RPN | PROMETEU, TEM QUE CUMPRIR, MEIRELLES #deuruimpromengãomalvadão

 Que Edu Meirelles é flamenguista, todo mundo sabe. Que ele gosta de se gargantear e fazer apostas arriscadas, também. Mas, promessa é promessa, e quando dá ruim, o destino cobra sua parte.

O final feliz

    


     O final feliz é repleto de dias registrados com distintas caligrafias, de temporais nos finais de tarde, noites sem estrelas e manhãs agradáveis de sol. Ponto final de uma história, argumento de outra, utopia para os descrentes, distante para aqueles que deixaram de enxergar com o coração em virtude das sucessivas desilusões porque o sofrimento transforma bastante a percepção que alguém tem sobre qualquer que seja o assunto em pauta. 

    O que dirá de um amor, de um amor chega ao fim? Era amor ou apenas medo de ser gente grande? A busca incansável por uma utopia? Constantes ciclos repetitivos nos quais a fé diminui à medida que a ferida cresce de tamanho? O inalcançável desejo de quem apenas quer encontrar uma mão para segurar quando o mundo virar-lhe as costas?

    O argumento do amor está interligado com a verdade, ambos caminham de mãos dadas. Uma análise de consciência feita com sinceridade pode responder a essas (e outras) questões. O amor nasce num terreno fértil, que aceite as transformações que sobrevirão, que durante os mais duros obstáculos prevaleçam os valores edificantes. Esse amor perdura pela posteridade adentro, o restante não passa de brincadeiras de mau gosto, fazendo uso indevido do nome dele.

    A eternidade, sob esse viés, é tecida conforme as linhas avançam e preenchem páginas inteiras, assim também é com a estrutura que sustenta o que quatro mãos em consenso resolveram construir, cientes de todos os entraves que poderiam enfrentar durante o referido período. Se o amor for o alicerce do empreendimento, ressignificar será um vocábulo bastante popular para dois corações dispostos a recomeçarem, reatarem, realinharem, reconsiderarem, realizarem.

    Haverá o dia em que lágrimas cairão, quando o barco aportar, levando a pessoa amada embora. O amor não acaba no último beijo, no último abraço nem no último aceno, não enquanto for uma estrela a iluminar suas noites mais escuras. Do tamanho do horizonte, do céu, do universo, a grandeza fica a seu critério. Não é uma dor que se supere, mas se tolere, para manter acesa a chama do legado, porque o reencontro tem um momento certo para acontecer. 

    Já vi pessoas dizendo que “superaram amores” quando, na verdade, nunca amaram, nunca fariam nenhum sacrifício pelos rostinhos bonitos em quem dão match e descartam sem qualquer piedade ou empatia, posto que tabu hoje é se apaixonar, bacana é dar vácuo, seguir um monte de gurus que apenas querem enriquecer com dicas prontas, conteúdo suficiente para caber num livro onde a ilustração preencha o restante, haja um designer muito habilidoso para elaborar uma capa atraente, quando o amor não segue esses protocolos e haja vários modos de amar.

    No fim de um relacionamento abusivo, busca-se reconstruir a dignidade esfarelada, a confiança perdida, superar o trauma de sofrer humilhações, essa fase ruim da vida, mas extraindo dela os referentes aprendizados para se fortalecer. Superar um amor soa incoerente, seria o equivalente a rasgar centenas de páginas escritas com tanto esmero, queimá-las, guardá-las num canto qualquer amontoado de tranqueiras.

    Existe vida depois do final feliz. Existe final feliz enquanto há vida. Existe também a vontade de dizer que os compromissos mundanos delimitam as horas do dia, as estações do ano, as festividades e solenidades, mas não são hábeis para medir o amor em sua totalidade porque não há no mundo cálculo exato para encontrar um valor exato para a plenitude. Existe o meu texto, de quem acredita com todo o coração que a condição propícia para haver um final feliz é que haja um início, o restante, cada história no seu próprio ritmo, ajusta a cadência dos capítulos.

    As ondas quebram durante um solitário passeio pela orla, tantos momentos felizes reduzidos agora ao silêncio. Alguns diriam que a história não teve um final feliz porque uma das partes se foi, entretanto, é justamente nesse ponto dolorido que se encontra o equívoco: o fato de ter chegado ao fim não anula a felicidade vivida, as conquistas, os aprendizados, elementos esses que tornam uma história muito mais bela do que aquelas repletas de palavras rebuscadas.

