Editorial WNBM | Sobre não caber no molde que me venderam

O nível da prova do vestibular deste ano está visivelmente mais alto do que nos anos anteriores. Não me saí tão bem quanto gostaria — reconheço que não me preparei como deveria. Estou focada em outras prioridades que, neste momento, parecem tão urgentes quanto meu sonho.

É claro que fico triste. Ver o sonho adiado por mais um ano não é fácil. Mas, mesmo frustrada, sei que não é o fim da linha. Não é uma prova difícil que vai definir quem eu sou, nem invalidar meus talentos ou minha paixão. E é isso que quero dizer a todos os amigos, leitores e visitantes ocasionais que passam por aqui: a vida continua, e o nosso valor como pessoas não cabe dentro de um gabarito.

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Mas não foi para isso que eu vim cedo postar.

Hoje descobri que o que sentia, lendo certas revistas na adolescência, era um sentimento comum entre muitas garotas. Nós perdemos nossa adolescência nos odiando por não sermos perfeitas como as artistas teen, nem como aquelas meninas escolhidas a dedo — ricas, magras, de cabelo liso, com namorado e populares na escola e nas redes sociais.

Eu olhava para a minha vida, cheia de inseguranças e dificuldades, e me odiava por não ter o corpo esguio, por não ter tantos amigos, por ainda ser virgem aos 16 anos. Me odiava profundamente.

Uma das razões de eu ter declarado guerra contra o meu próprio corpo foi essa cultura disfarçada de entretenimento, que, sob o verniz de "dicas de autoestima", banalizava tudo e manipulava milhares de meninas a acreditarem que elas não eram especiais, que elas não eram suficientes.

Hoje, com mais clareza, eu repudio essa lógica.


De quinzena em quinzena, lá está ela, a revista, sempre trazendo na capa um rosto conhecido — seja de um carinha de banda ou de uma artista teen cujo rosto parece um filtro digital. 

A ideia é simples: você deve admirar aquelas figuras, rir das piadas de um bando de garotos bonitos que não trazem nada além de uma estética que segue o fluxo. A revista impõe uma definição de beleza que acaba se tornando a referência para tudo o que você deve ser.

Mas, e quem disse que beleza define caráter? Ou que o ideal de perfeição apresentado ali é o único caminho?

Ao folhear, você se depara com dicas de moda que te forçam a se encaixar em um molde estreito. Não pode usar tal cor, não pode ter tal formato de corpo, precisa seguir certas normas para se encaixar nos padrões. Em meio a essa pressão silenciosa, você aprende que ser aceita tem um preço — é preciso estar dentro de um padrão estético e comportamental que parece ser o único modelo possível de vida. Mas será que isso é realmente o que te define?

Essas imposições de padrões, embora não intencionadas de forma explícita, acabam moldando mais do que apenas a nossa aparência. Elas interferem no desenvolvimento de um pensamento mais crítico e limitam as escolhas, criando uma visão de mundo estreita, onde o valor da pessoa é medido de acordo com sua aderência a esses padrões.

A grande questão é: até que ponto somos responsáveis por nos libertar desses moldes e buscar uma autêntica construção de identidade, sem a pressão de se encaixar em um ideal pré-definido?

Sempre esteve escancarado para quem quisesse enxergar: a tal revista, mesmo alcançando milhares de leitoras, nunca falou para todas. Seu editorial foi, desde sempre, voltado para um mundo idealizado, pasteurizado, onde 95% das meninas — reais, imperfeitas, diversas — nunca tiveram espaço. Sempre venderam um padrão inalcançável de beleza, comportamento e sucesso, travestido de inspiração, mas carregado de exclusão silenciosa.

E agora, diante da polêmica da vez, vemos mais do mesmo: o post compartilhado no Facebook foi grosseiramente tirado de contexto. Uma atitude oportunista, alimentada por interesses pessoais, por quem busca promoção fácil às custas da indignação alheia. Quem leu ao menos uma vez a revista sabe que há uma coluna dedicada ao humor, à sátira, à crítica ácida — e que o colunista, como sempre, mirava na contradição e no exagero, não no ataque gratuito.

O pior é que esse tipo de abordagem dita “feminista”, agressiva e desinformada, apenas reforça os estereótipos que deveríamos combater. Alimenta a imagem da mulher amarga, frustrada, intolerante e odiosa. Torna qualquer crítica legítima refém da caricatura. 

Quando a discussão verdadeira deveria ser outra: não a caça às bruxas, mas sim a cobrança por um editorial que consiga conciliar sua marca registrada — o humor, a leveza — com mais representatividade e inclusão. Era para ter sido uma conversa sobre ampliar vozes, e não sobre cancelar narrativas.

O verdadeiro problema nunca foi apenas a revista. O problema é a falta de leitura crítica. É a incapacidade — ou talvez a má vontade — de diferenciar o que é sátira do que é ataque, o que é inspiração do que é imposição. Sem essa consciência, continuamos a oscilar entre o consumo cego e a destruição burra — e em nenhum dos dois casos avançamos de verdade.

Simplesmente Tita — 14⁰ Capítulo

 

Dos tempos do WNBM | Sei que não sou e nunca mais serei a mesma de antes


Você já notou como começamos o ano de um jeito e terminamos de outro, totalmente transformados? Mudamos nossa playlist, nossos hábitos, trajetos, e até nossos círculos de amizade. Alguém chega, alguém vai embora, outros decepcionam… Cortamos o cabelo, ajustamos nossos padrões de pensamento. E mesmo assim, há coisas que permanecem intocáveis — como a vontade de ser cada vez melhor no que fazemos.

