Escritor deveria ser ressarcido pelos danos emocionais, receber o retroativo pelas férias não tiradas, um seguro de vida cuja cláusula inclui as fortes emoções, a resistência a críticas, tornando-me apta para ser ajudada pelo Bolsa Gastrite.
Revolucionário sem bandeira. Droga, estou perdida! Poderia ser pós-graduada em algo, casada, ter 2 filhos pequenos, carente de manias. Menos problemática, menos esquisita, menos complicada… Comum…
Mas ela me escolheu a dedo. Meia volta, volver. Sem saber, já é uma boa introdução. Dormir… Aliviar o tédio a consumir as tardes de sábado… E agora, no oceano virtual de tutoriais fajutos, auto ajuda descartável, falsos santos e indiretas mal endereçadas, lá estou eu, pescando fantasmas, quase invisível frente à perfeição determinada.
Versos livres, rimas meia boca, sinceridade demasiadamente ácida. Ame-me ou odeie-me, sem ficar em cima do muro. Esperar significa implorar por mais um dissabor.
Bem feito, quem manda acreditar em pessoas? Vai lá se magoar, ouvir que te cabe “nessa idade” uma “profissão de verdade”.
Metade da alegria já se foi, a outra, desconheço. Assim sigo no meu insustentável orgulho, varando tardes
e noites em busca do reconhecimento. Preparo réplicas que te façam engolir o clichê. O seu nariz empinado, só se for. Resenhou ou considerou o que seu pré-conceito não aceitou?
Pense bem, sobretudo antes de falar. Porque, lidando com as palavras, aprendi com elas que o mel também é veneno, não se prendendo a uma única e distinta conotação.
Verifique entonação, intenção e recepção. Procure ser um pouco mais maleável na hora de criticar. Não são só as crianças que sonham, meu caro. Os sonhos pertencem a quem sabe sonhar. E o escritor sonha a sua maneira, cético com relação à qualidade. Esse vinho não está no ponto. O perfeccionismo não o torna mais ou menos sonhador.
O dinheiro indica o real alcance das palavras ou apenas o justo retorno das horas de trabalho, as quais lhe disseram não passar de diversão. Talvez eles estejam certos. O escritor nunca deixa de ser viajante.
Rascunhos bem guardados, trechos refeitos, aumentados, cortados. A cobrança faz parte, portanto, se acostume com a esquisitice porque a normalidade é a utopia da humanidade.
Curitiba, 20 de julho de 2013.
17h20
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