    O corpo humano expira, quitação pelo grato empréstimo, entretanto, a alma que abrigamos enquanto terrenos, essa é imortal, portanto, o verdadeiro amor, esse dos finais felizes, evolui, transcende. Cumprida a missão, desafios maiores estão a caminho. Caso eu precise te lembrar, viver um final feliz foi um deles.


Curitiba, 7 de dezembro de 2020.

Chamada atual do Vinte Horas

Se você já acompanha este blog há muito tempo ou pelo menos já leu algo da Família RPN, sabe que o principal telejornal da emissora é o famigerado Vinte Horas. Hoje compartilho a primeira ideia de chamada institucional do noticiário fictício.

Malacubaca | É FESTA NA FAVELA E FORA DELA TAMBÉM 🏆

 Nota da autora: Parabéns, Flamengo. Hoje foi o dia de tirar aquele grito atravessado na garganta, viver altas emoções e ainda ter fôlego para amanhã. Não se esqueçam! Aos antis, sinto muito, mas eu sou Flamengo até morrer.

Chegou o dia mais esperado do ano: 23 de novembro, a grande final da Copa Libertadores entre Flamengo e River Plate. Após 38 anos, os rubro-negros quebram um jejum memorável, especialmente para as gerações mais jovens que não eram nascidas ou não tinham idade suficiente para lembrar as brilhantes atuações de Zico, Júnior e o grande elenco daquele inesquecível 1981.

(COISAS QUE VOCÊ SÓ VAI VER NA RPN) O CROSSOVER DA DÉCADA (spin-off especial)

Duas famílias nada convencionais estão prestes a se conhecer e viver uma experiência um tanto quanto inusitada. A proposta em si não é desconhecida no universo televisivo, no entanto, dessa vez não tem costa quente nem armação. Rubão garante que você não verá nada parecido na concorrência.
Antes da abertura do Programa do Rubão, sempre passa algum vídeo tosco e comentado pelo comunicador. 
— Olha o tipo do sujeito... — Rubão ri. — Olha... olha lá... Crise de riso. 
— O sujeito se ferrou...
Depois da abertura, o corpo de baile entra no estúdio ao som de Born to be alive — Patrick Hernández. Uirapuru entrega o microfone a Rubão, que saúda o público de casa. Ele costuma usar vestimentas extravagantes e fazer algum comentário sobre o assistente dele, para desanuviar o clima.
— Pessoal de casa, se a TV tivesse cheiro, vocês saberiam que o Uirapuru está apaixonado.
O homem cora.
— Que perfume, rapá. O Uirapuru tem essa cara de come quieto, mas é o maior pegador...
Uirapuru nega.
— O Uirapuru, depois do nosso ilustre Edu Meirelles, é o campeão de cartas aqui na RPN, arrasa corações. Esses dias, uma rapariga que não se identificou mandou uma calcinha...
A plateia cai no riso.
— Calcinha vermelha. De renda.
Rubão ri e Uirapuru devolve:
— É mentira dele, recebi nada não!
— Olha a responsa, Uirapuru. Sua admiradora secreta está te assistindo... deixa um recado para ela.
— Sacanagem, pô...
Rubão dá um tapinha nas costas do amigo e bagunça o cabelo dele:
— É brincadeira... O Uirapuru não pega nem resfriado...
— Assim também não, minha mulher está vendo o programa...
— Um beijo para você, D. Neusa. Não coloque o Uirapuru para dormir no sofá, não, ele só tem olhos para você...
Quem recebe cartas com calcinhas sensuais é Edu Meirelles, mas isso é assunto para outra ocasião.
— Boa tarde, Brasil! O Programa do Rubão está no ar comigo, o seu galã de todos os domingos... Aqui não tem desânimo, não, xará! Arranca essa carranca, que o Rubão chegou. Nem pense em trocar de canal! Hoje o Programa do Rubão promete... Se você perder, rapá, perdeu! Vai render assunto para a semana inteira. Eu recomendo que você pare o que estiver fazendo porque o programa de hoje, olha, até eu, que tenho experiência, que domino qualquer situação, estou impressionado. Você não viu nada parecido na concorrência. Vai ter cacetada, vai ter câmera escondida, nossa pausa pro futebol, nosso giro de notícias, mas...
Propositalmente, Rubão é cortado para ir ao ar um teaser do tal quadro misterioso.

