(COISAS QUE VOCÊ SÓ VAI VER NA RPN) O CROSSOVER DA DÉCADA (spin-off especial)

Duas famílias nada convencionais estão prestes a se conhecer e viver uma experiência um tanto quanto inusitada. A proposta em si não é desconhecida no universo televisivo, no entanto, dessa vez não tem costa quente nem armação. Rubão garante que você não verá nada parecido na concorrência.
Antes da abertura do Programa do Rubão, sempre passa algum vídeo tosco e comentado pelo comunicador. 
— Olha o tipo do sujeito... — Rubão ri. — Olha... olha lá... Crise de riso. 
— O sujeito se ferrou...
Depois da abertura, o corpo de baile entra no estúdio ao som de Born to be alive — Patrick Hernández. Uirapuru entrega o microfone a Rubão, que saúda o público de casa. Ele costuma usar vestimentas extravagantes e fazer algum comentário sobre o assistente dele, para desanuviar o clima.
— Pessoal de casa, se a TV tivesse cheiro, vocês saberiam que o Uirapuru está apaixonado.
O homem cora.
— Que perfume, rapá. O Uirapuru tem essa cara de come quieto, mas é o maior pegador...
Uirapuru nega.
— O Uirapuru, depois do nosso ilustre Edu Meirelles, é o campeão de cartas aqui na RPN, arrasa corações. Esses dias, uma rapariga que não se identificou mandou uma calcinha...
A plateia cai no riso.
— Calcinha vermelha. De renda.
Rubão ri e Uirapuru devolve:
— É mentira dele, recebi nada não!
— Olha a responsa, Uirapuru. Sua admiradora secreta está te assistindo... deixa um recado para ela.
— Sacanagem, pô...
Rubão dá um tapinha nas costas do amigo e bagunça o cabelo dele:
— É brincadeira... O Uirapuru não pega nem resfriado...
— Assim também não, minha mulher está vendo o programa...
— Um beijo para você, D. Neusa. Não coloque o Uirapuru para dormir no sofá, não, ele só tem olhos para você...
Quem recebe cartas com calcinhas sensuais é Edu Meirelles, mas isso é assunto para outra ocasião.
— Boa tarde, Brasil! O Programa do Rubão está no ar comigo, o seu galã de todos os domingos... Aqui não tem desânimo, não, xará! Arranca essa carranca, que o Rubão chegou. Nem pense em trocar de canal! Hoje o Programa do Rubão promete... Se você perder, rapá, perdeu! Vai render assunto para a semana inteira. Eu recomendo que você pare o que estiver fazendo porque o programa de hoje, olha, até eu, que tenho experiência, que domino qualquer situação, estou impressionado. Você não viu nada parecido na concorrência. Vai ter cacetada, vai ter câmera escondida, nossa pausa pro futebol, nosso giro de notícias, mas...
Propositalmente, Rubão é cortado para ir ao ar um teaser do tal quadro misterioso.

— Eu sou linha dura mesmo! E com orgulho! Imponho respeito! Comigo, criança mal-educada entra nos eixos. — Apesar de Meire das Neves estar de costas, sua voz é reconhecível. — Nada que um sarrafo bem-dado no meio da cara não resolva. Não tem essa de criança mandar em pai e mãe, criança não tem querer, se quiser tem chicote, vara, cinto e pimenta-malagueta na boca, além de bicuda no traseiro.
— Ah, eu faço o que for pela minha família. Os meus eu defendo com unhas e dentes, boto a mão no fogo. Sou mãe coruja, sim, meus filhos são os mais bonitos, os mais inteligentes e, modéstia à parte, eu sou uma mãe maravilhosa. — Graça Cavicholo também não é mostrada pelas câmeras.
Corta para Rubão.
— Tô falando, não saia daí porque o programa de hoje promete... — anuncia Rubão, sensacionalista como só ele mesmo poderia ser. — Essa minha produção apronta cada uma... bateu ou não bateu uma curiosidade básica? Fala para mim, vai...

