Tenho um caso de amor com ilustrações e nunca imaginei depois de adulta que voltaria a gostar tanto de HQs. Boa sorte, da mesma autora, me marcou bastante.
Tenho um caso de amor com ilustrações e nunca imaginei depois de adulta que voltaria a gostar tanto de HQs. Boa sorte, da mesma autora, me marcou bastante.
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Não entendo o que passa na mente de uma pessoa que escolhe ser professora e não se esforça o mínimo para demonstrar algum indício de humanidade. |
23 de abril de 2002
Agora que Andréa e Rogério não se desgrudam, tenho conversado muito com a Priscila porque ela é das minhas, ama escrever e fazer novas amizades, sem contar que mesmo não passando todos os intervalos grudadas, somos boas amigas.
No comecinho do ano estranhei um detalhe: o Dico e a Júlia já a conheciam. A explicação é simples: Pri era a única amiga da Deh no primário e saiu do colégio na quinta série, cursando todo o ginásio numa instituição religiosa — a família dela é protestante —, porém não gostava de lá. As pessoas eram maldosas, rolava muita fofoca, mentira, falsidade e, assim como eu, lutou pacas para passar no teste.
“Passei raspando, mas passei…”, brinca ela.
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Vamos matar a saudade da Noviça? Sim ou com certeza? |
Noviça descobriu uma nova rede social onde pode publicar uma thread atrás da outra e contar sobre a vida amorosa para milhares de seguidores, o que despertou uma profunda nostalgia dos primeiros anos do Twitter, das comunidades do Orkut e das altas indiretas para o crush no subnick do MSN, até dos tunisianos que a cutucavam no Facebook.
No momento, nossa eterna diva faz mistério sobre o possível novo crush, mas garante estar radiante e esperançosa de que desta vez é para valer. Jaqueline já está bastante acostumada às paixonites da mãe e decide chamá-la para um café para colocar as conversas em dia.
Embora não seja a melhor pessoa para se confiar um segredo, Noviça vive suspirando, distraída (mais do que o normal), sorrindo à toa e por isso mesmo Jaqueline quer saber quem é o felizardo, se ele seria o Edu Meirelles, ao que a diva desconversa.
— Oh, já superei o Meirelles faz tempo. Não tem como competir com o Flamengo.
Deslocamento — Um diário de viagem, uma HQ autobiográfica de Lucy Kinsley, narra uma viagem feita pela autora e pelos avós dela em um cruzeiro no Caribe. As ilustrações são um espetáculo à parte, tanto quanto a oportunidade de acompanhar trechos do diário do avô de Lucy, que foi piloto na Segunda Guerra Mundial.
5 de abril de 2002.
Descobri algo que pode comprometer o encontro da Deh com o último romântico. Sem querer, ouvi uma conversa do Rodrigo e do Ricardo, que são muito amigos.
“É, mano. O tempo está passando. Acredita que o Rogério, que mal saiu das fraldas, já está gamado numa mina?”
“Já? Quantos anos ele tem?”
“O pirralho fez 13 no mês passado. Foi lá no boliche e voltou todo bobo, nas nuvens. Até aí, nada de errado, mas quando ele me mostrou a mina, pensa na cilada: a mina é um tribufu!”
“Que menina não é um tribufu na sua opinião?”
“Também não sou nenhum machista, mano. Só pego mina bonita, mas o Rogério, pelo visto, gosta de mina feia porque não tem concorrência. Pior, pior ainda: ele está me convencendo a acompanhá-lo no tal encontro. Na certa, ela vai trazer uma amiga que deve ser outro tribufu, as duas desesperadas para perder o BV de qualquer jeito.”
“Às vezes eu desconfio que você não gosta de mulher, não.”
“Ih, está me estranhando, é?”
“Você é pior do que mulher invejosa, depois reclama que não tem ninguém. Só coloca defeito nas minas.”
“Menina feia não rola, desculpa.”
Será que o Ricardo desconfia de que o irmão mais novo está gamado na Deh e a amiga dela sou eu?
Rodrigo, pelo que entendi, é BV. Em partes porque diz ter vocação para o sacerdócio e porque a D. Arlete é mãe linha-dura, não como a minha, claro, mas sabe castigar quando ele apronta e tem ensinado bons valores a ele, que, apesar de ser meio palhaço, trata todas as meninas com educação, por isso alguns energúmenos o acusam de ser gay, como se educação e cavalheirismo suprimisse a tal masculinidade. Nunca o vi chamar alguma guria de feia.
Deh está insegura com o corpo, não sabe o que vestir e teme ser rejeitada pelo pretendente quando ele a vir no shopping. As luzes da matinê não eram tão escuras, dava muito bem para ver a pessoa. E o último romântico gostou do que viu, não deveria ser tão inacreditável assim.
Aquilo que vivi no passado foi um sonho bom, um descanso na dor. Duvido que outro piá venha a se apaixonar por mim daquele jeito de novo; eu também não julgo ser capaz de me apaixonar outra vez. Prefiro não pensar muito nesse assunto para não chorar.
Post para o Blog: O Dia Nacional do Pau-Brasil, celebrado em 3 de maio, é uma data para refletirmos sobre o legado ambiental e histórico des...