respeito e nosso espaço por meio das artes, das políticas de inclusão e da força de vontade de cada um todos os dias para ser quem se é, para que deixemos de integrar estatísticas nefastas.
Sou quem eu sou, seja quem você é. Com muito orgulho. 🌈
Em 2013, quando as ruas começaram a se encher de gente protestando contra os absurdos de um Brasil que, no fundo, ainda estava longe de ser o país dos nossos sonhos, eu me vi ali, com a esperança de que algo estava prestes a mudar. Era um momento de empoderamento popular, um grito de quem estava cansado de ser tratado como parte de um rebanho, obedecendo sem questionar.
Nós, como sociedade, queríamos mostrar que estávamos atentos, que não era só sobre os 20 centavos, mas sobre uma mudança estrutural que exigia mais do que um país que se preparava para sediar uma Copa do Mundo. Queríamos que a mesma energia dedicada ao evento esportivo fosse direcionada para saúde, educação e segurança pública — questões fundamentais que, até hoje, continuam sendo negligenciadas.
Na época, era como se, finalmente, houvesse a possibilidade de um novo caminho. A possibilidade de cobrar de maneira contundente as melhorias que tanto precisávamos. Porém, olhando para 2023, vejo que, se eu soubesse que aquelas manifestações de junho dariam brecha para a ascensão de alguém como Bolsonaro ao poder, jamais teria apoiado aquelas passeatas. Naquele momento, estávamos todos buscando uma mudança, porém não tínhamos a clareza de que a abertura para o novo poderia, paradoxalmente, nos conduzir a um caminho de retrocesso tão doloroso.
Hoje, olhando para trás, percebo que o que estava em jogo não era apenas o cancelamento da Copa. O que realmente queríamos era ser ouvidos. Era exigir que o nosso país fosse mais do que uma vitrine de grandes eventos internacionais; era querer, de fato, um Brasil que funcionasse para todos. Um Brasil que se importasse com a saúde de quem mais precisa, com uma educação digna e com segurança pública de qualidade.
Agora, mais do que nunca, vejo que a luta que começamos em 2013 não foi em vão. Ela só se desvirtuou em alguns momentos, porque, ao invés de refletirmos sobre o verdadeiro papel da sociedade — de cobrar e atuar como agente de mudança —, fomos capturados por discursos de ódio e polarização que, ao final, só causaram divisões ainda maiores no país.
Ainda acredito que o desejo de transformação que nos uniu nas ruas de junho de 2013 é legítimo e continua vivo. O Brasil que queremos não é aquele em que, após grandes eventos, tudo volta à estagnação.
Queremos um país de justiça, igualdade e, principalmente, que todos possam viver dignamente. Que possamos refletir sobre como a nossa atuação, enquanto sociedade, deve ir além das manifestações esporádicas e se tornar um movimento constante, um esforço contínuo por um futuro melhor para todos.
setembro 14, 2022
23:03 |
Era noite de sexta-feira quando senti uma angústia
difícil de ignorar porque a princípio parecia tudo bem, levando em conta os
critérios pessoais, aliás, a luta para ficar bem é o que me mantém porque Marte
em Áries não me deixa esmorecer, no entanto, não se pode ser forte o tempo
inteiro.
Respirei fundo, mas a vontade de chorar permaneceu.
Carrego saudades em meu coração, mas a maior ausência nessa fase da minha vida
é de mim mesma, não é de um amigo ou um amor, embora não tenha nem um nem o
outro.
E eu, que sempre pirei só de pensar em uma rotina
monótona, hoje, com conhecimento de causa, posso bradar que existe vida ao
abdicar de um sonho, porém o preço a pagar é alto e as decisões tomadas com
base na impulsividade são fantasmas em meu encalço.
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ela era uma rosa como todas as
outras
num canteiro que ladeava um
belo jardim.
desejava asas mas tinha
espinhos,
acostumada a viver sem carinho,
sonhava acordada e dela as
outras davam risada.
a joaninha dizia:
— não perca a esperança,
amiga minha,
o amor há de te encontrar,
seja paciente!
a sorte pode ser traiçoeira!
ela era uma rosa como todas as
outras
não era raposa mas também
sabia cativar,
mãos erradas poderiam do
jardim arrancá-la.
as outras rosas costumavam
zombar dela.