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Meire das Neves é apresentada ao público. Foram colhidas imagens dela trabalhando em casa.
— Sou a Meire, mãe da Tita, mãe linha dura, das antigas, mãe que impõe respeito. Comigo, tem que andar na linha senão o bicho pega.
Meire confere o dever de casa de Tita, à noite desliga a televisão quando se supõe que já seja tarde demais para uma criança estar acordada.
— Educar os filhos não é para qualquer um e eu acredito que não estou falhando nessa missão. Criança precisa aprender a respeitar autoridade, ter disciplina, engajamento, não está certo esse negócio de filho mandar em pai, criança respondona tem que ser colocada no devido lugar.
Meire veste a jaqueta de tactel e Tita coloca a mochila nas costas para juntas irem até o carro. Como a garota está uniformizada, entende-se que será levada até o colégio pela progenitora.
— É, a Tita está naquela fase complicada de aborrescência, de querer ficar no quarto, de esconder tudo de mim, mas no geral, eu acredito que minha criação está sendo excelente. Eu coloco ordem, ela obedece e podemos nos considerar uma família feliz e estruturada. — Ela balança a cabeça com os olhos arregalados. — Ah, não. Bagunça é inadmissível! Cai dedo, lavar a louça que sujou e guardar no lugar? Porque pra jogar videogame e fritar o cérebro por horas a fio o dedinho está bem que é uma beleza, nunca vi igual... eu não entendo o que esses jovens tanto veem nesses videogames..., sim, é verdade que hoje em dia já não é mais que nem no nosso tempo em que a molecada podia brincar na rua, mas eu não deixo filha minha brincar na rua, sei a criação que estou dando e não quero que corrompam a Tita... não dá... não dá mesmo... ser mãe hoje em dia é pra quem tem o coração forte porque o mundo, que nunca foi lá tão bonito, está a cada dia pior... mas quem se importa? Os governantes só pensam em si, falam, falam, mas não dizem nada. No fundo, só querem mesmo é o nosso dinheirinho suado e se perpetuarem no poder com essa conversa de acabar com a corrupção. Acaba coisa nenhuma. Todo mundo rouba. Não tem santo, não. Eu não voto em pilantra nenhum, para se ter uma ideia, eu não torço para o Brasil nem em copa do mundo. Não sou mulher que se dobra fácil e sei que minha filha deve me admirar mais do que tudo no mundo.

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É mostrada a fachada de um simpático prédio residencial do outro lado da cidade onde vive a fofoqueira Graça Cavicholo. Numa tomada ela está ajeitando o topete de Renan, seu filho mais novo, e beijando a testa de Isabella, sua neta. Em outra passagem, a família Cavicholo está degustando uma refeição e Fabíola, a primogênita e mãe de Isabella, até usa o guardanapo de pano para causar uma boa impressão.
— Ah, minha família é tudo para mim.
Vários álbuns de fotografias estão espalhados pela mesinha de centro e Graça os folheia enquanto fala sobre os dois filhos e a neta.
— A Fabíola, minha querida Fabi, sofreu um grande golpe da vida e foi mãe muito cedo, o Otto e eu não esperávamos ser avós assim tão cedo, pois apostávamos todas as nossas fichas de que nossa Fabi seria doutora ou então se casaria com um médico, mas a Isa foi um presente de Deus e uma família com F maiúsculo se apoia em todos os momentos. A Isa veio ao mundo para compensar os anos de sofrimento e tristeza que os Cavicholos passaram depois que o meu sogro, o pai do Otto, morreu, e tudo que restou foi esse prédio onde moramos. Somos donos, mas com o que ganhamos com os aluguéis está quase difícil de sobreviver, e esse desemprego... a pobre Fabíola até tenta arranjar ocupação, mas só ouve não... eles querem quem tem experiência, mas como ela vai ter experiência se não dão oportunidade? Meu pobre Otto sofreu um acidente de trabalho e está aposentado por invalidez, faz um bico aqui, outro lá, o danado até tem uns tostões para sobreviver, mas ficar parado em casa não é a praia dele. Ah, meu Renan, meu Renan é um comunicador nato, é o melhor aluno de toda a escola, tem um carisma sem fim que faz a meninada cair de amores por ele, mas focado como é, só quer saber de estudar, quer ser bombeiro esse piá, sem falar que é meu companheiro de novela, a gente assiste a todas as novelas. Os Cavicholos são muito noveleiros. Final de novela é final de copa do mundo: a gente prepara aperitivos, bebidinhas e até o coração. Na hora da novela pode estar caindo o maior toró, o mundo acabando, eu detesto ser perturbada.