— Eu sou linha dura mesmo! E com orgulho! Imponho respeito! Comigo, criança mal-educada entra nos eixos. — Apesar de Meire das Neves estar de costas, sua voz é reconhecível. — Nada que um sarrafo bem-dado no meio da cara não resolva. Não tem essa de criança mandar em pai e mãe, criança não tem querer, se quiser tem chicote, vara, cinto e pimenta-malagueta na boca, além de bicuda no traseiro.
— Ah, eu faço o que for pela minha família. Os meus eu defendo com unhas e dentes, boto a mão no fogo. Sou mãe coruja, sim, meus filhos são os mais bonitos, os mais inteligentes e, modéstia à parte, eu sou uma mãe maravilhosa. — Graça Cavicholo também não é mostrada pelas câmeras.
Corta para Rubão.
— Tô falando, não saia daí porque o programa de hoje promete... — anuncia Rubão, sensacionalista como só ele mesmo poderia ser. — Essa minha produção apronta cada uma... bateu ou não bateu uma curiosidade básica? Fala para mim, vai...

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Meire das Neves é apresentada ao público. Foram colhidas imagens dela trabalhando em casa.
— Sou a Meire, mãe da Tita, mãe linha dura, das antigas, mãe que impõe respeito. Comigo, tem que andar na linha senão o bicho pega.
Meire confere o dever de casa de Tita, à noite desliga a televisão quando se supõe que já seja tarde demais para uma criança estar acordada.
— Educar os filhos não é para qualquer um e eu acredito que não estou falhando nessa missão. Criança precisa aprender a respeitar autoridade, ter disciplina, engajamento, não está certo esse negócio de filho mandar em pai, criança respondona tem que ser colocada no devido lugar.
Meire veste a jaqueta de tactel e Tita coloca a mochila nas costas para juntas irem até o carro. Como a garota está uniformizada, entende-se que será levada até o colégio pela progenitora.
— É, a Tita está naquela fase complicada de aborrescência, de querer ficar no quarto, de esconder tudo de mim, mas no geral, eu acredito que minha criação está sendo excelente. Eu coloco ordem, ela obedece e podemos nos considerar uma família feliz e estruturada. — Ela balança a cabeça com os olhos arregalados. — Ah, não. Bagunça é inadmissível! Cai dedo, lavar a louça que sujou e guardar no lugar? Porque pra jogar videogame e fritar o cérebro por horas a fio o dedinho está bem que é uma beleza, nunca vi igual... eu não entendo o que esses jovens tanto veem nesses videogames..., sim, é verdade que hoje em dia já não é mais que nem no nosso tempo em que a molecada podia brincar na rua, mas eu não deixo filha minha brincar na rua, sei a criação que estou dando e não quero que corrompam a Tita... não dá... não dá mesmo... ser mãe hoje em dia é pra quem tem o coração forte porque o mundo, que nunca foi lá tão bonito, está a cada dia pior... mas quem se importa? Os governantes só pensam em si, falam, falam, mas não dizem nada. No fundo, só querem mesmo é o nosso dinheirinho suado e se perpetuarem no poder com essa conversa de acabar com a corrupção. Acaba coisa nenhuma. Todo mundo rouba. Não tem santo, não. Eu não voto em pilantra nenhum, para se ter uma ideia, eu não torço para o Brasil nem em copa do mundo. Não sou mulher que se dobra fácil e sei que minha filha deve me admirar mais do que tudo no mundo.

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É mostrada a fachada de um simpático prédio residencial do outro lado da cidade onde vive a fofoqueira Graça Cavicholo. Numa tomada ela está ajeitando o topete de Renan, seu filho mais novo, e beijando a testa de Isabella, sua neta. Em outra passagem, a família Cavicholo está degustando uma refeição e Fabíola, a primogênita e mãe de Isabella, até usa o guardanapo de pano para causar uma boa impressão.
— Ah, minha família é tudo para mim.
Vários álbuns de fotografias estão espalhados pela mesinha de centro e Graça os folheia enquanto fala sobre os dois filhos e a neta.
— A Fabíola, minha querida Fabi, sofreu um grande golpe da vida e foi mãe muito cedo, o Otto e eu não esperávamos ser avós assim tão cedo, pois apostávamos todas as nossas fichas de que nossa Fabi seria doutora ou então se casaria com um médico, mas a Isa foi um presente de Deus e uma família com F maiúsculo se apoia em todos os momentos. A Isa veio ao mundo para compensar os anos de sofrimento e tristeza que os Cavicholos passaram depois que o meu sogro, o pai do Otto, morreu, e tudo que restou foi esse prédio onde moramos. Somos donos, mas com o que ganhamos com os aluguéis está quase difícil de sobreviver, e esse desemprego... a pobre Fabíola até tenta arranjar ocupação, mas só ouve não... eles querem quem tem experiência, mas como ela vai ter experiência se não dão oportunidade? Meu pobre Otto sofreu um acidente de trabalho e está aposentado por invalidez, faz um bico aqui, outro lá, o danado até tem uns tostões para sobreviver, mas ficar parado em casa não é a praia dele. Ah, meu Renan, meu Renan é um comunicador nato, é o melhor aluno de toda a escola, tem um carisma sem fim que faz a meninada cair de amores por ele, mas focado como é, só quer saber de estudar, quer ser bombeiro esse piá, sem falar que é meu companheiro de novela, a gente assiste a todas as novelas. Os Cavicholos são muito noveleiros. Final de novela é final de copa do mundo: a gente prepara aperitivos, bebidinhas e até o coração. Na hora da novela pode estar caindo o maior toró, o mundo acabando, eu detesto ser perturbada.