— sempre sozinha, que insucesso!
cuidado porque o tempo passa,
a idade chega,
fica cada vez mais difícil encontrar alguém,
que dirá alguém que preste,
debochou a rosa pretensiosa.
antes solteira a ser refém da
sorte traiçoeira,
repetiu baixinho a sensata
rosa,
o amor é necessário e o
entendimento também.
ela era uma rosa como todas as
outras
até a tarde em que um belo e
sensível clique
fez dela a mais bela de todas
as rosas do jardim.
os olhos dele fulgiram nesse
doce encontro
e, dessa forma, ela viveria
para todo o sempre.
as outras rosas olhavam-na de
cima a baixo,
tinham os cravos comendo em
suas mãos
e desdenhavam da ideia de um
dia a pobre rosa
conquistar um amor para a vida
toda,
inconformadas estavam porque esse
dia chegou.
— o que aquele beija-flor tão maravilhoso
viu naquela rosa tonta e sem graça?
ela é tão estranha, esquisita,
ela nem sequer é uma de nós!,
murmurou uma rosa pretensiosa.
o que ela tanto tem que eu não tenho?
ela costumava ser uma rosa
como todas as outras,
vivendo um dia de cada vez,
como tinha de ser;
distraída e à procura de novos
defeitos a odiar,
o cravo a via de longe, a
primeira flor da primavera,
tão linda, tão desprendida,
tão doce e tão singela.
— sou uma rosa igual a todas as outras,
o que você enxergou logo em mim?,
quis saber a apaixonada rosa.
— enxerguei em seus olhos o fim de uma busca,
a busca pelo amor que sempre sonhei,
que não era miragem nem delírio,
seu toque macio despertou sonhos antigos e esquecidos,
destroços de intermináveis tempestades pelo entorno
não intimidaram o desabrochar da primavera.
seu amor me trouxe de volta para casa.
não almejo possuí-la com violência,
tampouco tenho pretensões de aprisiona-la
em uma fria e impessoal redoma.
amo você desde o primeiro olhar,
de você pretendo sempre cuidar,
pode haver muitas rosas aqui nesse jardim,
mas você é a única para mim!
desde então,
ela não é mais uma rosa como
todas as outras,
ela é a rosa mais feliz de
todas as rosas.
- a rosa mais feliz de todas as rosas 🌹
afáveis e cálidos braços envolvem-me
respirações entrecortadas,
o olhar cúmplice depois do beijo,
as continuações,
as roupas vão ficando pelo chão,
seus dedos tocam uma canção,
sou apenas sua.
estamos em casa.
se nuvens derramam lágrimas furibundas
e ventos tempestuosos prenunciam perigos, não tememos.
nós já protagonizamos esta cena diversas vezes,
no entanto, nossos personagens tinham nomes distintos,
os cenários de outrora são nossas
"saudades do que afirmamos nunca ter vivido".
estamos em casa.
se nós sempre nos reconhecemos
em meio ao turbilhão de deveres mundanos,
sabe-se que o esquecimento nunca apagou as impressões
que nos reconectam àquela parte da nossa essência
— tão necessária para que o ritmo do processo de evolução não enfraqueça —,
tampouco o apreço responsável
por tão memoráveis encontros de almas, corpos e intenções.
estamos em casa.
toques sagram reencontros e sanam tão doloridas ausências,
fecho os olhos e continuo sonhando,
após uma vida de tombos e desencontros
eis o sim para o sonho que hoje faz da realidade a poesia
porque ela é a sensível ilustradora
dessa história que nunca terá fim,
apenas breves intervalos entre os atos.
estamos em casa.
- fetiches
Curitiba, 06 de julho de 2022.
Boa noite, tudo bem aí do outro lado? Espero que sim e que se não estiver, não se desespere, pois tudo passa. Aproveitei para passar aqui e registrar que meu novo livro de poesias, Meu planeta de cores, conseguiu alcançar a quarta colocação no ranking de poesia, uma surpresa grata, posto que em matéria de divulgação estou ciente que deixo a desejar, todavia, todas as pessoas que passarem pelo livro, votando ou não, gostando ou não, são bem-vindas e o crescimento, embora pequeno ao ver de alguns, é grande para mim. Deve-se celebrar todas as pequenas conquistas, todas, todas elas. E cá estou, mas de saída também estou. Tenha uma linda e abençoada semana, a gente se vê no próximo post. =)
certas rupturas são, na verdade mais pura,
aberturas de caminhos,
para viver um sonho jamais escrito,
o amor que eu havia dado por perdido.