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Corta para Rubão, que esfrega as mãos.
— Essas duas mães não se conhecem, não sabem uma da outra, nem imaginam o que nossa produção armou para cima delas... não, você não pode perder essa.
Rei da enrolação, Rubão chama o intervalo comercial, depois faz um giro de notícias, tudo para manter a audiência lá nas alturas.
— Essas duas mães estão prestes a trocar de lugar uma com a outra... — narra Rubão quando a matéria que apresenta as mães ao público volta a ser exibida dentro do programa. — Essas mães nem imaginam que estão sendo entrevistadas pela RPN para participarem desse quadro do nosso programa, elas acham que a matéria sairá em algum noticiário...
Rubão dá uma risadinha fina e sussurra: 
— Vamos ver como elas irão reagir quando souberem...

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Meire a princípio não reage muito bem, pois estar no controle de tudo lhe dá a sensação de segurança que na realidade nunca teve, embora seu zelo acabe por sufocar Tita.
— Um fundo para a faculdade da minha filha? Desejo que a Renata entre numa federal, mas a gente sabe que a concorrência é grande e muito desleal. Filha minha, haverá de ser alguém na vida sem depender de homem. Eu não quero que minha filha dependa do casamento para ser alguém na vida. Na realidade, não importa. Quem faz o profissional é ele mesmo, não é? Também acredito que será uma experiência enriquecedora colocar ordem em outras casas e adotar meu sistema disciplinar que, modéstia à parte, é um sucesso absoluto. Topo esse desafio com a certeza de sair dele fortalecida.

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No apartamento dos Cavicholos, choradeira total.
— Ficar longe dos meus pimpolhos? Mas quem vai cuidar deles? — Graça chora. — Eu não suporto ficar nem um dia longe dos meus pimpolhos, mas se eu ganhar essa bolada de dinheiro, quero ajudar a Fabi a abrir um negócio próprio. A coitadinha precisa de um apoio financeiro para trazer o pão de cada dia para casa, mas vai ser um sacrifício para mim... 
A fofoqueira gesticula, dramática como só ela poderia ser.
— Uma mãe é capaz dos sacrifícios mais extraordinários pela felicidade de um filho, portanto, lá vou eu, para um lar desconhecido, com pessoas desconhecidas, abrir as portas da minha mansão para uma desconhecida tomar conta dos meus filhos, mas, por amor, eu poderia muito mais!..
Graça assoa o nariz.
— Desculpa, mas não posso conter a emoção. Sou de câncer, a matriarca da família. Não faço a menor ideia de como será passar tanto tempo sem contato com meus pimpolhos, sem saber o que se passa aqui. Pensando nisso, escrevi uma lista de tudo que considero essencial para a outra mãe saber sobre os meus pimpolhos.
Graça prega uma lista na geladeira.
— Com essa lista, a desconhecida poderá se adaptar mais depressa ao ritmo dos Cavicholos. Agora, se me permitem, preciso contar essa triste notícia aos herdeiros!

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Rubão interrompe a matéria.
— E isso é só o começo! Mas o Programa do Rubão fará uma pausa para o futebol e voltará em seguida com essa e muitas outras atrações para espantar a carranca do seu rosto...

RPN | A SAIDEIRA É POR CONTA DO MEIRELLES

 

Mascote da RPN veste o manto rubro-negro (Reprodução: criação pessoal da Mary)

É a primeira vez que um vídeo motivacional da Lulu não dá zica. Sim, ela preparou um vídeo especial para motivar o Flamengo a voltar a uma final de Libertadores após 38 anos — motivo de alegria para qualquer flamenguista que se preze e para esta flamenguista que os escreve.