As dificuldades estão sempre por perto, nos testando, desafiando nossa coragem e nos provocando a transformar medo em superação. Elas aparecem em momentos decisivos, como naquele processo seletivo que pode determinar o futuro. O frio na barriga, a sensação de que nunca há tempo suficiente, aquele medo indomável do desconhecido… E lá vem o famoso “branco” na hora da prova — a mente travada, enquanto o coração dispara. Mas, apesar disso, seguimos.

Penso na jornada que já enfrentei: nasci saudável, enfrentei as complicações da matemática, venci os logaritmos, a trigonometria, os sistemas lineares… Superar essas barreiras foi difícil, mas nada é pior que um coração partido. No entanto, cada etapa deixa marcas. E hoje, percebo que não preciso saber de tudo, nem tudo é possível. O que importa é ser melhor do que fui ontem, abraçar as lições, e fazer aquilo que antes achei impossível.

Quantas vezes já me vi parada, negando sentimentos por medo do que os outros diriam. Quantas vezes deixei de ser eu mesma para agradar expectativas irreais, até me perder. O início desse ano foi repleto de mágoas: estava com raiva da minha essência, daquilo que havia feito. Ao reconhecer essa dor, percebi: eu não posso mudar os outros, mas posso ser a mudança. Então fui.

Hoje, um vestibular é somente isso: uma prova. Não permitirei que ela defina meu valor ou diga que meus sonhos não são possíveis. Sei que muitos se inscrevem por status, mas minha luta é movida por amor e vocação. Estou aqui para alcançar as estrelas — e digo isso também aos outros guerreiros que enfrentam batalhas: não desistam. As dificuldades não são o fim; elas fortalecem quem tem coragem.

Sei que jamais serei a mesma de antes. Se essa mudança foi para melhor ou pior, o tempo dirá. No entanto, estou em busca da felicidade, do bem-estar, e das realizações que nunca precisarão arrancar lágrimas de ninguém. E sei que irei longe.

A redação do Enem (BY BETINHO) #4

Betinho fala agora sobre o que ele acha da espionagem do governo americano. Se liga que é uma redação digna de fazer os corretores chorarem...

Esse lance de espionagem é uma coisa muito desagradável. A Dilma estava sendo espionada, então o Obama sabe de coisas que nós nem imaginamos, mas ele vê tudo, tudinho mesmo? Caramba, minha nossa! 
Pô Obama, eu não aprendi a falar inglês direito e o que sei foram os videogames que me ensinaram, mas estou precisando de uma ajudinha sua porque meu vestibular é no domingo que vem e eu preciso muito das respostas pra não ter que fazer cursinho de novo. Manda o gabarito inbox no meu facebook. Não passarei nem pra minha mãe.
Tenha pena de mim Obama. Eu sou um cara trabalhador, dedicado, esforçado. Meu pai jurou que esse é o último ano que eu faço cursinho, cara. Já to há 12 anos tentando, cara. Desde o ano do 11 de setembro, não aguento mais todo mundo rindo de mim e me tachando de burro, folgado, parasita porque isso é uma grande calúnia contra mim. Quero calar a boca daquele cavalo-marinho que é a comadre da minha mãe que fica me chamando de vagabundo e falando que rockstar não é profissão de verdade. Me ajuda, Obama. Eu torci por você na última eleição e voto na Dilma se ela criar o Bolsa Vestiba. Olha que ideia bacana, cara. Pensa comigo: o vestibulando precisa de um incentivo e nada como uma bolsa mensal no valor de um salário mínimo durante o tempo em que a pessoa prestar vestibular. Eu tenho direito a 12 anos corrigidos com os juros daquela época que eram bem altos. Somando tudo, eu poderia pagar um ano de cursinho, caso eu não passe. Preciso pensar no futuro e no futuro das próximas gerações. 
O Enem ta cada vez pior, a gente tem que torcer pros caras postarem o foto da prova no Instagram ou se atrasarem pra gente ter chance de conseguir vaga. Zeraram minha redação algumas vezes. Conversa aí com a Dilma, faz uma chantagem pra ela liberar o gabarito, por favor. Eu voto em você na próxima eleição, levo seu cachorro pra passear, fico uma semana sem ver Bob Esponja, o que for, mas preciso desse gabarito porque um rockstar como eu é incompreendido nesse mundo e dá até medo de fazer um vídeo com a minha música e o Latino copiar.
Obama, tenha pena de mim. Sou um pobre trabalhador, honrado, olha por mim, se coloca no meu lugar e eu voto em você na próxima eleição, aí você pode meus vídeos e minhas conversas privadas antes de todo mundo. Beleza, cara? Assim é que se fala.
E quanto a espionagem, faz uma chantagem, diz que você tem uns vídeos comprometedores, do Feliciano dançando Selena Gomez em frente ao espelho do gabinete dele. Nada como meter medo, né? Precisando de dicas, to sempre online, é só me chamar. Com carinho, Betinho, um cara que precisa dos 1000 pontos e da vaga. Não sou do mal, mas estou torcendo pra que muita gente tenha se atrasado hoje.

#ObamaVenhaProEsquentaDaAprovação
#LiberaOGabarito
#ObamaSóAprendiInglêsPeloVideogame
#DilmaSacana

Editorial OCDM | O crime de envelhecer sendo mulher e boa escritora

  “A juventude é um aplauso fácil. A maturidade, um silêncio cheio de medo.” – fragmento retirado de um diário anônimo (ou quase) 📺 Editori...