— segundas chances em quatro versos 🩷
adversidades e provações somam-se
os amigos, por sua vez, somem
máscaras e promessas desfazem-se
não pretendo implorar para que fiquem
o caminho é pela sombra
não tem atalho de volta
se para os lados eu olhar
apenas a mim mesma irei encontrar
foi sempre assim
a quem eu tanto tentei enganar
senão a mim?
- deserto
Os tantos benefícios acessíveis por meio da fama são fatalmente sedutores. Pode ser aquele distinto cavalheiro que a convida para dançar sem olhar as horas, aquele instante em que a sua versão de 10 anos se senta na primeira fileira para acompanhar o seu discurso com os olhinhos úmidos e ternos, orgulhosa dessa jornada que te conduziu até a glória, no entanto, a exposição que consagra o talento e a dedicação carrega um punhal nos ombros, sempre à espera de um momento de descuido para entrar em cena.
N/A: Hoje apresento a releitura do poema Segure a minha mão, escrito há 4 anos, quando 2023 era um sonho distante. Este é o meu posicionamento e, portanto, eu tenho o direito de me expressar. Em caso de desagrado, beba um gole de água, mas mantenha o conteúdo no céu da boca até que a raiva passe, então engula, fecha a página e vá ser feliz.
N/A: Encontrei esse texto de 2018, cuja narradora é a Ceci Paternostro ♥, da obra Aconteceu naquela tarde de verão. Cecília completará 5 anos de criação em agosto. Submeti o texto a uma revisão, reedição e reescrita. Conjugando corretamente o pronome da pessoa amada. B não é biscoitinho da sigla. Nós existimos.
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Toda forma de amor tem espaço no OCDM |
Tenho poucas certezas sobre o futuro, no entanto, não posso mentir que não sonho em encontrar alguém que me note com os olhos do coração e me mostre o lado mais doce do amor.
No começo eu não gostava de você. E é assim que essa história começa. Carece-me a requerida habilidade para transformar simples palavras em uma encantadora manifestação do mais profundo afeto, este, que cresce sem o menor receio de ser inconveniente, o elemento responsável por encurtar as mais longas distâncias e reavivar a esperança até nos corações mais feridos. Eis que faço da honestidade o meu álibi.
Não havia grandes expectativas a seu respeito. Decepcionada demais com a indiferença e os tantos obstáculos que roubavam o brilho do olhar, parecia uma sina, um carma, uma infinita maré de azar, como se a conta não fechasse de jeito nenhum e a sentença de ser ímpar até o fim dos tempos fosse uma pedra pesada que eu era obrigada a carregar nas costas, sem nenhuma chance de aliviar o fardo. Quanto antes eu deixasse de esperar por algo que nunca esteve destinado a ser meu, melhor seria.
A linearidade não seria muito útil para ilustrar qual foi o momento exato em que tudo mudou e sentimentos novos sobre você tomaram conta dos meus pensamentos, porque não há uma resposta objetiva e clara, as chances de transformar simples palavras em digressões não devem de maneira alguma ser desprezadas. O mais precioso conteúdo estava trancado a sete chaves dentro do peito, eu não me atreveria a pronunciar em voz alta.
O desejo de estar com você me bastava, nenhum outro lugar seria tão aconchegante, desvendar você era a missão que me excitava. Na realidade, era desconcertante admitir que eu estava profundamente apaixonada. Os versos não mentiam, nem as batidas do coração, nem a vontade de um dia chorar no seu abraço perfumado.
Eu me repreendia por sentir. Você também é uma mulher. Eu me julgava errada e doente, tentando de todas as formas transferir esse sentimento para algum homem, convencer-me de que eu estava confundindo tudo. Era sobre isso que eu não falava em voz alta, sem fazer ideia de que você era a pessoa que mais poderia me ajudar.
Senti ciúmes, senti saudades, senti raiva por gostar de você e tentei de todo jeito te esquecer, convencer-me de que aquela fase da minha vida era confusa, mas nunca houve nada de confuso, eu tinha uma noção do quanto aquele sentimento era puro e precioso, nem mesmo pediria reciprocidade, o encanto todo feneceria se porventura entrassem em jogo as chantagens, as cobranças, as mil condições impostas.