Leve o tempo que for


"A imensidão da estrada assusta. Já dei alguns passos, porém tudo é deserto à minha volta. Tenho medo. Faço monólogos mentais a fim de refletir até onde poderei suportar. Chegarei a algum lugar. Sim, não estou parada. Cada passo por vez, no meu ritmo, sem olhar para o lado e ver quem está adiantado ou olhar para trás, flertando com o arrependimento. Aqui e agora. Determinação. Se o sonho brotou em meu coração é porque sou aquela que irá realizá-lo, leve o tempo que for."

Às vezes sonho que tem alguém, em algum lugar desse mundo, que sonha com o mesmo que eu, alguém que gostaria de encontrar alguém como eu.



        Às vezes, quando não consigo dormir, fecho os olhos e imagino como deve ser abraçar alguém que te faz se sentir protegida, amada, que te aquece o corpo e a alma, como deve ser beijar alguém e sentir que o coração acelera e o desejo queima, pulsa; olhar dentro dos olhos desse alguém e compreender a razão dos desencontros do passado e deixar que alguém me enxergue também, cuidar, porém também deixar alguém cuidar de mim.
        Às vezes sonho que tem alguém, em algum lugar desse mundo, que sonha com o mesmo que eu, alguém que gostaria de encontrar alguém como eu.