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Corta para Rubão, que esfrega as mãos.
— Essas duas mães não se conhecem, não sabem uma da outra, nem imaginam o que nossa produção armou para cima delas... não, você não pode perder essa.
Rei da enrolação, Rubão chama o intervalo comercial, depois faz um giro de notícias, tudo para manter a audiência lá nas alturas.
— Essas duas mães estão prestes a trocar de lugar uma com a outra... — narra Rubão quando a matéria que apresenta as mães ao público volta a ser exibida dentro do programa. — Essas mães nem imaginam que estão sendo entrevistadas pela RPN para participarem desse quadro do nosso programa, elas acham que a matéria sairá em algum noticiário...
Rubão dá uma risadinha fina e sussurra: 
— Vamos ver como elas irão reagir quando souberem...

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Meire a princípio não reage muito bem, pois estar no controle de tudo lhe dá a sensação de segurança que na realidade nunca teve, embora seu zelo acabe por sufocar Tita.
— Um fundo para a faculdade da minha filha? Desejo que a Renata entre numa federal, mas a gente sabe que a concorrência é grande e muito desleal. Filha minha, haverá de ser alguém na vida sem depender de homem. Eu não quero que minha filha dependa do casamento para ser alguém na vida. Na realidade, não importa. Quem faz o profissional é ele mesmo, não é? Também acredito que será uma experiência enriquecedora colocar ordem em outras casas e adotar meu sistema disciplinar que, modéstia à parte, é um sucesso absoluto. Topo esse desafio com a certeza de sair dele fortalecida.

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No apartamento dos Cavicholos, choradeira total.
— Ficar longe dos meus pimpolhos? Mas quem vai cuidar deles? — Graça chora. — Eu não suporto ficar nem um dia longe dos meus pimpolhos, mas se eu ganhar essa bolada de dinheiro, quero ajudar a Fabi a abrir um negócio próprio. A coitadinha precisa de um apoio financeiro para trazer o pão de cada dia para casa, mas vai ser um sacrifício para mim... 
A fofoqueira gesticula, dramática como só ela poderia ser.
— Uma mãe é capaz dos sacrifícios mais extraordinários pela felicidade de um filho, portanto, lá vou eu, para um lar desconhecido, com pessoas desconhecidas, abrir as portas da minha mansão para uma desconhecida tomar conta dos meus filhos, mas, por amor, eu poderia muito mais!..
Graça assoa o nariz.
— Desculpa, mas não posso conter a emoção. Sou de câncer, a matriarca da família. Não faço a menor ideia de como será passar tanto tempo sem contato com meus pimpolhos, sem saber o que se passa aqui. Pensando nisso, escrevi uma lista de tudo que considero essencial para a outra mãe saber sobre os meus pimpolhos.
Graça prega uma lista na geladeira.
— Com essa lista, a desconhecida poderá se adaptar mais depressa ao ritmo dos Cavicholos. Agora, se me permitem, preciso contar essa triste notícia aos herdeiros!

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Rubão interrompe a matéria.
— E isso é só o começo! Mas o Programa do Rubão fará uma pausa para o futebol e voltará em seguida com essa e muitas outras atrações para espantar a carranca do seu rosto...

RPN | A SAIDEIRA É POR CONTA DO MEIRELLES

 

Mascote da RPN veste o manto rubro-negro (Reprodução: criação pessoal da Mary)

É a primeira vez que um vídeo motivacional da Lulu não dá zica. Sim, ela preparou um vídeo especial para motivar o Flamengo a voltar a uma final de Libertadores após 38 anos — motivo de alegria para qualquer flamenguista que se preze e para esta flamenguista que os escreve.

3 de maio | Dia do Pau-brasil

Post para o Blog: O Dia Nacional do Pau-Brasil, celebrado em 3 de maio, é uma data para refletirmos sobre o legado ambiental e histórico des...