Naquele despertar o mais importante já havia ocorrido: o bálsamo da esperança já havia invadido o coração, contagiando-o com a esperança, a certeza de que o amor sempre encontra um caminho novo para o meu lar.
Nunca deixei de te querer bem porque mesmo sendo uma pessoa bem diferente de alguns anos atrás, nunca me esqueci do quanto aquela fase me ensinou tanto e contribuiu para que eu despertasse quando me sentisse confortável para falar em voz alta sobre tudo que enterrei para não ter que lidar, para me aproximar do protótipo tido como "ideal" para sobreviver e ser aceita, porém de nada adianta focar tanto na aprovação alheia e me deixar de lado, é uma traição ao brio, um golpe baixo, uma mentira almejando passar-se por verdade.
Amar outra mulher não é um crime, tampouco depravação, pretexto para diminuir o valor de alguém, medir o potencial, para exclusão. O encontro de duas almas afins após tanto tempo caminhando no deserto da vida foi arquitetado pelo universo muito antes de cada uma nascer, pois o destino aproximaria o que estava destinado a ser.
E isso deveria ser inspirador, belo, porém há tanta gente maldosa, ignorante, movida pelo ódio, pela intolerância, a exaltar o preconceito, que simplesmente culpa a mediocridade de suas próprias vidas insignificantes para aliviar-se do fardo de uma existência sem propósito, romantizando o passado em que elas subjugavam os outros e destruíam a dignidade deles sem um pingo de remorso, para marcar território e inflar os egos, a determinar o que é certo ou errado, ainda que não disponham de envergadura moral para tais fins. Amar deveria ser lei e tudo que fosse contrário a esse propósito se configuraria em contravenção.
Por vezes sinto-me com a garganta embolada, questionando se não estou sozinha em um mundo que rejeita pessoas como eu, você e tantas outras, chegando inclusive a pensar que tudo seria mais fácil se eu me esforçasse mais um pouquinho para caber no padrão, fazer o que as outras fazem, pensar como elas pensam, seguir o fluxo, mas da vida almejo tão mais que me sujeitar a desperdiçar meus dias aqui tentando ser o que não sou que me envergonho.
Eu gosto de quem sou, no entanto, calo-me porque seria uma piada admitir que amo meus olhos escuros, minhas roupas pretas, passar a noite ouvindo música e olhando para o céu, pois também amo o que escrevo, não me importo em nunca ser famosa porque esse não é o melhor parâmetro para descrever a arte que pulsa em minhas veias, amo a minha capacidade inesgotável de seguir em frente mesmo quando já julguei não ter forças para isso porque ainda que o sol deixe de brilhar sobre a minha cabeça por alguns dias, ele sempre me cobre de amor quando retorna e me acompanha para aonde quer que eu vá, no inverno, no verão, pouco importa a estação.
Além disso, por maior que seja a dor de não ter quem me entenda, com quem possa de fato desabafar sem medo, agradeço tanto por aquele dia em que te vi pela primeira vez. Ainda era cedo, cedo demais para saber, mas muita coisa dentro de mim iria mudar. Para melhor, aliás. E pensar que no começo eu não gostava de você…
Ah, as frases de impacto. Elas conferem um charme ímpar quando proferidas e não cansam a leitura de ninguém, no entanto, assim que os dedos arrastam o feed para baixo, perdem o sentido, o destino de todas as postagens.
As crenças internalizadas são as mesmas de duas gerações atrás: ninguém tem interesse que você seja você mesma e se sinta linda como é. Eis o contrário: você deve se odiar e ser uma eterna insatisfeita, disposta a pagar o preço que for necessário para ser tudo, menos você.
Não vemos com bons olhos a sua tentativa de empoderamento, prosperidade e independência, desejamos que você faça o que todas as outras fizeram e, de preferência, sem questionar as nossas estruturas. Não nos importa a sua opinião, mas a sua submissão.
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Prédios espelhados (Reprodução/Arquivo pessoal) |
Especial - 2 de Maio: Dia Nacional do Humor Feliz Dia Nacional do Humor! O 2 de maio é o dia dedicado a uma das formas mais poderosas de con...