Diga que me ama (cap. 10) ele fala


        Você já está nos braços de outra pessoa, amando e se deixando amar. Vocês formam um belo par. Ainda assim, dói. Meus sentimentos estão bagunçados. Alegro-me por saber que depois de todas as desilusões que lhe furtaram a fé, seu coração te guiou com a razão e as portas se abriram para que alguém adentrasse e cuidasse um pouco dessa alma incrível. 
Por outro lado, não serei hipócrita: eu queria ser essa pessoa que te proporciona tantos sorrisos, com quem você imagina um futuro ao lado, ainda que não possa mudar os fatos. Te ver sem poder te tocar, te sentir, ter qualquer esperança de te provar que meu apreço sempre foi verdadeiro, me martiriza sobremaneira. Preciso aceitar que agora você é meu maior impossível.
Queria te abraçar sem pressa e deslizar as mãos pela sua cintura, deixar os dedos correrem por entre os seus cabelos e te beijar. Eu ainda me lembro do seu gosto, deixou saudades no céu da boca. Seu cheiro na fronha do travesseiro, as pontas dos dedos curando feridas que a insegurança encobria com camadas de vaidade. Hoje te enviei aquela música, talvez tenha colocado tudo a perder, porque as mágoas não são muralhas que impedem o contato. Lágrimas não choradas nos surpreendem. Somos tão francos com o papel, libertamos nossos pesos conforme as páginas avançam.
Você se lembra de quando demos nosso último beijo? Sabíamos que seria o derradeiro? Havia algum sinal que não interpretamos muito bem ou fomos vítimas de uma sucessão de desencontros?
        Não quero te constranger te perguntando a respeito da música porque ela, por si só, diria muito mais do que eu, em minhas tentativas pífias de escrevinhar uma resposta digna. Melhor acreditar que te marquei por saber que The Corrs é uma das suas bandas favoritas. Poucos têm conhecimento de que você ainda guarda com carinho os CDs e discos ganhados e comprados. Forgiven, not forgotten é um deles. 
        Ora bolas, você está comprometida. Quase dez anos se passaram desde o nosso último beijo. Seguimos o curso de nossas vidas, nos permitimos beijar outros lábios, dormir em outros braços, encarar desafios e provações. O tempo não parou. Nossas escolhas nos levaram a estar onde estamos hoje. Se decorresse o inverso, a abnegação seria sua prova mais de pura de amor. 
Você viu Yasmin nos braços de outro rapaz e mesmo com o coração quebrado por saber que eles se envolviam enquanto vocês estavam juntas, seguiu em frente e decidiu cuidar um pouco mais de você mesma, não focou sua energia em planinhos ridículos de vingança.
       Ainda me lembro dos seus longos cabelos castanhos cobrindo a cintura, daquele vestido de verão branco com estampas florais e manga ciganinha que você usava naquele happy hour de ano-novo, do colar cujo pingente era um coração vazado, de seu sorriso também. 
Você me disse uma vez não se sentir bonita. Isso ainda se dá por você nunca ter enxergado sob as lentes de quem a ama. Se fosse capaz disso, se surpreenderia. Porque me surpreendi com a intensidade das batidas do meu coração quando nossos olhares se encontraram naquela mesa cheia de gente risonha e paqueradora e nos cumprimentamos pela primeira vez.
        Você estava desacompanhada e não usava anel de compromisso. A noite era longa. Amigos se reuniam e colocavam a prosa em dia. Suas amigas estavam trocando amassos com os companheiros enquanto você conversava e parecia até um pouco deslocada, não exatamente por não ter um par, mas porque não estava em seu lugar.
        — Está esperando alguém?
        Você fez que não com a cabeça.
        — Tudo bem se eu me sentar aqui?
        Você me perguntou se eu era quem era, confirmei com um sorriso e então me lembrei de uma moça bonita a qual alguns amigos meus comentavam, que apesar do talento não ascendia na profissão porque não dormia com o patrão. Não se aborreça comigo, mas era o papo que rolava entre amigos em comum, que a Cláudia Barreto só se tornou âncora do TVTV News porque saía com o Sr. Velloso, enquanto você, que havia estudado por quatro anos, feito pós-graduação e vários cursos livres, era preterida, apesar de talentosa.
        Essa moça bonita era você, também conhecida por não dar moral a ninguém.
As línguas maldosas diziam que você almejava ser à preferida do velho Velloso e por isso não assumia nenhum relacionamento. Outros já questionavam sua orientação sexual, embora naquela época você não falasse a respeito, fosse por medo de portas fechadas ou por separar vida pessoal da profissional com a maestria que poucos de nós conseguimos.
        — Pois é, tenho que estar de pé às sete. — Você deu de ombros. — Estou de plantão, por isso não vou beber nem um golinho, só vim dar um abraço no pessoal…
        — Não vai nem acordar para ver os fogos?
        — Talvez… — Você me respondeu, sorridente, e a conversa fluiu tanto que, por mais que seus sinais não fossem tão claros, a ideia de dormir com você se agigantou dentro de mim. Se você também curtia viver intensamente sem problematizar tudo, trato feito.
        — Depois do plantão, você vai ter uma folguinha? — Arrisquei, porque tudo que poderia ouvir de você era um não e até onde sei, ouvir não faz parte da vida. Pior do que ele, o nada, o nada que poderia ter sido tudo, a teia destrutiva da suposição.
        — Não. Sigo na labuta. Não paro nunca. — Você me respondeu.
        — Nem gripe te derruba? — Brinquei.
        — Só gripe e olha lá.
        A primeira impressão nem sempre é a mais correta, mas a sua desmontou todas aquelas teorias da conspiração que pipocavam a seu respeito. 
Naquele instante, vi uma jovem jornalista focada batalhando para construir uma reputação ilibada no trabalho, dedicada, entretanto, esgotada e ferida pela total falta de reconhecimento, sem oportunidades reais de ascensão.
Gozei desse privilégio, não posso negar; só agora me dou conta disso, de que o caminho que você trilhou para estar onde está, foi muito mais repleto de buracos, trechos íngremes e curvas perigosas. No entanto, para a felicidade geral, você nunca se intimidou nem com a pior das tempestades.
        — Me passa seu número?
        Meus planos para 2009 eram os de sempre, comuns a todos nós, os clichês que repetimos para que se tornem verdades. Aquele que brotou quando 2008 já se aproximava do derradeiro fim, foi te ver naquele novo ano, te ver nem que fosse uma só vez, quiçá a última.
        E você me passou seu número, aproveitando o ensejo também para se despedir da turma. Provavelmente até hoje você pensa que flertei com outra moça e passei a virada do ano acompanhado.
       Pouco depois que você saiu, eu poderia, sim, ter entornado vários drinques e me divertido com outra. Em vez disso, voltei para casa e passei a virada vendo televisão, olhando para o seu número gravado na minha agenda e pensando se seria muito atrevimento te deixar uma mensagem de feliz ano-novo.
        O tal do “escrevi, mas não tive coragem de enviar”.

3 de maio | Dia do Pau-brasil

Post para o Blog: O Dia Nacional do Pau-Brasil, celebrado em 3 de maio, é uma data para refletirmos sobre o legado ambiental e histórico des...